A greve dos funcionários da Companhia Energética de Brasília (CEB) começou hoje. Após terem recusado, em assembleia, a proposta da empresa que dava aumentos de 9% a 30%, de acordo com o cargo ocupado pelo trabalhador, eles decidiram cruzar os braços. A reivindicação é para que o reajuste seja igual para todos, sendo 30% o percentual mínimo. A estatal, por sua vez, garante que não tem condições de arcar com esse aumento da folha de pagamento.
Representantes de ambos os lados reconhecem que o consumidor será o maior prejudicado enquanto durarem as negociações. Em caso de falha no fornecimento de energia, o usuário perceberá que o tempo de reparo será mais longo, devido à redução das equipes de atendimento.
Com a paralisação, apenas 30% do efetivo continuará em atividade. Para o diretor de engenharia da CEB, Mauro Martilli, existem dois agravantes na redução do número de trabalhadores nesta época do ano. ;Em primeiro lugar, estamos no período de chuva. Depois, em algumas regiões da cidade, já operamos acima da capacidade.; Ele admite que, provavelmente, haverá problemas no atendimento das demandas. ;Mas nós vamos lutar para que eles não ocorram;, acrescenta o diretor.
Conforme Martilli, os pedidos do sindicato são legítimos, mas a companhia não tem condições financeiras de absorver os custos que eles representam. ;O sistema de distribuição está sucateado e recebemos como herança uma dívida de R$ 877,5 milhões. A nossa receita mensal líquida é de R$ 137 milhões e a despesa soma R$ 151 milhões;, explica, mostrando que há um deficit no caixa da empresa.
Jeová Pereira de Oliveira, diretor do Sindicato dos Urbanitários no DF (Stiu), afirma que a intenção não é a de prejudicar a população, mas melhorar a qualidade de vida dos funcionários. ;Nós sabemos que a prestação de serviço será impactada, mas a proposta que recebemos é insuficiente. Quem está na base, com salários mais baixos, não pode receber um reajuste menor do que aquele profissional que já ganha mais.; Segundo ele, o abono salarial pretendido é de R$ 7 mil e não de R$ 2 mil, como ofereceu a CEB.
Na lista dos pedidos ainda estão a inclusão do plano odontológico para os novatos e a possibilidade de os trabalhadores participarem das reuniões do conselho de administração da empresa.
LUZ 6,74% MAIS CARA DESDE MAIO
Desde 26 de agosto, a CEB reajustou o preço cobrado pela energia elétrica em 6,74% para as residências do Distrito Federal. A tabela foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa havia pedido um aumento médio de 8,4%. Na época, a companhia preferiu não comentar o assunto nem explicar os critérios utilizados para determinar o percentual sugerido. A mudança de preços ocorreu na mesma semana em que diversos pontos da cidade ficaram até nove horas sem luz e que consumidores e empresários faziam o levantamento dos prejuízos.