Cidades

Empresa que levou passageiros para Aparecida diz que arcará com prejuízos

postado em 17/11/2011 06:33
Uma casa humilde, numa rua de terra no Condomínio Pôr do Sol, em Ceilândia, abriga a sede da El Shadai Transporte e Turismo. Não existe fachada ou qualquer sinal de que ali funciona uma empresa. Na porta da residência sem pintura e com portão cinza, a brita espalhada serve de estacionamento. Era onde o ônibus de dois andares envolvido no acidente ficava parado quando não estava na estrada. Moradores das proximidades relataram ao Correio que outras quatro vans completam a frota da El Shadai. Na tarde de ontem, nenhuma delas estava no local.

Apesar das instalações precárias e das irregularidades cometidas na viagem a Aparecida (SP), a firma é registrada no Ministério do Turismo e tem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). O veículo contratado pelo grupo de 48 católicos de Santo Antônio do Descoberto tinha capacidade para 54 passageiros. A negociação da viagem foi feita por Edmilson dos Santos, o Dicas, dono da Ldtur, uma empresa de turismo local. Cada pessoa pagou R$ 485 pela excursão, somando um valor total de R$ 23.280. O acerto foi feito com o sócio do estabelecimento comercial, Izaque Correia de Almeida, que conduzia o ônibus no momento do acidente.

Para garantir que a vida dos passageiros e o patrimônio da empresa fossem resguardados, antes mesmo de o motorista sair do município goiano, um seguro de responsabilidade civil foi assinado pela El Shadai. Ontem, os R$ 2,6 milhões destinados a cobrir danos morais, danos materiais e de terceiros foram liberados pela seguradora. A empresa de transportes custeou hospedagem, alimentação e transporte dos sobreviventes da tragédia.

De acordo com o procurador da El Shadai, Jarley Brito Arruda, o estabelecimento pagará os custos dos enterros das 10 pessoas mortas. Ontem, às 14h, um ônibus foi alugado para que os sobreviventes do acidente possam retornar.

;Temos um seguro para isso. Se for preciso pagar indenizações, faremos isso;, disse Jarley Brito Arruda. Quanto à falta dos cintos de segurança, motivo pelo qual as pessoas teriam sido arremessadas pelas janelas do coletivo, o procurador alegou que o modelo do veículo era novo e contava com o equipamento de segurança. ;Antes do início da viagem, é feita uma orientação verbal aos passageiros;, garantiu. Porém, a responsabilidade do uso desse item é do motorista.

Logomarca
A Jovem Turismo reforçou ontem que, apesar de ter a logomarca estampada no teto do ônibus, a empresa não é responsável pelo veículo que tombou no interior de São Paulo. Segundo a companhia de turismo, o coletivo foi vendido a Izaque Correia de Almeida em 18 de fevereiro deste ano. ;Combinamos que íamos retirar a logomarca da empresa na entrega do ônibus, só que esse trabalho não foi feito em cima do carro. Foi um descuido;, esclareceu o gerente da Jovem Turismo, Rony de Oliveira Alves.

Ele informou que o coletivo tinha a documentação necessária para realizar viagens interestaduais. Porém, depois da venda, o estabelecimento enviou comunicados sobre a transação à ANTT e ao Detran.

Colaborou Roberta Machado

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