Roberta Machado
postado em 24/10/2011 07:17
No segundo e último dia de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 49.162 alunos do Distrito Federal, interessados nas vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e nas bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni), voltaram às salas de aula para concluir o teste. A prova atraiu mais de 3,8 milhões de estudantes em todo o Brasil, que tiveram 5h30 para fazer os exames de matemática, linguagens e códigos e a redação. Segundo o Ministério da Educação (MEC), três candidatos foram retirados das salas de aula nesse domingo e tiveram suas provas anuladas por usarem o telefone celular para acessar redes sociais. Os casos foram registrados em Salvador (BA), São José dos Pinhais (PR) e Parauapebas (PA).No primeiro dia de Enem, sábado, a reclamação de muitos estudantes se referiu aos longos textos que exigiram interpretação dos candidatos. ;Acho que a disputa aumentou, então eles estão testando mais o preparo e a determinação;, avaliou Juliana Pereira, 24 anos, que está fazendo o Enem pela quarta vez. Ontem, quem voltou para a segunda bateria de testes garantiu que a leitura continuou a exigir muito, mas, ao menos, o tema da redação ; ;Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado; ; agradou. O assunto, aliás, vazou na internet, por volta das 14h, uma hora antes do horário permitido aos estudantes para deixar o local de provas. O MEC investigará o ocorrido.
Kelliane Cristina de Oliveira, 18 anos, moradora de Santo Antônio do Descoberto (GO), garantiu que não teve dificuldade para escrever sobre as redes sociais. Às 15h, ela foi a primeira a deixar o local de prova. ;Para quem estudou, estava fácil; para quem não estudou, como eu, também estava tranquilo;, avaliou. Leonardo Lemos, 18, morador de Samambaia, também aprovou o tema da redação. Mas, para ele, a prova de matemática exigiu demais dos candidatos. ;Tenho dificuldade com números, e a prova tinha muitos cálculos. Era conta demais, isso cansou muito;, avaliou o estudante, que pretende obter o certificado do ensino médio com a prova.
Logo após a conclusão da prova, professores de cursinhos preparatórios e colégios se dedicaram à correção do exame. Para os educadores, a grande dificuldade dos alunos com a matemática atingiu apenas aqueles que não se prepararam. ;O conteúdo era condizente com o cronograma do ensino médio. O bom aluno teve todas as condições de acertar quase toda a prova;, afirmou o professor Alexandre Montes, do colégio CVP, de São Paulo.
A grande reclamação dos alunos em relação às contas, segundo ele, foi devido à presença dos temidos números decimais nos cálculos, que tinham de ser feitos à mão. O professor Jânio Alencar, do colégio Leonardo Da Vinci, em Brasília, atribuiu o cansaço dos alunos ao grande número de questões. ;Quem não estava concentrado certamente não foi bem. Mas a prova não teve pegadinha. O conteúdo estava bem abordado e foi aplicado de forma correta;, avaliou.
Entrada proibida
Como em todos os anos, o atraso foi um dos fatores de eliminação dos candidatos. Emerson Pereira de Araújo, 17 anos, morador da Vila Planalto, esperou no portão até as 13h, mas foi expulso do local de prova com outra aluna. Os dois estavam sem o documento de identidade e não puderam fazer o teste. ;Saí correndo de casa e acabei esquecendo. Acho que deveria ter alguma tolerância, afinal, eu já estava ali dentro;, reclamou o estudante.
Ao menos 10 candidatos que iriam fazer a prova no colégio Santa Terezinha, em Taguatinga, foram proibidos de entrar no local por estarem atrasados. No entanto, eles acusaram os organizadores de fechar os portões cinco minutos antes das 13h. De acordo com os estudantes, a coordenadora do local de prova avisou os alunos meia hora antes que iria aplicar a prova às 12h55. ;Cheguei faltando nove minutos, mas não tinha estacionamento. Quando estava a uns 20 metros do portão, eles fecharam. Mas ainda não eram 13h;, denunciou Lourival Júnior dos Santos, 30 anos.
Os candidatos reclamaram com uma equipe do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) que passou pelo local, mas foram informados de que a coordenadora havia agido corretamente. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) comunicou, por meio da assessoria de imprensa, que os exames foram monitorados em tempo real e que os portões do colégio Santa Terezinha foram fechados no horário correto. Os candidatos afirmaram que iriam relatar o incidente à polícia.