postado em 30/10/2011 08:21
No Distrito Federal, os homens são os campeões no desrespeito à proibição de dirigir alcoolizado. Para cada cinco pessoas flagradas ao volante sob o efeito de álcool, quatro são homens e apenas uma é mulher. A conclusão leva em conta o número de habilitados por sexo. Até a última segunda-feira, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) emitiu 5.109 autos de infração, sendo 4.466 para eles (leia arte).
Apesar de as mulheres serem minoria a partir desse tipo de análise, os números absolutos revelam o crescimento das multas entre as condutoras da capital do país. O levantamento parcial deste ano é 33,1% maior do que todos os casos de 2009. E, se mantida a média mensal de 2011 de 64 notificações, os atuais números devem ser ainda maiores. Até o último dia 24, as mulheres foram flagradas ao volante após beber 643 vezes.
O subcomandante do BPTran, major Roberto Roballo, conta que, no primeiro ano de vigor da Lei n; 11.705/08, acreditava-se que os homens burlavam mais a proibição e, por isso, viravam alvos frequentes da fiscalização.
Com o passar do tempo, as abordagens de carros só com mulheres passou a ser mais frequente, assim como a constatação de que elas também desrespeitam a legislação de forma recorrente. ;Geralmente, são mulheres acima dos 30 anos e com vida independente. Você vai aos bares da moda e vê homens e mulheres bebendo na mesma proporção. Imagino que, em parte, é porque elas alcançaram a independência, ocuparam os mesmos postos de trabalho e isso acaba refletindo no comportamento social;, disse o oficial.
A industriária Sônia Maria Zerino, 55 anos, moradora da Asa Norte, saía da igreja com as amigas quando foi parada em uma blitz na Quadra 100 do Sudoeste na noite da última quinta-feira. Ela assoprou o bafômetro, e o teste deu negativo. ;Acho a mulher mais consciente e responsável. Os homens gostam de desafiar as regras;, avaliou. Sônia Maria ainda elogiou o combate à alcoolemia ao volante. ;Essa atitude da polícia é muito bacana para prevenir e coibir aqueles que insistem em dirigir alcoolizados;, defendeu.
Enquanto a mulher se reunia em um bar com as amigas, o secretário parlamentar Thiago Rodrigues Cruz, 29 anos, morador do Sudoeste, aguardava para buscá-la. Depois de sair de casa, acabou abordado pelos policiais militares. Thiago realizou o exame, que deu negativo. ;Eu não bebo, então, sempre que preciso, eu dirijo para ela não precisar se preocupar. Sou sempre o motorista da vez. Além de ser mais seguro, a gente evita pagar a multa, que é muito cara;, disse.
Acidente
Na tarde da última terça-feira, o bancário Rafael*, 42 anos, demonstrava revolta na unidade do Departamento de Trânsito (Detran), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). O motorista foi ao local para buscar a habilitação. Ele perdeu o documento depois de passar mais de oito horas em um bar e assumir o volante do veículo. Ele achou que estava bem para dirigir, mas ateu na traseira de um carro. Na colisão, ninguém ficou ferido, mas o outro condutor chamou a polícia ao perceber que Rafael estava embriagado. ;O acidente não foi porque eu tinha bebido. O cara freou de repente na minha frente e não tive como parar;, argumentou.
O teste do bafômetro do bancário deu positivo para embriaguez. Ele não se lembra com exatidão do teor, mas disse que estava acima de 0,03 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. Acabou levado para a delegacia, ficou detido até pagar a fiança estipulada em R$ 1,7 mil e vai responder a processo criminal por dirigir alcoolizado. ;Eu acho essa lei um absurdo. O acidente não foi minha responsabilidade. Se eu não tivesse bebido nada, teria batido do mesmo jeito;, avaliou.
*Nome fictício a pedido do entrevistado