postado em 06/11/2011 14:50
A partir de amanhã, os policiais civis, em greve desde o último dia 27, devem se adequar às exigências do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que considerou a paralisação ilegal na última sexta-feira e determinou que 70% dos agentes permaneçam trabalhando. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), representantes dos grevistas vão se reunir para delimitar novas formas e seguir com o movimento. Enquanto os servidores não entram em acordo com o governo, a população continua prejudicada. Em alguns casos, nem as ocorrências feitas pela internet são eficazes.
Na última quinta-feira, Gustavo Ferreira Moreira, 29 anos, sofreu um acidente de trânsito próximo à Feira do Guará. A colisão estragou toda a lateral do Ford Ka dele. Com a paralisação dos policiais, o microempresário não consegue registrar a ocorrência de trânsito sem vítima. Sem o documento, ele não pode acionar o seguro do automóvel para consertar o carro. ;Tentei fazer pela internet, mas não consigo imprimir a ocorrência porque não fazem a homologação enquanto houver greve. Vou ficar amarrado até essa paralisação acabar;, conta.
Gustavo questiona o serviço on-line do site da Polícia Civil. ;As pessoas têm a doce ilusão de que podem resolver os problemas pela internet. Mas o protocolo da ocorrência precisa de 24 horas para entrar no sistema e, mesmo assim, não pode ser impresso porque não é homologado;, reclama. Enquanto não consegue resolver o problema, Gustavo anda com um plástico cobrindo a janela do carro, que foi quebrada com o acidente.
Sem perícia
A assistente social de 69 anos sequestrada na SQN 106 e abandonada nas proximidades de Santa Maria, no último dia 24, continua prejudicada com a paralisação. Até hoje, ela não conseguiu reaver o Honda Fit. O veículo foi encontrado dias após o crime, mas está no pátio da 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas). ;Com a greve, não tem quem faça a perícia e o carro fica registrado no sistema como roubado. Enquanto isso, minha mãe tem que andar de táxi;, contou a filha da idosa, que preferiu não se identificar.
De acordo com o vice-presidente do Sinpol-DF, Luciano Marinho, amanhã, o sindicato vai se reunir com representantes das delegacias para debater a decisão do TJDFT . ;Queremos delimitar novos parâmetros para dar prosseguimento à greve. Vamos manter o movimento, mas seguindo as determinações do Tribunal de Justiça;, garantiu Marinho. Na manhã de ontem, o Correio percorreu várias delegacias do DF, mas, apesar da determinação do tribunal ter sido saído na sexta-feira, os agentes informaram que o efetivo é reduzido porque, nos fins de semana, as unidades funcionam em escala de plantão.
Ação
O TJDFT considerou ilegal a greve dos policiais e determinou que 70% agentes trabalhem. A decisão atende uma ação do MPDFT, ajuizada no último dia 24. O Ministério Público alega que o sindicato tenta ;mascarar; um movimento grevista único com paralisações intercaladas. Isso porque os policiais optaram pela greve no último dia 27, após duas paralisações de 72h.