Antonio Temóteo
postado em 28/10/2011 07:09
Após cinco meses da tragédia que matou nove pessoas, os peritos da Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal concluíram que o naufrágio ocorreu por falta de manutenção no barco Imagination. De acordo com o relatório, a tragédia foi causada pela entrada excessiva de água nos flutuantes da embarcação. Além disso, os tubulões que sustentavam o barco estavam enferrujados, com vários buracos e isolamento precário. Os especialistas mostram que outro fator determinante para constatar os defeitos foi a presença de cinco bombas para retirada de água no interior do barco. No momento do acidente, dois equipamentos estavam em funcionamento, outros dois apresentavam defeito e um tinha vazão inferior ao habitual.
Segundo o chefe da 10; Delegacia de Polícia (Lago Sul), delegado Adval Cardoso, o laudo confirmou toda a apuração apresentada no inquérito e encaminhada ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) em agosto. Cardoso também lembrou que, após uma vistoria realizada pela Marinha, o Imagination poderia navegar com, no máximo, 92 passageiros, mas tinha 110. Entretanto, o proprietário trocou o cortinado da embarcação por vidros blindex e adicionou um jogo de sofás. Essas modificações diminuíram a capacidade de transporte e não foram comunicadas ao órgão fiscalizador. ;Não houve uma revisão por parte da Marinha, além dos defeitos. Ficou constatado que houve negligência do dono e do capitão do Imagination;, completou.
Por volta das 20h de 22 de maio, o barco Imagination deixou o Clube Ícone, no Setor de Clubes Sul, com 18 passageiros a mais do que a capacidade permitida. O grupo participava de uma confraternização de funcionários de uma galeteria do Lago Norte. Meia hora depois, um apagão deixou os ocupantes preocupados. Em seguida, a água começou a invadir o barco. O empresário Marlon José de Almeida, 44 anos, e o comandante do Imagination, Airton Carvalho da Silva Maciel, foram indiciados pela 10; DP por homicídio culposo (sem intenção de matar). Eles podem ser condenados a até quatro anos e meio de prisão em regime semiaberto. O Correio tentou contato, por telefone, com Marlon e Airton, mas nenhum dos dois atendeu as ligações na tarde de ontem.
Monitoramento
A Delegacia Fluvial de Brasília, responsável pela fiscalização do lago onde ocorreu a tragédia, se transformará em Capitania Fluvial. Com essa mudança, haverá um aumento no número de militares e embarcações que atuam no espelho d;água e de todas as outras áreas de competência da capitania. Atualmente, o órgão tem um efetivo de 30 pessoas e oito barcos, mas passará a contar com até 60 marinheiros e 12 equipamentos náuticos. Apesar do anúncio, as atividades com toda a equipe começarão apenas em janeiro de 2012.
Segundo o Fábio Rogério Leite de Souza, capitão dos Portos de Brasília, além monitorar as mais de 2,5 mil embarcações que navegam no lago, campanhas educativas serão realizadas para divulgar as normas que regem o transporte aquaviário. De janeiro a outubro, 37 embarcações acabaram apreendidas e 198 multas foram aplicadas durante inspeções navais no Lago Paranoá.
De acordo com o secretário de Turismo, Luis Otávio Neves, a pasta estuda criar marinas públicas em alguns pontos do lago. Ele detalhou que uma comissão montada pelo governo local também está mapeando as principais áreas de uso do espelho d;água. ;As marinas devem facilitar o trabalho de fiscalização da Marinha, pois os embarques e os desembarques devem se concentrar nos novos equipamentos. Esses espaços também são essenciais para fortalecer o turismo local.;
As vítimas
; Vicente Carneiro de Sousa Neto, 36 anos
; Paulo de Mello, 39 anos
; Robinson Araújo de Oliveira, 29 anos
; Valdelice de Souza Fernandes, 36 anos
; Adail de Souza Borges, 45 anos
; Hadnilton José de Oliveira, 31 anos
; João Antônio Fernandes Rocha,
sete meses
; Flávia Daniela Pereira Dornel, 22 anos
; Ester Araújo de Oliveira, 10 anos