Cidades

Pedido de relaxamento de prisão ao ex-professor que matou aluna é negado

Familiares da vítima aprovam a decisão e entram com recurso na OAB para que o acusado perca o registro profissional

postado em 28/10/2011 07:29

Prisão em flagrante: o ex-professor Rendrik Rodrigues está detido desde 30 de setembro, quando matou a tiros a estudante de 24 anos

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou ontem o pedido de liminar para o relaxamento da prisão do ex-professor de direito Rendrik Vieira Rodrigues, 35 anos, autor confesso do assassinato da estudante Suênia Sousa de Farias, 24, em 30 de setembro. A decisão é do desembargador convocado para o STJ Adilson Vieira Macabu e segue o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

A defesa argumenta que o acusado não apresenta periculosidade concreta e alega que a prisão para a garantia da ordem pública não estava devidamente fundamentada. Segundo o desembargador, ;a conduta praticada, na forma como ocorreu, evidencia a personalidade distorcida do paciente, na medida em que adotou uma atitude covarde e egoísta, empreendida sem que houvesse, a justificar o seu agir, qualquer excludente de criminalidade, de sorte a motivar o gesto extremo de ceifar a vida de um ser humano;.

Macabu acrescentou que há justificativas para a manutenção da prisão cautelar se levar em consideração a forma como o ex-professor praticou o crime. ;Ora, a surpresa, a frieza, a maneira calculista como tudo aconteceu revela, a mais não poder, a periculosidade do paciente.;

Em depoimento à polícia, Rendrik contou que teve um relacionamento afetivo com a vítima e a procurou para conversar na esperança de reatar o romance. Ele, no entanto, estava armado com uma pistola calibre. 380 (leia Memória).

Sofrimento
Irmã de Suênia, Cilene Sousa Farias, 34 anos, recebeu a notícia da decisão do STJ com satisfação. ;Isso acalenta um pouco o que a gente tem passado. Estamos felizes em ver que há um esforço da Justiça para que ele fique preso e pague pelo que cometeu;, afirmou. Cilene contou que esteve ontem na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) e entrou com um requerimento para pedir que o ex-professor perca o registro profissional. ;Estamos tentando retomar as nossas vidas aos poucos, mas o sofrimento ainda é muito grande. Choramos muito, porque ele tirou uma parte de nossas vidas;, lamentou.

Com a decisão do STJ, os advogados tentaram pela quinta vez tirar o assassino da cadeia. No início de outubro, os defensores dele apelaram à 1; Turma Criminal para que Rendrik cumprisse uma prisão domiciliar. O recurso foi rejeitado por unanimidade pelos desembargadores.

Depois, os representantes do acusado ingressaram com um pedido de habeas corpus no TJDFT, que também acabou negado. Eles alegaram que o assassino confesso se apresentou espontaneamente à polícia, tem residência fixa e não há antecedentes criminais. Procurado pela reportagem, o advogado Andrew Farias não atendeu às ligações.

Colaborou Mara Puljiz

A vítima
Suênia Sousa de Faria, 24 anos
Estudava direito no UniCeub. Nasceu em Pombal, na Paraíba. Veio para Brasília aos 3 anos e perdeu a mãe ainda adolescente, vítima de um câncer de mama. Sonhava em ser delegada de polícia e dar uma vida melhor ao pai, que é agricultor.


O crime
Em 30 de setembro, Rendrik Rodrigues, 35 anos, matou a tiros a estudante Suênia Sousa de Farias, 24. O advogado cometeu o crime depois de esperar a vítima na saída do estacionamento do UniCeub, onde ele dava aulas e ela estudava. Por volta das 15h30, os dois se encontraram e ele pediu para conversar. Rendrik queria, a todo custo, retomar o relacionamento com a jovem. Ele entrou no carro de Suênia, um Sandero, de propriedade do marido dela, e, com ela, deixou a Asa Norte.

Os dois passaram por vários pontos da cidade, até que Rendrik estacionou o veículo em uma parada de ônibus diante do Jóquei Club. Ele exigiu que a jovem telefonasse para o marido, com o viva-voz ligado. Suênia teria dito ao companheiro, Hélio, que voltaria com o professor. Durante a ligação, no entanto, Rendrik percebeu o nervosismo da estudante e desconfiou que ela tinha reatado o romance com o marido. ;Vou voltar para ele mesmo. Você não me merece;, teria afirmado a moça.

Revoltado, o ex-professor sacou uma pistola calibre .380 e atirou duas vezes na cabeça e uma no abdômen da vítima. Depois de matar Suênia, Rendrik levou o corpo para a 27; DP (Recanto das Emas), onde acabou preso. Em depoimento, Rendrik contou que comprou a arma na Feira do Rolo, em Ceilândia, e a jogou em um matagal perto do Jóquei. A polícia fez varreduras no local e não encontrou a pistola.

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