Cidades

UnB estuda adotar catracas em câmpus e controle de acesso gera polêmica

postado em 12/11/2011 15:30
O acesso ao Instituto Central de Ciências, o Minhocão, encontra-se limitado hoje apenas por portões, que permanecem abertos ao longo do dia
A Universidade de Brasília (UnB) reforçará a segurança no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. A direção do Centro de Manutenção de Equipamentos Científicos (CME) elabora um edital para a contratação de duas empresas responsáveis por prestar uma consultoria e apontar soluções para tornar o lugar mais seguro. O controle do acesso por meio de catracas e de cancelas e a presença de policiais militares estão na pauta de discussão e provocam polêmica entre a comunidade acadêmica. Após a aprovação das propostas, será desenvolvido um plano de segurança para a instituição.

Um termo de referência foi elaborado para indicar as necessidades da UnB. Os consultores analisarão, por exemplo, a possibilidade de instalação de um circuito fechado de TV e de um sistema de alarme, além de avaliarem a iluminação no câmpus. As empresas deverão elaborar projetos que contemplem toda a área da universidade. ;Elas precisam se inteirar da nossa rotina e nos indicar quais os melhores métodos e as tecnologias para tornar a UnB mais segura. O nosso objetivo é oferecer mais qualidade aos frequentadores;, explicou o diretor do CME, Hallen dos Anjos.

Desde agosto, 30 câmeras auxiliam na segurança do local. Para o próximo ano, mais 500 equipamentos devem ser adquiridos. ;A universidade vem desenvolvendo um projeto de segurança e tomando medidas desde 2009, como a criação do Conselho de Segurança. Essas intervenções ocorrem independentemente de o plano estar pronto ou não;, revelou a decana de assuntos comunitários, Carolina Cássia Santos. Além da instalação dos aparelhos, a iluminação foi reforçada e funcionários, capacitados. Segundo ela, a segurança se desenvolve de acordo com a expansão da universidade.

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Atualmente, cerca de 490 porteiros, 129 vigilantes e 130 servidores fazem a segurança da UnB. Além disso, 12 policiais militares reforçam o trabalho na área, com rondas durante o dia e a noite. Apesar do policiamento, a instituição registrou 20 furtos de equipamentos da universidade, 12 de bicicletas e 26 no interior de veículos, entre julho e outubro deste ano (veja quadro). Também foram registrados um furto de veículo e um atentado violento ao pudor no mesmo período.

Polêmica
Estudante do 3; semestre de letras, Judith Diogo, 20 anos, moradora do Núcleo Bandeirante, não concorda com alguns pontos levantados pelo plano de segurança. Ela rechaça a presença de policiais militares no câmpus. ;A abordagem que terão não é compatível com o que a universidade precisa;, argumentou. Além disso, ela acredita que limitar o acesso aos prédios e aos estacionamentos vai contra os preceitos da UnB. ;A universidade é aberta, universal. Há aqueles que não fazem parte da academia, mas contribuem para a vida acadêmica. Isso é bastante complicado e pode atrapalhar a circulação.;

Já o aluno do 4; semestre de engenharia elétrica Haigo Porto, 19 anos, morador da Asa Norte, não se incomodaria em passar por um controle para entrar no Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão. Para ele, o plano é importante para preservar a universidade e os frequentadores. ;A UnB é muito aberta e precisa haver esse policiamento. Também não sou contra a presença de policiais militares aqui, mas eles devem passar por um treinamento e precisam entender como é o funcionamento da instituição, precisam conhecer a rotina dos estudantes;, alertou.

O chefe do Departamento de Geografia, Fernando Sobrinho, está na universidade há mais de 10 anos. Quando fez o mestrado, na década de 1990, não havia grades nos prédios. ;Com certeza, a segurança melhorou nos últimos anos, antigamente quase não havia cursos noturnos e, à noite, era muito ermo, muito isolado;, contou. Segundo ele, essa questão deve ser discutida com a comunidade acadêmica. ;Esse tipo de plano deve existir mesmo para garantir a segurança dos estudantes e dos servidores e, com as câmeras, já houve uma diminuição sensível das ocorrências. Mas é claro que vai haver divergência de opiniões, como no caso de fechar as portas dos prédios. A universidade é aberta, essa questão deve ser formulada com bastante cuidado;, disse.

Câmpus vulnerável
Crimes cometidos na UnB nos últimos quatro meses:

Atentado violento ao pudor - 1
Furto/roubo/extravio de patrimônio - 20
Furto de bicicletas - 12
Furto de veículos - 1
Furto no interior de veículos - 26

O que está em discussão
; Controle de acesso a estacionamentos e a prédios (poderá ser feito por meio de catracas e cancelas, apresentação de cartão ou identificação biométrica).
; Circuito fechado de TV.
; Iluminação.
; Sistema de som e alarme.
; Presença da Polícia Militar.

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