Pouco mais de um mês após a morte da menina Fernanda Pires, 10 anos, estudante do Colégio Marista, na 609 Sul, os pais dos alunos ainda estão preocupados. Dúvidas de como proceder em caso de a criança apresentar algum sintoma provocado pelo micro-organismo ou o que fazer se o filho ou a filha esteve em contato com a vítima da bactéria Streptococcus pyogenes surgem a todo momento. Para tentar esclarecer essas e outras questões, a direção da instituição convidou profissionais da área de saúde e realizou na manhã de ontem uma reunião com os responsáveis pelos alunos sobre o tema. Os participantes elogiaram a iniciativa e confessaram sair mais tranquilos do encontro.
A direção do Colégio Marista convidou o médico sanitarista da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde Roberto Dusi. Ele reforçou que não há motivo para pânico e apresentou dados americanos que apontam a incidência de um caso grave do contágio da bactéria Streptococcus pyogenes a cada 200 mil habitantes. ;Se pegarmos a população do Plano Piloto por exemplo, são dois casos em crianças na faixa etária escolar para 400 mil pessoas;, exemplificou. Dusi fez um apelo para que os pais não usem medicamentos antimicrobianos sem orientação médica.
A coordenadora do Núcleo de Controle de Infecções Hospitalares do Hospital Santa Lúcia, Maria Aparecida dos Santos Teixeira, convidada para fazer parte do evento, explicou que não há uma correlação entre os cinco casos de morte no Distrito Federal desde agosto. ;Ainda não sabem a tipagem, há estudos em andamento para saber se todos os casos são do mesmo tipo e, levando em conta esses exemplos dos Estados Unidos, o limite de casos não foi extrapolado.; Maria Aparecida fez um alerta aos pais para que os filhos adotem cuidados como lavar as mãos e fiquem atentos a sintomas como febre, dor no corpo e de cabeça e falta de ar.
Durante duas horas, os pais ouviram os especialistas e tiraram dúvidas. A educadora física Stefânia Rachid, 46 anos, moradora da Asa Sul, tem dois filhos de 9 e 12 anos que estudam na escola e saiu de lá satisfeita. ;Ações como essas são fundamentais porque nós, pais, ficamos em pânico. Essas informações mais precisas nos tranquilizam. Agora, estou mais calma.; Ela esclareceu questões como fazer a higienização correta e a imunização das crianças.
Mãe de um menino de 7 anos, a administradora Adriana Jansen Alencar Fabrício, 37 anos, moradora da Asa Sul, aprovou a atitude da direção do Colégio Marista. A diretora educacional da instituição, Cláudia Princhak, adiantou que pretende fazer outros encontros. ;Um momento como esse é pensado para acalmar e dar mais segurança aos pais. A escola está segura e apoiada pelos órgãos de saúde. Essa é apenas mais uma iniciativa que tomamos.; Conforme e diretora, o cuidado com a limpeza foi redobrado, além de aumentado o número de funcionários, que estão disponíveis para esclarecer outras dúvidas.
Quatro mortes
A Streptococcus pyogenes é frequentemente encontrada nos seres humanos e, quando o indivíduo está com baixa imunidade, ela pode provocar vários problemas, o mais comum deles é a faringite (dor de garganta). Desde agosto, a Secretaria de Saúde confirmou quatro mortes em decorrência do contágio com a bactérioa. Outros casos também são investigados.