postado em 14/11/2011 06:30
O corpo do assistente funerário Rafael Alves da Conceição, 20 anos, foi localizado pela Companhia de Salvamento Aquático do Corpo de Bombeiros, às 14h de ontem. Ele desapareceu na tarde de sábado, quando praticava, pela primeira vez, o esporte stand up paddle (SUP), no Lago Paranoá. Os dois amigos que o acompanhavam no momento do acidente contaram que viram o jovem pela última vez por volta das 16h, quando Rafael começou a afundar. Ambos tentaram salvar, sem sucesso, o colega. O trabalho de resgate foi suspenso às 19h30 de sábado e retomado às 7h30 de ontem. Quatro embarcações e 11 mergulhadores participaram da ação. Este é o 16; óbito registrado nolago em 2011. Depois de varrer uma área de aproximadamente 10 mil metros quadrados, os bombeiros encontraram o jovem a 100 metros do Clube Naval, de onde partiu com a lancha alugada no Clube do Vento. Chamou a atenção o fato de a área demarcada ser praticamente a mesma onde, em 22 de maio deste ano, o barco de festas Imagination naufragou matando nove pessoas. A embarcação estava superlotada.
Rafael foi localizado pelos mergulhadores entre cinco e sete metros de profundidade ; parte rasa do espelho d;água, se for considerado que o ponto mais fundo do Lago Paranoá tem 38 metros. Constatação que, segundo o capitão do Corpo de Bombeiros Luis Cláudio da Fonseca Franco, responsável pelas buscas, reforça a tese de que a vítima não sabia nadar. ;Pela distância da margem, uma pessoa com algum conhecimento de natação provavelmente conseguiria chegar até um ponto seguro. Isso serve de alerta para que as pessoas sempre utilizem coletes salva-vidas antes de praticar qualquer atividade na água;, orientou. Rafael vestia uma bermuda azul com listras pretas e estava sem camisa ao ser localizado. A perícia do Instituto de Criminalística, da Polícia Civil, foi acionada em seguida. O laudo apontará se o jovem morreu afogado ou bateu a cabeça em algo antes de cair. A prancha também passou por análise.
Termo
De acordo com testemunhas, antes de entrar na água, Rafael recebeu instruções sobre como manejar a prancha e o remo, além de assinar um termo de responsabilidade. Em um modelo cedido por instrutores do esporte ao Correio consta cláusula que trata da ocorrência de acidentes. No documento, quem deseja praticar o stand up paddle com instrumentos alugados deve concordar com os seguintes termos: ;Tenho consciência que sou o único responsável pelas consequências resultantes da prática do SUP, que me encontro em perfeitas condições de saúde e também isento este estabelecimento por qualquer tipo de acidente comigo;.
No entanto, para o delegado-chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), Anderson Espíndola, dependendo das circunstâncias, a empresa pode, sim, ser responsabilizada. Segundo ele, embora seja cedo para explicar o que aconteceu, James Radde, o homem que alugou a prancha para Rafael, pode ser indiciado. ;Ele pode responder na modalidade culposa por ter sido imprudente. Se preocupou em fazer com que o rapaz assinasse um termo de responsabilidade, mas não teve o cuidado de oferecer a ele um colete. É a mesma coisa se o passageiro do banco do carona não estiver usando o cinto de segurança, quem vai pagar a multa é o dono do carro;, afirmou o delegado, que abriu inquérito para investigar o caso.
Além de James Radde, duas pessoas que presenciaram o acidente foram ouvidas informalmente por agentes da 1; DP na tarde de ontem. Uma delas é Paulo César Nogueira Avelar, amigo da vítima. Outro praticante de SUP, Celino Teixeira Tenório, 42 anos, estava a cerca de 20 metros de Rafael quando o viu escorregar da prancha e desaparecer nas águas do Lago Paranoá.
Rafael morava com os tios, em um apartamento na 214 Sul. Os parentes acompanharam toda a operação de busca no Clube Naval, no Setor de Clubes Sul, mas não quiseram falar com a imprensa. O jovem trabalhava na Funerária Alvorada, localizada a poucos metros de casa, na 414 Sul. Ninguém informou quando será realizado o sepultamento.
Pela distância da margem, uma pessoa com algum conhecimento de natação provavelmente conseguiria chegar até um ponto seguro"
Luis Cláudio da Fonseca Franco, capitão do Corpo de Bombeiros