Cidades

Pesquisa aponta que moradores do Jardim Botânico têm alto padrão de vida

postado em 19/11/2011 08:42
Fernanda mudou-se para o Jardim Botânico em 2003 e não quer mais sair
O Jardim Botânico tem uma população com renda e escolaridade consideradas elevadíssimas. A maior parte dos moradores são servidores públicos e um em cada 10 é mestre, doutor ou fez alguma especialização. Em 98% das casas, há pelo menos um carro na garagem. Em contrapartida, a localidade com indicadores de alto padrão de vida carece de infraestrutura básica, como rede de esgoto e de água da chuva. O entrave em torno da regularização dos condomínios fez com que os próprios moradores firmassem parcerias para garantir o mínimo: água, luz e asfalto.

A área, que começou a ser ocupada irregularmente na década de 1990 e em 2004 virou região administrativa, foi a 22; a ter a radiografia traçada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) por meio da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad). Em 6.312 casas distribuídas em 23 condomínios fechados, vivem 22.726 pessoas, com faixa etária predominante (55,4%) entre 25 e 59 anos. Há mais mulheres (51,8%) do que homens (48,2%). Dos que não são candangos, a maior parte saiu do Sudeste (49,2%).

O tamanho das residências no Jardim Botânico impressiona: 60% delas têm mais de 150 metros quadrados e 85%, três ou mais quartos. A servidora pública Fernanda da Veiga, 44 anos, mudou-se para a região em 2003, quando asfalta era raridade e a caixa d;água era abastecida duas vezes ao dia por caminhões-pipa. ;Hoje não penso em sair daqui. É um lugar tranquilo e seguro;, diz Fernanda, casada com um economista com doutorado no currículo e mãe de duas filhas. A família, cuja renda beira os R$ 15 mil, tem diarista, como em 60% dos domicílios.

Apesar de os números darem à região administrativa ar de primeiro mundo, a presidente da Codeplan, Ivelise Longhi, destaca que a regularização dos condomínios é ;necessidade urgente;, para que a infraestrutura avance na mesma proporção da qualidade de vida dos moradores. O assistente de planejamento e ordenamento territorial da Administração do Jardim Botânico, Napoleão Miranda, lembrou que falta na região, por exemplo, posto de saúde e escola pública. ;Não podemos nos esquecer das pessoas que trabalham na residência;, afirmou, na coletiva de apresentação dos dados.

Irregulares
O levantamento indica que 81% dos domicílios são irregulares. Mas a Codeplan estima um percentual ainda maior, uma vez que quase ninguém dos que disseram ser donos da terra apresentou escritura. Além da questão fundiária, o trânsito se apresenta como outra grande complicação para os moradores dos condomínios. Por conta da ocupação desordenada, sem fiscalização por parte do governo, as vias são muito estreitas, sem acostamento, e não há muita opção para alargamento das pistas. Quase 70% dos habitantes trabalham no Plano Piloto.

A renda constatada no Jardim Botânico é a maior entre as 22 regiões já visitadas por técnicos da Codeplan. O salário médio da família encosta nos R$ 12 mil e o per capita: R$ 3,4 mil. O diretor de Gestão de Informações da companhia, Júlio Miragaya, observou que, diferentemente de outras localidades já pesquisadas, o Jardim Botânico não apresenta ;bolsões de pobreza;. Mas ele pondera: ;Em relação à infraestrutura, o quadro é preocupante. Os indicadores se aproximam dos encontrados em regiões com renda bem inferior;. Exemplo: 30% das casas não têm coleta de lixo regular.

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