Cidades

DF atrai marcas internacionais de joias e se consolida como polo consumidor

postado em 22/10/2011 08:00
Com apenas três unidades no país, a Tiffany. abriu, esta semana, loja no DF

Em franca expansão, o mercado de joias da capital federal é hoje o terceiro do país. Atualmente, perde apenas para São Paulo e para o Rio de Janeiro. Além das pedras preciosas, do ouro e da prata, os brasilienses têm interesse especial pelo design. Atentos às tendências e, principalmente, ao nome do artista que assina as peças, os compradores locais foram responsáveis por elevar o volume de vendas o suficiente para ultrapassar a comercialização de cidades como Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, que, durante muitos anos, disputaram a terceira posição no ranking das mais importantes para o setor.

A posição de destaque é mantida há um ano, um dos motivos que atraem grandes redes para o DF. Na quinta-feira, por exemplo, abriu as portas, no shopping Iguatemi Brasília, a loja da Tiffany., ícone das marcas de luxo no mundo. A joalheria, criada em 1837 nos Estados Unidos, tinha, até o início da semana, apenas duas lojas no Brasil, ambas instaladas na capital paulista.

Durante a inauguração, o vice-presidente da Tiffany. para América Latina, Luciano Rodembusch, explicou que a escolha da praça está relacionada não apenas com o potencial econômico do público consumidor, mas com a capacidade de as pessoas apreciarem as peças. ;Nós vamos oferecer aqui o que temos de melhor e também o que há de mais acessível. Ainda que seja difícil conseguir dados oficiais deste mercado, nossa expectativa é muito boa.;

Hécliton Santini Henriques, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos, explica que o segmento vem crescendo ano a ano. ;Artigos de luxo, de grandes grifes, têm muita saída em Brasília, mas também há espaço para joalherias que atendem as classes B e C, que registram procura crescente;, diz. Segundo Henriques, não há números oficiais sobre o valor movimentado pelo mercado de joias no país. Por isso, as análises são feitas a partir de sondagens com os associados. ;Sabemos que, nos últimos 10 anos, o consumo em Brasília dobrou e, apesar de entrarem na cidade muitos produtos do exterior, principalmente chineses, temos uma produção própria, de designers locais, que estimo serem mais de 50;, afirma.

Concorrência
Denise Ascher Freund, diretora de Marketing da Pandora, outra marca internacional recém-chegada à capital, conta já ter percebido a tendência dos desejos das brasilienses. ;A nossa marca é dinamarquesa e conhecida mundialmente pelos braceletes com berloques (pingentes) que representam momentos especiais. Em São Paulo, as pessoas começam a coleção com cinco peças, mas, aqui, já querem a pulseira cheia, com 20. Preferencialmente, de ouro;, explica.

A designer brasiliense Carla Amorim nota outra característica peculiar nos clientes da cidade. ;Em geral, são as mulheres que compram o ano todo e sempre parcelam. Os homens, por outro lado, gastam apenas em ocasiões especiais e, em geral, pagam à vista.; Segundo ela, o mercado está melhor porque as peças estão mais acessíveis. ;Hoje, é possível adquirir uma joia pelo preço de uma roupa;, garante.

Entre as empresas mais antigas, o consenso é de que a concorrência das novas marcas não fará sombra nas já consolidadas. ;O público é o mesmo. Claro que a novidade pode atrair as pessoas, mas, no decorrer do tempo, as coisas se adequam e há lugar para todos;, acredita a designer Estela Guerra. Para a H.Stern, conhecida do público brasiliense desde a década de 1970, as vendas continuam em uma crescente. Christian Hallot, embaixador da marca, diz que a clientela da cidade está constantemente adquirindo novos acessórios graças à intensa agenda de eventos sociais que ocorrem na cidade. ;São recepções, festas e comemorações para as datas nacionais de mais de 180 países. Todas são oportunidades para trocar as joias, as bolsas, as roupas e por aí vai.;

Alternativa
Para driblar a crise internacional, que fez subir o preço da matéria-prima das jóias, a alternativa é investir no desenho e no impacto visual. Segundo Hécliton Santini Henriques, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos, a procura por design cresceu nos últimos anos. ;São peças mais leves, que usam menos ouro e são tão bonitas quanto.; O peso dos impostos, no entanto, é visto de forma negativa pelos empresários do setor. A cada R$ 100 de uma peça vendida em Brasília, R$ 42 são gastos com carga tributária.

Três perguntas para - Luciano Rodembusch
Vice-presidente da Tiffany. para América Latina

Apesar da crise no mercado internacional, a empresa continua crescendo. É possível mensurar o aumento das vendas no país?
A empresa não publica os números para cada país, mas nós divulgamos, recentemente, o resultado do segundo trimestre do ano. Tivemos um crescimento de 30% e sabemos que o Brasil está alinhado com isso.

A queda nas vendas afetou, de alguma forma, os preços praticados?
Nosso preço é o justo. Quando os insumos sobem, temos de rapassar, mas nossos números mostram que os clientes sabem responder à altura. Estamos em um momento muito entranho no mundo, mas a empresa tem 175 anos, já passou por crises piores e continua aqui. Quem compra uma joia nossa sabe que ela vai ficar na família por gerações.

A produção é feita no Brasil?
Nós produzimos nos Estados Unidos e trazemos as jóias para cá. Temos tantas peças únicas que refrescamos nossas coleções mensalmente, o que possuímos no estoque não cabe na loja. Nenhum outro joalheiro trabalha assim. Posso dizer que, assim como teremos peças mais caras aqui, outras devem custar a metade do preço. Mesmo quando houver diferença, seremos competitivos.

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