Cidades

Estudante de escola pública de Santa Maria é baleado por provocar ciúmes

postado em 24/11/2011 08:34
A inveja pode ter sido motivo para uma tentativa de homicídio de um adolescente de 17 anos, estudante de uma escola pública em Santa Maria. Gabriel* levou três tiros pelas costas em um parque de diversões montado a 200 metros da escola. O crime ocorreu por volta das 7h15 de ontem, quando os alunos chegavam para assistir à primeira aula do dia. Um jovem de bicicleta teria se aproximado, atirado contra Gabriel e fugido logo em seguida, sem falar nada. Uma das hipóteses para a covardia é uma rixa pelo fato de a vítima ter fama de galã e ser admirada por várias meninas da escola. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido localizado pela polícia.

As balas acertaram as costas e o ombro da vítima. Uma delas atingiu o pulmão de Gabriel e ele precisou fazer uma drenagem para evitar hemorragia. Mesmo ferido, o menino conseguiu correr para a escola e pedir ajuda aos professores. O rapaz foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Na unidade de saúde, ele teria contado aos médicos que pode ter sido baleado porque conseguiu ;ficar; com uma menina desejada há muito tempo por outro estudante, provável autor dos disparos.

Surpresos
Gabriel deverá ficar pelo menos cinco dias internado, de acordo com os médicos, e não corre risco de morte. Familiares do estudante afirmaram desconhecer os reais motivos para o crime. ;Ninguém sabe o que aconteceu. Pode ter sido alguém que tem inveja dele, mas ainda está tudo confuso;, disse o irmão da vítima, de 22 anos, ao Correio. No colégio em que o rapaz estuda, colegas de sala disseram estar surpresos com o ocorrido. ;Ele é supertranquilo, não mexe com droga nem nada, mas muitos meninos têm ciúme porque ele é muito bonito;, garantiu uma colega de 17 anos.

O comerciante Elias Ferreira de Araújo, 52 anos, ouviu os tiros e viu quando um rapaz fugiu de bicicleta. ;Fiquei olhando aquela confusão de estudantes correndo, mas, como não vi ninguém sangrando, pensei que fosse coisa de menino jogando bombinha;, contou. No parque de diversões, os funcionários não quiseram comentar as características do atirador. ;Ver a gente viu, né? Mas nessas horas ninguém quer falar porque é arriscado;, disse um homem, sem se identificar. No local do crime, as marcas dos tiros podiam ser vistas na lataria de um quiosque. Moradores contaram que o espaço é constantemente utilizado por jovens para uso de drogas.

Medo
A violência de ontem deixou pais de alunos assustados. A escola em que Gabriel estuda não conta com policiamento fixo e o controle de entrada e saída dos jovens é feito apenas por um vigilante. Apesar disso, os pais entrevistados pela reportagem afirmaram presenciar constantes rondas da Polícia Militar na região. ;É a primeira vez que acontece essa situação por aqui. Sempre tem policial circulando, mas esse tipo de coisa deixa a gente com medo;, disse a vendedora Rosângela Alencar, 39 anos.

Segundo o diretor da unidade de ensino, Jefferson Cassiano Silva Júnior, Gabriel é um bom aluno e não tem histórico de violência ou envolvimento com drogas. ;É um garoto comunicativo, participativo, e nunca se meteu em confusão. Ele pode ter sido confundido com alguém;, acredita. O delegado da 33; Delegacia de Polícia (Santa Maria), Guilherme Nogueira, não falou com a imprensa, mas policiais do 26; Batalhão da PM disseram ter um suspeito para o crime. Em denúncia anônima, uma pessoa contou que o suposto atirador teria roubado o boné da vítima na semana passada, mas Gabriel teria conseguido recuperá-lo. O suspeito indicado seria o mesmo estudante enciumado por Guilherme ter conquistado uma moça. Se encontrado, o autor dos disparos responderá à Justiça pelo crime de tentativa de homicídio, crime com pena que varia de seis a 20 anos de reclusão.


* Nome fictício em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente

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