Cidades

Policiais civis do Distrito Federal devem encerrar paralisação hoje

Flávia Maia
postado em 20/10/2011 08:05
A greve dos agentes penitenciários do Distrito Federal, de braços cruzados desde o último dia 6, prejudicou ontem cerca de 700 familiares de presos, que tiveram de remarcar a visita no Complexo Penitenciário da Papuda, em São Sebastião. Muitos dos parentes eram mulheres com crianças de colo, que foram até o presídio e acabaram esperando, em vão, sob forte chuva. Além dos agentes, que permanecem em greve, a segurança pública do DF ficou prejudicada também, nos últimos três dias, por conta da paralisação da Polícia Civil.

Hoje, os policiais devem encerrar o movimento. A expectativa é de que pelo menos os serviços nas delegacias sejam normalizados. Eles cobram o cumprimento do acordo estabelecido entre a corporação e o governo em abril deste ano, que prevê aumento do efetivo, plano de saúde e reposição dos salários com base na inflação, entre outros itens. Segundo o diretor do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), André Rizzo, a categoria não recebe aumento há três anos e a última contratação de profissionais ocorreu em 1993. ;Nossos ganhos podem ser os melhores do país, mas eles têm que ser nivelados por cima e não por baixo;, destacou.

O sistema prisional também tenta resolver um impasse. O Sinpol e a Associação dos Agentes Penitenciários (Agepen) correm contra o tempo em busca de anular os efeitos da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que, na última sexta-feira, determinou o retorno dos agentes penitenciários da Polícia Civil ; remanejados para delegacias ; aos presídios em até cinco dias. ;A saída dos agentes das delegacias vai deixar o serviço prejudicado e acarretará em pelo menos três divisões de polícia fechadas;, anunciou Marcele Alcântara de Almeida, presidente da Agepen.

Centenas de parentes, a maioria mulheres, ficaram horas debaixo de chuva sem poder entrar na penitenciária: muitos protestaram com gritos e vaias

Reivindicação
Ao mesmo tempo, os agentes penitenciários do DF, ligados à Secretaria de Segurança Pública, permanecem em greve. Segundo o Sindicato dos Agentes das Atividades Penitenciárias (Sindpen), a categoria reivindica aumento de 120% para ter os salários equiparados aos dos agentes penitenciários da Polícia Civil do DF. Hoje, a categoria ganha, em média, R$ 3,5 mil, enquanto seus pares da Polícia Civil recebem R$ 7,5 mil iniciais.

Ontem, mães, filhos e esposas de presos não puderam visitar os familiares por causa da greve dos agentes em atividade penitenciária e da paralisação de três dias da Polícia Civil do DF. Com a negativa, algumas pessoas foram embora, outras resolveram protestar com gritos e vaias, mesmo sob muita chuva. Os familiares também colocaram tocos de madeira para impedir a passagem de veículos e davam murros nos carros da polícia que entravam e saíam do presídio. A manifestação começou de madrugada e terminou às 13h30, quando os familiares receberam a notícia da deputada Érika Kokay (PT-DF) de que não poderiam entrar, mas que um novo horário de visita seria agendado conforme a decisão da assembleia dos agentes.

Os familiares alegavam que não foram comunicados de que a visita seria suspensa e acabaram perdendo a viagem até a Papuda. Outros reclamavam que, como quarta-feira é o dia pré-estabelecido, a folga estava agendada com os patrões. ;Agora só posso ver meu marido daqui a 15 dias;, reclamou Taíse Medeiros da Silva, 20 anos. A balconista saiu de Sobradinho às 4h para chegar cedo à Papuda. ;Sei que ele errou, mas tem direito de receber as pessoas que o amam;, lamentou a doméstica Josenilde Silva, 30, que estava desde as 2h na porta do presídio.

A preocupação das famílias era que os presos se rebelassem por causa da falta da visita. Na porta, surgiam informações desencontradas de que um motim estaria acontecendo. Para conter possível revolta dos detentos, o responsável pelo comando de greve, Paulo Rogério, explicou que todos os agentes penitenciários trabalharam e a tranquilidade foi mantida na Papuda.

Entorno
Como se não bastassem as paralisações de agentes de segurança no DF, a Polícia Civil de Goiás decidiu entrar em greve. A partir de amanhã, só serão registrados flagrantes ou crimes graves como homicídio, latrocínio, estupros e acidentes de trânsito com morte.

Visitas em negociação
A 2; Vara de Fazenda Pública considerou, no último dia 7, a greve dos agentes ilegal. Ontem, o Judiciário propôs conciliação aos agentes no sentido de que sejam garantidas as visitas aos internos na quinta-feira próxima, transferindo as visitas não realizadas ontem para a próxima segunda-feira. As de hoje serão feitas normalmente, segundo o responsável pelo comando de greve do Sindpen, Paulo Rogério. As da próxima segunda ainda não foram aprovadas e estão condicionadas aos avanços da negociação desta sexta-feira com GDF, Poder Judiciário e OAB. A audiência de conciliação está marcada para as 14h30.

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