Cidades

Adiado júri de motorista acusado de matar advogado após colisão a 165km/h

Adriana Bernardes
postado em 25/10/2011 13:55
Ainda não será dessa vez que a família Nora Teixeira verá o acusado da morte do advogado Francisco Augusto Nora Teixeira, o Gutão, no banco dos réus. O julgamento de Rodolpho Felix Grande Ladeira, marcado para a manhã desta terça-feira (25/10), foi remarcado para 2 de dezembro. Como constava na pauta de júri do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), familiares da vítima e testemunhas chegaram a comparecer ao Fórum, ao lado do Eixo Monumental, onde receberam a notícia do adiamento por seguranças do prédio.

De acordo com o processo, há sete anos e nove meses, Rodolpho Felix dirigia sua Mercedez Benz a 165km/h na Ponte JK, quando atingiu a traseira do Santana conduzido pelo advogado, que morreu na hora. O Ministério Público denunciou Rodolpho por homicídio qualificado. Segundo a assessoria do TJDFT o advogado principal do caso alegou que estaria no Rio de Janeiro em uma audiência e, o outro, que não tinha conhecimento total da denúncia . O presidente do Tribunal do Júri, Sandoval Gomes de Oliveira, e o promotor de Justiça Marcelo Leite aceitaram os argumentos e deferiram o pedido. Como a decisão foi tomada após as 20h de ontem, não houve tempo para avisar familiares e testemunhas do adiamento.

Para a família da vítima, esta é mais uma manobra da defesa para protelar o julgamento. "Esse processo tramita há sete anos. Só agora ele (Jonas) descobriu que não consegue fazer o júri?", questiona Carlos Henrique Nora Teixeira, irmão da vítima e assistente de acusação. "Nesse tempo, a defesa insistiu em teses de desclassificação do crime, de responsabilizar a vítima, entrou com recursos e mais recursos, cada um mais protelatório que outro. Para a defesa de um réu que merece ser condenado, quanto mais tempo demorar melhor. Mais chances do caso cair em esquecimento e maior o risco de prescrição", lamentou.

O advogado de Rodolpho, Jonas Modesto da Cruz , não quis comentar o pedido de adiamento do júri sob o argumento de que a família do acusado contratou outro advogado, Heraldo Machado Paupério. "É o meu colega que vai fazer o júri. Estou cuidando da parte mais técnica do processo", disse. Por telefone, Paupério disse estar no Rio de Janeiro e não deu certeza sobre quando conseguiria voltar à Brasília. "Tenho essa audiência e não consegui ninguém para me substituir. Além disso, esse processo é monstruoso. Eu não me sinto preparado para defendê-lo", argumentou Heraldo Paupério , que disse ter sido constituído pela família de Rodolpho na última quarta-feira.

Paupério negou que haja uma tentativa para protelar o julgamento. Disse, inclusive que é de seu interesse fazer logo o júri. "O processo teve vários recursos. Não é porque a defesa está querendo procrastinar. Ela está usando de todos os recursos que a lei oferece", afirmou. "Ele (Jonas Modesto) estava na expectativa de tomar coragem para fazer (o júri). Mas muita gente tem inibição de falar em público. Quando ele viu, o pai do réu saiu correndo para ver quem ia contratar", acrescentou.

Entre familiares de Gutão, o clima era de decepção e tristeza. "O alento, o único remediozinho para nós, é ver o responsável pagar pelo que fez. Estamos a quase oito anos esperando por isso, vendo o réu solto, vivendo a vida dele e nada acontece", lamentou o irmão de Gutão.

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