Roberta Machado
postado em 26/11/2011 08:20
As linhas futuristas de Brasília impressionavam quem chegava à cidade pela primeira vez, na década de 1960. Hoje, essas mesmas curvas foram traduzidas em objetos de uso cotidiano. As formas geométricas, as pombas e outros desenhos que estampam as paredes dos monumentos da cidade podem ser adquiridos pelos amantes de Brasília na forma de canecas, guarda-chuvas ou azulejos. São produtos criados pela Fundação Athos Bulcão, que promove um bazar em dezembro. Na próxima semana, também haverá o lançamento de um relógio que carrega as formas do Congresso Nacional criadas por Oscar Niemeyer.
Os objetos baseados na obra do artista plástico que coloriu a cidade com azulejos serão vendidos no bazar Athos de Classe, que ocorre em 8, 9 e 10 de dezembro no restaurante A Bela Sintra, na 105 Sul. Além dos produtos encontrados na loja da fundação que leva o nome de Bulcão, serão lançados no evento serigrafias, relógios, copos e peças exclusivas assinadas pelas grifes Ronaldo Fraga e Maria Bonita. A venda dos itens ajuda a garantir a continuidade da organização, que há quase uma década se empenha em manter o legado do artista.
Azulejos idênticos aos que compõem as paredes da Igrejinha e do Parque da Cidade também podem ser adquiridos, já que a fundação tem os projetos e a paleta de cor originais usados pelo artista. Mas a novidade são três gravuras que reproduzem os murais pouco conhecidos dos brasilienses: réplicas das paredes da Embaixada do Brasil em Buenos Aires, do Hospital Sarah Kubitschek de São Luís e do Memorial da América Latina. ;A fundação fez essas gravuras para que a memória seja preservada. Acho que é uma obrigação incentivar que Athos seja sempre lembrado, porque ele é uma instituição, um ícone brasileiro;, resumiu a curadora responsável pelo espaço que recebe o bazar, Celina Kaufman.
Na aquisição de peças ; que variam do lápis de R$ 3 ao jogo de xícaras vendido por R$ 150 ;, o brasiliense pode contribuir com a continuidade dos projetos mantidos pela Fundação Athos Bulcão. Para os integrantes da fundação, a impressão das obras de Athos em objetos de uso cotidiano contribui com o objetivo da organização, de divulgar e preservar a obra do artista. ;As peças são pequenas obras de arte, e essa é a ideia. Athos fazia a arte para o convívio de todos, e não para um público distinto admirar em galerias;, apontou Carla Queiroz, coordenadora de pesquisas e projetos da fundação.
Todo o dinheiro arrecadado no bazar será usado para manter os projetos da fundação, que depende de patrocínio para se manter. Além de documentar a história do artista e orientar reparos nos painéis e outras obras espalhadas por Brasília, a organização mantém iniciativas culturais que tornam a arte e a cultura acessíveis à comunidade. ;Promovemos muitos projetos sociais, fazemos exposições itinerantes pelas escolas públicas de Brasília e damos palestras sobre a importância da preservação;, enumerou Carla.
No pulso
A obra de Oscar Niemeyer, marca registrada da capital federal brasileira, aparece em diversos prédios ao redor do mundo, sempre com o inconfundível traço do artista das curvas em concreto. Mas, em vez do material tradicional, engrenagens e couro compõem a mais nova peça que ganha o aval do arquiteto centenário: as linhas ousadas de Niemeyer foram traduzidas para um relógio de edição limitada. Serão apenas 104 unidades, representando os anos vividos pelo criador dos monumentos que traduzem Brasília.
O relógio foi concebido como uma forma de homenagear a capital no seu cinquentenário, mas o tempo consumido pelo projeto atrasou o lançamento. Foram dois anos de estudos e modificações, aprovadas pelo próprio arquiteto homenageado. O resultado foi uma peça com ponteiros em verde e amarelo e engrenagens à mostra, que escondem a silhueta do Congresso Nacional no verso. O projeto, batizado de Aero Bang Niemeyer, é assinado pelo suíço Marco Tedeschi, a serviço da marca Hublot.
;Queríamos fazer uma homenagem a Brasília. Imediatamente procuramos uma maneira de chegar até Niemeyer, e ele adorou o projeto;, contou Diomédio Santos, diretor da joalheria Grifith, a revendedora do produto em Brasília. A peça número 1 da série foi doada para o próprio Instituto Oscar Niemeyer e será conservada como peça de museu. Segundo os criadores do acessório, a qualidade suíça de fabricação garante que ele tenha vida longa. ;Ele pode durar até 300 anos. É uma peça de muita complexidade, que pode levar de seis meses a um ano para ser montada;, esclareceu Diomédio.
Onde encontrar
Os produtos do bazar também podem ser adquiridos durante o ano todo na sede da fundação, na 208 Norte, ou pelo site /.