Após o acidente no Eixão responsável pela morte de uma jovem de 25 anos na última quinta-feira, motoristas e pedestres demonstram ainda mais preocupação com a insegurança na via. As principais reclamações passam pela imprudência e pela ausência de fiscalização. Tanto que quem anda a pé ou dirige pela DF-002 denuncia a falta de limpeza e de segurança nas passagens subterrâneas, o excesso de velocidade dos carros e a inexistência de agentes para monitorar a pista. Alguns também relatam que a faixa central é usada como retorno por condutores.
Os amigos Geraldo Ferreira dos Santos Filho, 30 anos, e Antônio Alves, 52, moram no Jardim Ingá, em Luziânia (GO), e trabalham na Asa Norte. Diariamente, os dois seguem de ônibus até a Avenida W3 Norte e descem a pé até a 406 Norte. Para chegar ao serviço, atravessam as faixas do Eixo Rodoviário. ;É um erro nosso atravessar por cima. Às vezes, é a pressa e a falta de atenção. Mas as passagens subterrâneas não têm segurança, principalmente à noite. Acabamos nos arriscando;, lamentou o auxiliar de serviços gerais Antônio.
Segundo Geraldo, muitos motoristas trafegam em alta velocidade ao longo da DF-002. Ele acredita que a falta de fiscalização estimula a imprudência. ;Melhor seria usar as passarelas subterrâneas, mas a situação é precária. A gente arrisca a vida e não vê nenhuma ação do governo para melhorar isso. É uma vergonha;, avaliou o ajudante de pedreiro.
O ciclista João Paulo Gomes Pereira, 30 anos, mora na Granja do Torto. Atleta profissional de mountain bike, todos os dias usa a faixa central do Eixão para treinamento. Convive, assim, com cenas de desrespeito às leis de trânsito. Segundo ele, é comum condutores e motoqueiros usarem o espaço central para fazerem retorno na DF-002. Apesar de usar capacete e outros equipamentos de segurança, o atleta teme pela vida porque não sabe o que pode acontecer durante o treino.
;Desisti de usar os acostamentos porque a imprudência dos condutores é enorme. Além dos vários pontos para acesso aos Eixinhos, ninguém se preocupa com o ciclista. Sempre estou alerta para qualquer acidente e tenho muito medo. Se existissem ciclovias nos canteiros centrais, essa situação não seria tão grave;, acredita.
Excessos
O agricultor Ancelmo José de Freitas, 43 anos, mora em Santa Maria e tem uma fazenda em Flores, cidade goiana localizada a 150km de Brasília. A cada 15 dias, passa pelo Eixão e se assusta com a imprudência de motoristas. Segundo ele, a falta de fiscalização e a falta de agentes de trânsito são os problemas mais graves na via. ;Ando sempre na faixa da direita a 80km/h e vejo como as pessoas não respeitam as leis. Sinto medo de andar por aqui porque nem os pardais intimidam os condutores. Mas não tem para onde fugir, qualquer outro caminho deixa a viagem mais longa. O governo precisa tomar alguma providência;, alertou.
Quem também está assustado com os excessos cometidos pelos motoristas é o cozinheiro Antônio Donizete Vieira, 40 anos. Morador de Valparaíso (GO), trabalha em um restaurante na 208 Norte e corta o Eixão, de carro, todos os dias para chegar ao serviço. Segundo ele, os motoristas dirigem em alta velocidade, freiam os carros na altura dos pardais e voltam a acelerar em seguida. Donizete também tem o hábito de colher mangas nas árvores dos eixos. Para isso, prefere atravessar as pistas do que a se arriscar nas passagens subterrâneas. ;Não uso as passagens porque falta segurança, iluminação e limpeza. As pessoas acabam arriscando a vida, é uma situação preocupante. Não sei como o governo fecha os olhos para esse problema. Alguém precisa fazer alguma coisa.;
Eu acho...
;Sinto medo de andar no Eixão, principalmente quando chove e à noite.
Os motoristas são muito imprudentes e, nessas duas situações, é muito fácil perder o controle do carro na pista. A gente até começa a evitar a via, porque teme que algum acidente ocorra. É uma situação péssima para os motoristas, os pedestres e os ciclistas. O governo precisa aumentar a fiscalização no local, melhorar a sinalização e estudar alguma medida para reduzir esses acidentes.;
Eduardo Fernandes, 45 anos,
comerciante, morador de Águas Claras
;A maioria dos acidentes no Eixão é causada pela imprudência dos motoristas, que não respeitam as leis de trânsito. Não sou a favor da construção de muretas ou de canteiros porque não será uma obra que mudará o comportamento dos condutores. Precisamos de fiscalização, mais agentes nas ruas
e consciência. As pessoas precisam ter mais cuidado ao volante, porque os veículos se transformam em armas letais quando são usados de forma irresponsável.;
Manoel Araújo da Silva, 45 anos,
mestre de obras, morador de São Sebastião
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