Cidades

Quadras poliesportivas do DF apresentam problemas como buracos e rachaduras

Antonio Temóteo
postado em 23/10/2011 08:00
315 Norte - Professor e alunos que praticam aulas de futsal na quadra reclamam da má conservação do local, que limita as atividades esportivas

Sede de sete jogos da Copa do Mundo de 2014 e forte candidata às Olimpíadas Universitárias em 2017, o Distrito Federal evidencia o desleixo com as quadras poliesportivas. O Correio visitou 22 espaços para a prática de esportes no Plano Piloto, em Taguatinga, no Cruzeiro, no Núcleo Bandeirante e no Guará. Constatou que todas as áreas de lazer estão abandonadas e precisam de reparos. Há alambrados furados, pisos rachados e esburacados, traves de futebol empenadas e tabelas e cestas de basquete arrebentadas.

Além do descaso público, a própria comunidade tem contribuído para a deterioração dos espaços. Na 105 Norte, a quadra se transformou em uma extensão do estacionamento dos blocos, além de área para depósito de areia, lixo e entulho. No local, não há traves ou tabelas. As grades estão quebradas, e plantas crescem no piso. A bancária Marli Martins, 34 anos, mora na superquadra e admite que o lugar virou abrigo de carros. ;Me mudei para um apartamento na 105 Norte há quatros anos e, desde então, a área é usada dessa forma. É uma falta de consciência dos moradores;, avaliou.

A carência de estrutura também é comum na 206 Norte. A área esportiva está sem uma das cestas de basquete. O piso encontra-se rachado e sem pintura. E os alambrados revelam rombos. O estudante Lucas Souza, 18 anos, costuma jogar futebol com os amigos na quadra. Segundo Souza, mesmo em condições precárias, o espaço é um dos mais bem conservados na Asa Norte. Morador de Santa Maria, o jovem acredita que falta interesse do governo em melhorar a infraestrutura das áreas públicas de lazer do DF. ;O investimento nas quadras é inexistente;, afirmou.

Para Natan Caldas Barros, 16 anos, a solução para o descaso seria o investimento em manutenção. O garoto avalia que não só os apreciadores do futebol, mas também os amantes do basquete perdem com a falta de infraestrutura. Morador da Asa Norte, ele espera que essa realidade mude com a chegada de grandes eventos esportivos no DF. ;Tenho vários talentos esportivos escondidos que poderiam ser encontrados se as quadras públicas funcionassem;, alertou.

Há 18 anos, o professor de educação física Francisco Damião oferece aulas de futsal na quadra de esportes da 315 Norte. Chicão, como é conhecido, reclama que os buracos e as rachaduras no piso limitam as atividades, além de serem um perigo. Para evitar quedas e traumas, a maioria dos exercícios são feitos apenas na metade do espaço. O educador também dá aulas na 416 Norte e na 209 Norte. Segundo ele, a situação também é precária em ambos os locais. ;Organizei um torneio para ex-alunos, mas tivemos que jogar em outro local porque a quadra da 315 Norte não tem condições.;

O abandono nas quadras esportivas do Plano Piloto também alcança a Asa Sul. Nas áreas esportivas das entrequadras 703/704, 705/706, 102/103 e 106/107, os alambrados estão quebrados. Também há lixo espalhado, e os pisos estão rachados e esburacados.

QSE 12/14, Taguatinga - Perigo: ferrugem e grade contorcida

Capim
Em Taguatinga, o descaso também é evidente. Na quadra poliesportiva localizada entre a QSE 12 e a QSE 14, a pintura é quase imperceptível, as tabelas estão quebradas e o alambrado, furado. Quem joga bola no local, além de desviar dos buracos, precisa tomar cuidado para não escorregar na vegetação. O estudante Alan dos Santos, 15 anos, sempre joga futebol com os colegas no local. Os machucados no joelho são comuns entre a garotada. ;Mesmo nessa situação não deixamos de jogar. Mas é horrível. Sempre que alguém cai no piso volta para a casa ralado. O mato também está alto;, reclamou.

Na praça da Vila Dimas, localizada entre a QSE 13 e a QSE 15, as duas quadras de esporte estão com o alambrado rasgado. As tabelas estão sem cestas. Em uma delas, é possível ter acesso à área de lazer pelos fundos, pois o buraco entre as grades tem mais de dois metros de altura. Segundo a Administração Regional de Taguatinga, 12 espaços serão reformados ou construídos até dezembro. O órgão informou ainda que no próximo ano todos os locais serão revitalizados.

Mapeamento
Segundo a Administração Regional de Brasília, técnicos começaram um levantamento para mapear todos os parques e as quadras da região. Existe um projeto, em parceria com a Secretaria de Obras, para revitalizar os espaços. Apesar disso, a administração argumenta que não existem recursos previstos no orçamento de 2011 para comprar traves e cestas.

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