Cidades

Decisão de baixar preço da gasolina em postos não tem prazo para acabar

Adriana Bernardes
postado em 03/11/2011 08:32


A gasolina está até R$ 0,08 mais barata em postos da Estrutural, de Ceilândia e de Taguatinga. Em alguns estabelecimentos o preço do litro varia entre R$ 2,77 e R$ 2,79, contra os R$ 2,85 cobrados até a alteração ocorrida entre as 14h e as 16h de terça-feira. Na tarde de ontem, a reportagem do Correio percorreu 10 postos de combustíveis e constatou os valores similares.

No último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 80 estabelecimentos do DF, entre 23 e 29 de outubro, o preço médio da gasolina nos postos do Distrito Federal era de R$ 2,838. O litro do etanol estava em R$ 2,25 e o valor caiu para R$ 2,19. A queda, no entanto, não coloca o biocombustível em vantagem na hora de abastecer o carro diante do derivado do petróleo. A troca somente favoreceria o bolso do consumidor se o litro estivesse em R$ 1,95 ou menos.

Gerente de restaurante, Antônio Cardoso, 28 anos, decidiu abastecer o carro após ver a promoção em um posto do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Como havia apenas uma pessoa atendendo, ele foi para a Estrutural, onde o preço também estava mais baixo. ;Eu gasto em média R$ 1 mil por mês de combustível. Então, fico de olho, pois a diferença de centavos vale a pena no fim do mês.;

Iniciativa do posto
Por meio da assessoria de imprensa, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF) informou que a redução do preço do combustível é uma iniciativa do comerciante. A entidade descartou que a baixa seja reflexo da diminuição das alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Na última segunda-feira, o governo federal publicou no Diário Oficial da União o decreto com a redução do imposto incidente sobre a gasolina e o óleo diesel, nas refinarias. Os postos haviam informado que a medida não afetaria o preço nas bombas de combustível.

Para o presidente do Movimento de Combate à Cartelização dos Combustíveis do DF, Charles Guerreiro, a queda repentina dos preços pode ser uma estratégia dos comerciantes para reajustar a tabela depois. ;Vamos ficar de olho e não vamos ficar aceitando essas manobras. Eles sempre abaixam e depois aumentam acima da média;, alertou.

Chefe de pista de um posto da Estrutural, André da Silva disse que a tabela foi modificada no início da tarde de terça-feira. ;Não é promoção e também não tem data para acabar;, explicou. O porteiro Francisco Rhoney, 32 anos, abastecia o veículo e só percebeu a queda no preço ao ser abordado pela reportagem. ;Ainda está caro. A gasolina tinha que custar no máximo R$ 2,50 o litro;, disse.

Solange Gomes, chefe de pista, informou que, na segunda-feira, a gasolina era vendida a R$ 2,83. Mas, no fim da tarde do mesmo dia, foi remarcada para R$ 2,79. ;Não é promoção. A gerente passa o preço e a gente muda;, disse.

Um posto instalado na Avenida Hélio Prates, em Taguatinga, estava com o valor mais baixo: R$ 2,77 o litro da gasolina. ;É uma promoção relâmpago. Começou ontem (terça-feira) às 16h. Não explicaram o motivo. Mas não tem prazo para acabar;, informou o gerente Anailton de Paiva. O aposentado Josias Emerique de Cerqueira, 64 anos, sempre abastece no estabelecimento e disse que lá os preços estão sempre R$ 0,02 mais baixos que a concorrência. ;As pessoas acham que não faz diferença, mas faz. Você não abastece uma vez no ano.;

Consumo reduzido
Há mais de um ano, o etanol segue em desvantagem em relação à gasolina no Distrito Federal. Gerentes de postos dizem que o consumo do biocombustível é mínimo. Para o etanol valer a pena, o preço do litro deve custar até 70% do valor da gasolina.

Colaborou Diego Amorim


À ESPERA DE UMA SENTENÇA DO STF
Os brasilienses aguardam ansiosos o julgamento do Recurso Extraordinário n; 597165 no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Celso de Mello analisa desde fevereiro de 2009 processo que pode liberar a instalação de postos de combustíveis em supermercados do DF, única unidade da Federação onde existe esse tipo de proibição por lei. A Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça são favoráveis à derrubada da legislação local. No restante do país, onde o comércio de combustíveis é liberado, supermercados conseguem reduzir em até 5% o preço dos combustíveis. Um parecer da SDE revelou, em 2009, que os motoristas brasilienses deixam de economizar cerca de R$ 4 milhões por ano por conta da legislação distrital vigente.

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