postado em 01/11/2011 07:54
Quem vê de fora o Condomínio Portal das Andorinhas, na Quadra 203 de Águas Claras, acredita se tratar de um prédio novo e com área de lazer ampla e completa. Mas ao passar pelo portão de entrada, os problemas estruturais começam a aparecer. As quadras de esportes estão com as placas de borracha soltas, o jardim teve a iluminação retirada devido ao risco de curto-circuito e o estacionamento subterrâneo tem rachaduras, mofo, infiltrações e tubulação enferrujada. Para piorar, quando chove, os moradores dos 240 apartamentos se desesperam. No último domingo, a tempestade que caiu durante a tarde fez minar água e barro das paredes e do chão das garagens. A Defesa Civil foi chamada e notificou o condomínio. O órgão exigiu um laudo técnico sobre a estrutura no prazo máximo de 10 dias. A surpresa é que o bloco com o maior número de avarias foi entregue pela Brookfield Incorporações há apenas um ano e meio e deveria ter uma estrutura nova, sem defeitos. O Bloco D, com apartamentos que chegam a custar R$ 750 mil. Embora a Defesa Civil garanta não haver risco de desabamento iminente, os moradores temem as consequências dos próximos temporais. ;Nos orientaram a observar as rachaduras. Caso elas aumentem ou surjam outras em curto espaço de tempo, devemos evacuar todo o prédio. Exigimos uma solução;, disse a síndica do condomínio, Giselle Rocha.
Das 12h às 16h de domingo, quem tinha o carro parado nos dois subsolos viveu momentos de tensão. As paredes pareciam cachoeiras. Algumas com água limpa, outras somente com barro. Do chão, minava mais água e os ralos entupiram. Para evitar que algo pior acontecesse, a síndica conversou com os moradores e decidiu bloquear 70 vagas dos pisos S1 e S2. ;Diariamente, há canos pingando esgoto em cima dos carros. Não sabemos se as paredes vão cair, então, vamos deixar essa parte do estacionamento interditada até a análise dos técnicos;, ressaltou.
A servidora pública Claudia Brilhante, 43 anos, conta que trabalhou muito para poder comprar o imóvel e ainda tem parcelas a pagar nos próximos 10 anos. A instabilidade quanto ao futuro do bloco gera preocupações. ;Como posso descansar sabendo que o subsolo de um prédio de 15 andares pode não suportar sequer o peso dos carros?;, desabafou.
Especula-se que o asfalto da área possa estar oco. Em um primeiro momento, não foi identificada nenhuma patologia que comprometa a estrutura do prédio. As fissuras podem ser corrigidas com reparos e com manutenção. Somente a partir do laudo, elaborado por engenheiros, saberemos o que causa isso;, ressaltou o agente de Defesa Civil Francisco Barros Cabral.
Em nota, a Brookfield Incorporações informou ter enviado, no domingo e ontem, uma equipe técnica para avaliar a situação do prédio. Segundo a organização, será contratada também uma consultoria externa, especializada em contenção e impermeabilização, que poderá verificar a origem do problema. A empresa admite que o empreendimento está dentro do prazo de garantia e que, caso seja detectado algum problema de responsabilidade da construtora, a falha será solucionada o mais rapidamente possível.
41 mil unidades
Em 2008, as empresas Brascam, a Company e a MB Engenharia se uniram para formar a Brookfield Incorporações. A organização já entregou 41 mil unidades e, atualmente, tem 82 empreendimentos em construção no Brasil. Por ser uma incorporadora, ela participa de todo o processo até que o imóvel seja entregue ao comprador. É a Brookfield que compra os terrenos, constrói e vende as unidades.