O impasse entre funcionários e representantes da Companhia Energética de Brasília (CEB) continua afetando o fornecimento de energia aos brasilienses. Desde o último dia 3, os servidores estão em greve. Apenas 30% dos funcionários trabalham em escala de plantão. De acordo com a estatal, pelo menos mil reclamações estão em aberto. O montante conta as queixas dos últimos dias. Na tarde de ontem, representantes dos servidores e da CEB participaram de uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A proposta da empresa será apresentada aos grevistas amanhã. Enquanto isso, a paralisação continua.
Em algumas quadras do Lago Sul, a energia foi interrompida por volta das 13h de ontem. De acordo com moradores, o problema começou após uma chuva. Até as 20h30, as QLs 14 e 16 permaneciam no escuro. A aposentada Genoveva de Oliveira, 70 anos, ligou diversas vezes para a CEB, em vão. ;Eles só falam que estão em greve. Nunca nos dão uma previsão. Estamos na capital federal e temos órgãos importantes aqui. Isso é uma vergonha;, desabafou. Na QL 16, o problema era o mesmo. ;O que mais me revolta é ligar e eles não nos darem sequer uma previsão. Isso é uma falta de respeito com o usuário. Estou com cinco netos que vieram passar o feriado comigo e estamos às escuras;, disse o morador José Carlos Ferreira, 64. A cena também se repetiu na QL 18.
No último domingo, os prejudicados foram os moradores da QNM 38, em Taguatinga Norte. A quadra ficou nove horas sem fornecimento de energia. Às 6h30, um forte vento fez com que dois fios da rede elétrica se chocassem. ;Foi uma explosão muito alta. Eu acordei no susto e corri para o quarto dos meus filhos pensando que era algo dentro de casa;, contou Edilson de Sousa França, 34 anos. Além do banho gelado, o bombeiro precisou abrir o portão eletrônico manualmente. ;Sem contar que ficamos totalmente desligados de tudo. Sem luz, não conseguimos fazer nada. Meus filhos não puderam assistir z televisão ou jogar videogame;. Edilson tentou contactar a CEB duas vezes, até que, por volta das 15h30, funcionários da empresa foram à quadra reparar o problema.
No lava a jato de Carlos Henrique Ferreira Bastos, 37 anos, o prejuízo acumulado ao longo do período foi grande. ;Deixei de atender, pelo menos, 20 lavagens. A minha mulher e a minha filha precisavam fazer nebulização e não puderam. Eu já nem ligo mais para a CEB, pois eles nunca resolvem o problema rapidamente;, reclama. Outra loja afetada na QNM 38 foi a lan house de Jayme Benigno dos Santos, 44. ;Perdi muitos clientes. Coloquei uma cadeira em frente ao meu comércio e fiquei dispensando todos. Queda de energia aqui em Taguatinga é constante. Com a greve, fica tudo pior;, disse.
De acordo com a assessoria de imprensa da CEB, a companhia conta com 42 equipes de emergência, mas, com a paralisação, o número não passa de 16. Com isso, pelo menos mil chamados ficaram em aberto na manhã de ontem. A prioridade, segundo a assessoria, são as quedas de postes, casos em que rede elétrica fica exposta no chão, transformadores queimados, grandes regiões, hospitais e o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.