postado em 30/10/2011 10:23
Na capital de extremos, 487,3 mil famílias ficam no meio-termo. São 67,3% de lares entre uma realidade e outra. Segundo o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz , essas são as pessoas mais impactadas pelos altos preços. ;A grande diferença de Brasília frente a outras cidades não está na desigualdade de renda, mas nos preços. A inflação fica abaixo da média nacional, mas os valores variam pouco justamente porque já são altos;, diz. ;Como o DF tem o nível de renda elevado, por causa do funcionalismo público, o custo de vida fica ajustado para esse padrão;, completa.
Segundo o especialista, o setor de serviços é o que apresenta as distorções de maneira mais evidente. ;Como explicar, por exemplo, a diferença entre bares caros e baratos? O que muda não é o produto, a porção de batata-frita ou de arroz. A diferença está no público, na renda, e, por isso, nos preços;, explica.
[SAIBAMAIS]Nas diferente regiões administrativas, os valores cobrados pelos serviços também tendem a acompanhar a renda. ;Morar bem custa mais caro em qualquer parte do país. Por isso, quando o bairro é mais afastado, o comércio se orienta para o valor que as pessoas conseguem pagar.;
Redução de gastos
Suely Oliveira, 46 anos, é dona de casa e se mudou, há um ano, para o Guará. Antes, ela alugava um imóvel no Cruzeiro, por R$ 950. O proprietário, no entanto, decidiu reajustar para R$ 1,5 mil. ;A nossa renda é de R$ 4 mil, ficaria inviável. A gente decidiu mudar e, mesmo gastando um pouco mais, R$ 1,3 mil, ficamos mais felizes, porque a casa aqui é muito melhor, mais ampla e clara;, diz.
Como a renda não aumentou e a diferença no preço do comércio entre as regiões é mínima, continua sendo difícil poupar depois de quitar as despesas do mês. ;A gente não consegue guardar. Até mesmo na hora de viajar, o jeito mais fácil é parcelar e ir a lugares em que podemos ficar na casa de parentes;, diz.
Insatisfeita com essa realidade, ela conta que pretende deixar Brasília para viver melhor gastando menos.
O que mais pesa no bolso
Há três semanas, o Correio publicou uma reportagem sobre os itens que mais comprometem a renda do brasiliense. De maneira geral, os gastos com transporte, alimentação e habitação consomem mais da metade do orçamento das famílias que vivem na cidade, 53,4%. Ao comparar o comportamento local com a média do país, existe uma diferença entre o principal fator de despesas. No Brasil, comida e bebida tomam a maior parte da renda. Em Brasília, o vilão é o transporte. A manutenção dos veículos e os gastos com combustível ou com passagens de ônibus ficam em primeiro lugar na lista. Especialistas avaliam que esse perfil se assemelha ao de países desenvolvidos.