postado em 25/10/2011 06:34
Os acusados de espancar brutalmente o estudante Bruno Souto Vaz, 28 anos, e mais dois jovens no momento em que eles deixavam a choperia Villa Boêmia, no Pistão Sul, na madrugada de domingo, serão indiciados por tentativa de homicídio e por lesão corporal. A decisão do titular da 21; Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul/Águas Claras), José Carlos Medeiros de Brito, foi tomada conforme a gravidade do estado de Bruno ao ser conduzido para o Hospital de Base do DF (HBDF). Os médicos avaliaram que o estudante teve traumatismo craniano, com afundamento do crânio. A briga ocorreu em frente à casa noturna, que com apenas cinco meses de funcionamento, já coleciona 12 ocorrências envolvendo brigas, todas registradas pela Polícia Civil do DF.Ontem, a delegacia responsável pelo caso instaurou inquérito e espera a entrega das imagens do circuito interno do estabelecimento e de outros comércios das imediações para, assim, avaliar e apontar quais dos envolvidos na pancadaria generalizada serão autuados pelos crimes. ;Cada um responderá conforme sua culpabilidade;, adiantou o titular da unidade policial, José Carlos Medeiros de Brito. O delegado não descarta a possibilidade de o proprietário da Villa Boêmia ser punido criminalmente. ;Dependendo das investigações, o dono do local pode responder também pelo crime como coautor. Vamos analisar também se os seguranças foram omissos;, esclareceu Medeiros.
À medida que as investigações da polícia prosseguem, o quadro clínico de Bruno Vaz apresenta melhoras. Ontem à tarde, ele saiu do coma induzido ; a que foi submetido desde que saiu de uma cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro ; e deixou de respirar com a ajuda de aparelhos para, então, ser transferido a um dos leitos da enfermaria do HBDF. ;Mas ainda respira com dificuldade e está com o rosto muito inchado. Ele reconheceu a gente, mas não se lembra do que aconteceu;, contou Francisco Vaz, 55 anos, pai do estudante. ;Antes, quando o Bruno ainda estava à espera da cirurgia, eu passei por ele e nem o reconheci de tão deformado que estava o rosto dele;, finalizou.
Depoimentos
Os outros amigos que estavam com o estudante, o publicitário Bruno Lima, 25 anos, e Marcos*, 21, também sofreram lesões no rosto. Os dois já receberam alta do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Eles ficaram com hematomas no olho direito. Marcos* também teve fraturas no nariz e no maxilar e ficou com comprometimento de um nervo no olho direito. Ontem, ambos foram ouvidos na delegacia, bem como o gerente da choperia, Marcelo Gazeta Theza, que se defendeu ao falar com a reportagem. ;A gente ajudou na hora. Colocamos nossos seguranças para apartarem a briga mesmo sendo na rua. Não temos nada a ver com isso porque foi fora do estabelecimento. Quanto aos outros 12 casos, eles realmente ocorreram, mas como em qualquer outro espaço. Porém, nenhuma dessas ocorrências foi grave;, afirmou Theza.
Ao Correio, Bruno Lima contou que, após pagar o que consumiu na choperia, saiu do local e já encontrou Marcos e Bruno Vaz caídos no chão. ;Quando deixei o estabelecimento, já estava ocorrendo a briga. Um dos rapazes veio logo me empurrando e deu dois murros no meu rosto. Cai no chão. A mesma pessoa tentou me dar um chute, mas nesse momento eu levantei e saí correndo, pois vi sangue no meu nariz. Quando voltei, a discussão já tinha cessado;, relatou o rapaz. Ainda com dores no rosto, Marcos afirmou não lembrar da situação. ;Só lembro de quando cheguei ao hospital;, resumiu.
Além de Marcos e Bruno Lima, os policiais já colheram os depoimentos de dois homens envolvidos na pancadaria. O soldado da Força Aérea Brasileira (FAB) Randan Gonçalves de Souza, 22 anos, e o estudante Atahander Júlio Fernandes Souza, 24, contaram as versões deles aos investigadores minutos depois da confusão. Até o fechamento desta edição, o delegado-chefe José Carlos Medeiros ainda esperava pela apresentação dos outros dois homens ; o cabo da FAB Gustavo Santos Garcia e o corretor de imóveis Tiago Henrique Ribeiro de Souza. A assessoria de imprensa da FAB informou que, caso os dois membros da corporação sejam punidos criminalmente, eles poderão sofrer uma pena administrativa, que vai desde a prisão até a expulsão da FAB, o castigo mais grave para os militares.
Feridos
De acordo com estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do DF, no primeiro semestre deste ano, 5.169 pessoas sofreram lesão corporal na capital federal. O número é 2,2% maior que no mesmo período do ano passado, que teve 5.059 vítimas.
Colaborou Flávia Maia
*Nome fictício a pedido do entrevistado