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Câmara analisa pedido do PSol de investigar governador Agnelo Queiroz

postado em 08/11/2011 06:33
[FOTO1]A Mesa Diretora da Câmara Legislativa deve analisar hoje um pedido, feito ontem pelo PSol, para que os distritais apurem supostas irregularidades cometidas pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, quando estava à frente do Ministério do Esporte, onde criou o programa Segundo Tempo. Ontem, o Partido Socialismo e Liberdade solicitou formalmente ao presidente da Casa, Patrício (PT), que abra uma investigação para apurar o suposto desvio de recursos públicos. Amanhã, o Democratas promete apresentar pedido de impeachment do governador, e até sexta-feira será a vez de o PSDB requerer a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa.

O pedido do PSol tem poucas chances de ser aprovado. Além do presidente da Câmara, integram a Mesa Diretora os deputados Raad Massouh (DEM), Aylton Gomes (PR), Dr. Michel (PSL) e Joe Valle (PSB). Patrício e os dois últimos são da base governista. Raad e Aylton se declaram independentes, mas costumam votar com o governo. Além disso, na semana passada 19 dos 24 distritais assinaram uma carta de apoio ao governador. A oposição não tem conseguido nem sequer as oito assinaturas necessárias para protocolar um pedido de abertura de CPI. O PSol, autor do pedido, nem sequer tem representante no Legislativo local.

;O Patrício se comprometeu conosco e disse que irá submeter o pedido à Mesa Diretora, que se reunirá na tarde desta terça-feira (hoje);, afirmou o presidente regional do PSol, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho ; que disputou com Agnelo a corrida ao Buriti do ano passado. Segundo ele, a investigação poderia ser realizada por meio de uma CPI ou mesmo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

O presidente da Câmara afirmou que a Casa seguirá a Constituição Federal, a Lei Orgânica do DF e o regimento interno da Casa. ;É preciso ter oito assinaturas para abrir uma CPI. Não adianta um partido político tentar fazer diferente. A CCJ, por sua vez, só tem poder de convidar um gestor a depor desde que aprovada pela comissão;, explicou Patrício. Segundo o petista, os supostos fatos tratam da gestão de Agnelo em órgãos federais e, por isso, não podem ser tratados pela Câmara Legislativa. ;Vou me portar como presidente da Casa e manter a serenidade e a isenção que o cargo demanda. Não vou ceder à pressão de ninguém;, afirmou.

De acordo com as denúncias, Agnelo estaria envolvido no mesmo suposto esquema que derrubou, no mês passado, o então ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB). De acordo com reportagem divulgada pela revista Época, processo em tramitação na 10; Vara Federal, em Brasília, contém grampos telefônicos e documentos que apontam ligação entre Agnelo e o policial militar João Dias, pivô das denúncias contra o ex-ministro. Procurada, a assessoria de imprensa do governador informou que não iria se manifestar sobre os pedidos.

;Equívoco;
Outros integrantes da bancada do PT também saíram em defesa de Agnelo. O deputado Chico Vigilante desaprovou a postura do PSol. ;Conheço os militantes do PSol, muitos oriundos do PT, e lamento profundamente o equívoco que cometeram, quando vieram a esta Casa Legislativa divulgar uma nota pífia, sem nenhum fundamento, e ainda avisaram que entrarão com pedido de impeachment contra o governador;, disse o distrital.

O líder do governo na Casa, Wasny de Roure (PT), disse confiar no governador. ;Nós, da base, tivemos uma longa conversa com ele na semana passada e saímos muito tranquilizados. As demandas que existem da época do Ministério do Esporte e da Anvisa estão sendo tratadas nas esferas adequadas;, afirmou. Para o líder, a tentativa de levar as investigações para o nível local é um jogo de cena. ;O PSol, no Congresso Nacional, tem acesso a muitas informações e não trouxe nenhuma novidade. Ou não existem provas, ou eles são incompetentes.;

A deputada Celina Leão (PSD) tenta conseguir oito assinaturas para abrir a CPI do Segundo Tempo, mas até agora só conseguiu cinco. Desde ontem de manhã, ela também tenta ouvir na Câmara o depoimento de Daniel Tavares. Ele acusa Agnelo de ter recebido propina, quando dirigia a Anvisa, para beneficiar a empresa de produtos farmacêuticos na qual trabalhava. ;É muito grave. Ele tem comprovante de depósito e sugere a quebra de sigilo telefônico;, diz Celina. ;Numa tentativa torpe, a deputada tenta envolver o governador em supostas denúncias. Falar em propina via transferência bancária é zombar da inteligência das pessoas;, disse Chico Vigilante. Segundo o petista, Agnelo processará a deputada por calúnia e difamação.

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