Cidades

Três pessoas foram sequestradas em menos de cinco horas no DF

postado em 05/11/2011 08:14
No dia em que a greve da Polícia Civil completou uma semana e 43 delegados foram exonerados, três pessoas se tornaram vítimas de sequestro relâmpago no Distrito Federal. Os casos ocorreram na última quinta-feira, em um intervalo de cinco horas. Duas mulheres passaram apuros ao serem levadas do Guará e do Lago Norte. Um homem também foi alvo dos criminosos no Riacho Fundo II. Nenhum dos três conseguiu registrar ocorrência nas delegacias devido à paralisação dos policiais.
Uma mulher foi abordada por dois criminosos em plena luz do dia entre as QEs 11 e 7 do Guará 1
Por volta das 16h de quinta, uma mulher foi abordada por dois bandidos entre o comércio da QE 7 e da QE 11 do Guará 1. Ela ficou cerca de uma hora em poder dos criminosos até ser libertada em Ceilândia Norte. Ainda em choque, tentou registrar ocorrência na 24; DP (Setor O), mas os plantonistas se recusaram a atendê-la sob argumento de que o caso não era grave. O carro da vítima foi localizado pela Polícia Militar na Quadra 225 de Samambaia Sul.

Por volta das 20h do mesmo dia, uma outra mulher, de 49 anos, foi surpreendida por três adolescentes nas proximidades do Shopping Deck Norte, no Lago Norte. Obrigada a seguir no próprio veículo com os algozes, foi deixada no Núcleo Rural Boqueirão, região erma localizada no Paranoá. Policiais militares contaram que a vítima estava em estado de choque e muito machucada. Aos PMs, ela contou que levou várias coronhadas na cabeça e nas costas.

Os militares encaminharam a vítima ao Hospital Regional do Paranoá. Depois de passar por exames e receber curativos, ela seguiu na viatura da corporação para a 6; DP (Paranoá). Assim como ocorreu na unidade de Ceilândia, os agentes não quiseram fazer o boletim de ocorrência. No fim da tarde de ontem, uma equipe do 20; Batalhão da PM (Paranoá) identificou e apreendeu o trio, na Quadra 312 do Itapoã.

Drama semelhante viveu um jovem de 26 anos, tomado de assalto às 21h15 de quinta-feira por quatro homens ao deixar a casa de uma amiga, na QN8 do Riacho Fundo 2. Um deles estava armado e ordenou que o rapaz entrasse no banco traseiro do seu carro. Após rodar por cerca de 30 minutos, o quarteto o deixou na entrada de Santo Antônio do Descoberto (GO) e fugir levando o veículo e R$ 600 da vítima, que conseguiu pedir ajuda em um posto de gasolina às margens da BR-060 (rodovia que liga Brasília a Goiânia).

Ele tentou dar queixa na 29; DP (Riacho Fundo 1), mas recebeu o mesmo tratamento dado às outras vítimas. O vice-presidente do Sindicato dos Policias Civis do DF (Sinpol), Luciano Marinho, explicou que o comando de greve recomenda não registrar crimes como esse porque a pessoa no momento em que chega à DP não está mais em risco.

Tipificação
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), nos primeiros nove meses do ano, 454 pessoas foram alvo de roubo com restrição de liberdade e 16, de sequestro relâmpago, que não inclui extorsão. ;O roubo com restrição de liberdade é um crime de oportunidade. Já o sequestro relâmpago é algo premeditado;, explicou o subsecretário de Operações da Secretaria de Segurança Pública, coronel Jooziel de Melo Freire. Ele garante que o policiamento foi reforçado nas regiões onde as ocorrências dos dois crimes são mais comuns.

Segundo a advogada criminalista Juliana Caramigo, atos que envolvam privação de liberdade e constrangimento das vítimas devem ser tratados como sequestros-relâmpagos. ;Se o criminoso constrange a pessoa e tira a liberdade dela no intuito de obter vantagem econômica, seja o carro, bens pessoais ou uma quantia em dinheiro, temos um sequestro;, ressaltou.


Depoimentos

;Até hoje, não me recuperei;
;Fui rendida por dois criminosos em janeiro deste ano, em uma quadra (da Asa Norte). Recebi ameaças de morte por mais de duas horas e fui obrigada a dar o cartão de crédito com a senha para os ladrões, que só não conseguiram realizar saques nos caixas eletrônicos porque já passava da meia-noite. Por sorte, eles me deixaram em São Sebastião, mas, antes, me torturaram psicologicamente dizendo: ;Já que não tem dinheiro, vamos te matar;. Graças a Deus, eles estavam blefando, mas, até hoje, não me recuperei psicologicamente.;
Servidora pública de 51 anos

;Essa discussão não muda nada;
;Tinha ido resolver um problema na UnB, em março do ano passado. Quando chegava ao meu carro, fui abordado por três rapazes. Um deles estava com um revólver e outro com uma faca. Me soltaram mais ou menos meia hora depois, perto do Colorado (na BR-020). Essa discussão se é sequestro-relâmpago ou roubo com restrição de liberdade não muda em nada o que eu passei. Eles tinham é que colocar mais policiais nas ruas para coibir esse tipo de crime, pois eu não fui o primeiro e, com certeza, não serei o último.;
Universitário de 23 anos

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