Cidades

Começam a ser definidas as regras para o Lago Paranoá para 2012

postado em 16/11/2011 06:32
As regras que estão sendo discutidas para normatizar o uso do Lago Paranoá devem sair do papel no começo do próximo ano. Só neste ano, 16 pessoas morreram naquelas águas. Como divulgado ontem pelo Correio, atualmente não existe legislação que especifique as normas para esportes, como stand up paddle (SUP). No sábado passado, o assistente de funerária Rafael Alves da Conceição, 20 anos, se afogou no espelho d;água durante a prática dessa modalidade esportiva. Dois dias antes, o governador Agnelo Queiroz assinou o Decreto n; 33.323 autorizando a criação de um grupo de trabalho que vai estabelecer diretrizes para quem utiliza o espaço. De acordo com o capitão do Corpo de Bombeiros Luís Cláudio da Fonseca Franco, as reuniões já começaram e, até janeiro do ano que vem, as novas regras devem ser colocadas em prática.

O oficial lembra que, atualmente, existem determinações da Marinha do Brasil, mas elas dizem respeito somente a embarcações. ;Vamos avançar e aproveitar uma lei distrital para especificar áreas de uso e aumentar a segurança. Assim será possível cobrar mais e exigir regras para modalidades novas como o SUP;, analisou. A intenção não é sobrepor o que é especificado pela Marinha, mas clarear a forma como as normas podem ser aplicadas, em quais pontos e por quem. ;Do jeito que está, existem várias brechas que impossibilitam a fiscalização. Fica uma situação meio intermediária, é ruim. Com o grupo, vamos avançar na definição de novos perfis. Vamos delimitar a velocidade das lanchas em alguns lugares, estabelecer locais próprios para banhistas e organizar os espaços para aplicar a legislação;, explicou o capitão do Corpo de Bombeiros.

O presidente da Federação Náutica de Brasília, Marcos Carraca, afirmou que também tem representante na comissão para ajudar a concluir o documento. Ele avalia que os acidentes no lago acontecem em decorrência do aumento do uso do local, e caracteriza como ;fatalidade; a morte de Rafael Alves da Conceição. ;O lago proporciona lazer e qualidade a todos que queiram utilizá-lo. Os coletes são oferecidos. Existe uma norma entre os próprios estabelecimentos que alugam a prancha exigindo que os coletes e o scraps (cordas que prendem a prancha ao tornozelo do surfista) sejam usados. As pessoas que se recusam a usar fazem isso por uma convicção pessoal e assinam um termo de responsabilidade;, destacou.

Esporte arriscado

Amigos e familiares se despediram, na manhã de ontem, de Rafael Alves da Conceição, 20 anos. O velório de Rafael começou às 9h30, na Capela n; 2 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O sepultamento terminou por volta das 11h. Os tios que criavam o jovem e as três irmãs não quiseram comentar a tragédia, mas a psicóloga Carolina Peres, 65, a quem ele tratava como avó, afirmou que esperava mais segurança para um esporte praticado no Lago Paranoá.

Carolina cuidou da tia de Rafael, Élcia Xavier, por mais de 30 anos, e convivia com a família diariamente. ;Ele me chamava de ;avó de coração;. Era muito doce, prestativo. Quando ia lá para casa, me ajudava com as compras;, lembrou. Ela confirmou que o rapaz não sabia nadar e que era muito tímido. ;Ele deve ter ficado com vergonha de admitir para os amigos que não tinha nenhuma prática na água. Por isso, acredito que o instrutor não poderia tê-lo deixado entrar no lago sem colete salva-vidas. Era a primeira vez que praticava o esporte. Esperava regras mais rígidas.;

No momento do acidente, o assistente funerário não utilizava nenhum dos dois equipamentos de proteção do esporte. Ele estava sem o colete salva-vidas e o scrap. Embora testemunhas afirmem que o grupo de amigos que alugou o material tenha recebido instruções antes de ir para a água, o chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), Anderson Espíndola, vai investigar o caso. Se for comprovada negligência, o empresário James Radde, proprietário do estabelecimento onde o material foi alugado, pode ser indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Hoje, o delegado pretende colher o depoimento de Radde e outros funcionários do clube.

" Ele era muito tímido. Deve ter ficado com vergonha de admitir para os amigos que não tinha nenhuma prática na água. Por isso, acredito que o instrutor não poderia ter deixado ele entrar no lago sem colete salva-vidas. Era a primeira vez que praticava o esporte. Esperava regras mais rígidas

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