postado em 25/11/2011 07:14
Às 14h de hoje, o professor de direito Rendrik Vieira Rodrigues se sentará no banco dos réus do Tribunal do Júri de Brasília. Ele participará da primeira audiência de instrução do caso em que aparece como assassino confesso da estudante Suênia Farias de Sousa, 24 anos. A jovem morreu com três tiros em 30 de setembro. Rendrik não aceitava o fim do relacionamento de 11 meses com a vítima. Os advogados de defesa dele entraram com um pedido de liminar em habeas corpus para suspender a audiência, mas acabou negado ontem pelo desembargador Romão Oliveira.Laudo cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML), obtido com exclusividade pelo Correio, revela que o professor atirou na vítima com o cano da arma encostado na barriga dela. Para o advogado Pedro Calmon, assistente de acusação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o resultado revela frieza. ;Foi um tiro encostado, com instinto de perversidade, porque se faz uma ferida muito grande. O cano do revólver vira um maçarico;, disse. Para a irmã da vítima, a administradora Cilene Farias de Sousa, não há dúvida de que o disparo provocou sofrimento. ;Ele é um assassino frio e não pode ficar solto porque oferece risco para muita gente.;
Em depoimento na 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), o acusado disse que puxou o gatilho da pistola .380 no ;ímpeto;, após uma discussão com a vítima. Acrescentou ter comprado a arma duas semanas antes do crime na Feira do Rolo, em Ceilândia, pois estaria sendo ameaçado pelo marido da estudante. Mas Rendrik não registrou ocorrência. Para os investigadores do caso, a compra da arma e a execução foram premeditadas.
No dia do assassinato, o professor esperou Suênia no estacionamento da universidade dela, na 707/907 Norte, e, por volta das 15h30, pediu para conversarem. Os dois, então, entraram no carro do marido dela. Eles rodaram por vários pontos da cidade, até que estacionaram o veículo em frente ao Jóquei Clube. Rendrik ordenou que a jovem ligasse para o companheiro, com o viva-voz ligado. Suênia teria dito que reataria com o relacionamento, mas o acusado desconfiou que a moça mentia. ;Vou voltar para ele (o marido) mesmo. Você não me merece;, teria dito a moça, pouco antes de ser morta.
Depois de assassinar a estudante, Rendrik dirigiu com o corpo dela no carro por mais de uma hora. Ainda ligou para amigos advogados, inclusive para um colega delegado da 27; DP, para onde levou o cadáver. O professor acabou preso. Em relatório enviado à Justiça, o delegado da unidade policial Ulysses de Oliveira destacou a gravidade do crime. ;O autuado é advogado, professor universitário conceituado e, utilizando de todo o seu conhecimento na área jurídica, após muito raciocinar e de diversas consultas a advogados, tentou se livrar das garras da lei simulando uma apresentação espontânea;, sustentou a autoridade policial.
Pena máxima
O crime chocou o país e levantou a discussão sobre os recorrentes desrespeitos à mulher. De 2007 até setembro deste ano, as delegacias do DF registraram 34.749 ocorrências. Em todo o país, entre 1998 e 2008, houve mais de 40 mil vítimas. Para pedir a condenação do professor, cerca de 100 militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) organizam hoje uma manifestação em frente ao Tribunal do Júri de Brasília. A iniciativa faz parte do início da campanha de 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, de âmbito nacional. ;Vamos exigir pena máxima;, disse a secretária das Mulheres da entidade, Maria da Graça Sousa.
Na audiência de hoje, serão ouvidas oito testemunhas, todas arroladas pela acusação. A defesa do acusado não apresentou nenhuma de defesa em prazo hábil. Nenhum representante do acusado quis dar entrevistas. Para Cilene de Sousa, irmã da vítima, é momento de lutar por Justiça. ;Cada dia que passa é pior porque a saudade dela (Suênia) aumenta. Choro todos os dias, mas vou lutar para que a morte dela não fique no esquecimento e impune.;
FORAGIDO DETIDO
O ex-policial militar Roberto Magno de Alencar acabou preso no último dia 22, em uma fazenda no município de Marcelândia (MT). Ele era foragido da Justiça goiana desde 1999, por figurar como suspeito de matar a mulher, Vanessa Hamu Guimarães, em Formosa (GO). Os agentes da 11; Unidade de Inteligência da Polícia Civil de Goiás, responsáveis pela prisão, chegaram até o acusado por meio de uma denúncia anônima.