Cidades

Acidentes no Eixão retomam debate sobre necessidades de mudanças na via

Antonio Temóteo
postado em 28/11/2011 10:00
Cerca de 200 pessoas prestaram as últimas homenagens ao bombeiro Regis no cemitério de Sobradinho
No dia em que o segundo sargento do Corpo de Bombeiros Regis Leonardo Ferreira de Vasconcelos, 37 anos, foi enterrado no cemitério de Sobradinho, a discussão sobre as necessidades de mudança no Eixão voltou a ganhar destaque. Especialistas em urbanismo e trânsito ouvidos pelo Correio avaliam que, com o crescimento da cidade, a via precisa ser modificada para diminuir o número de acidentes. Apesar dos apelos, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) ainda não desengavetou os estudos que existem no órgão para ocupar a faixa central da pista.

O bombeiro seguia em um carro da corporação pelo Eixão, no sentido Norte-Sul. Por volta das 14h, ele perdeu o controle do veículo e atravessou a via na contramão. Só parou ao acertar uma árvore. A vítima morreu no local. Os três colegas que estavam com ele passam bem. Por detalhe, a Nissan Frontier da corporação não atingiu outro veículo de frente, a exemplo do Gol conduzido por Marina Monteiro de Queiroz Ravazzi, 25 anos. Ela perdeu a vida no mesmo local no último dia 17.

Para o engenheiro de tráfego e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Cesar Marques, o debate é importante, pois a DF-002 (Eixão) é uma via urbana com características de rodovia. Segundo o especialista, ela é convidativa para o excesso de velocidade, mas construir uma barreira na faixa central não seria interessante. Ele avalia que um muro de concreto evitaria colisões frontais, mas os acidentes ainda ocorreriam. ;Temos que entender o Eixão. A redução da velocidade de 80 km/h para 60km/h aumentaria o tempo de deslocamento entre uma ponta e outra em apenas três minutos. As pessoas acham que isso vai prejudicar o fluxo de carros, mas não é assim;, explicou.

Na opinião do presidente regional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Paulo Paranhos, o debate em torno de melhorias do Eixão não se limita a intervenções estruturais. Segundo ele, em autopistas europeias e norte-americanas, existem sinalizações e barreiras diferenciadas que não provocam grandes alterações físicas. ;Nos damos o luxo de morar em uma capital planejada e com projeto urbanístico muito competente. Mas, se você começa a fazer obras de improviso e não cuida das reais necessidades, terá uma série de problemas;, completou.

Emoção
O sepultamento do bombeiro Regis de Vasconcelos, no cemitério de Sobradinho, demonstrou o carinho que os parentes e os colegas de trabalho tinham por ele. Cerca de 200 pessoas participaram da cerimônia. A corporação prestou homenagens militares à vítima, com salva de tiros, toque de sirenes e lançamento de pétalas de rosa de um helicóptero.

O segundo sargento não era casado, mas deixou dois filhos, um de 9 anos e outro de 5. ;Ele era muito reservado e dedicado ao trabalho. Amava o Corpo de Bombeiros;, disse o irmão Rivarilton Vasconcelos, 41 anos.

A 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte) investigará as causas do acidente que tirou a vida do bombeiro. Segundo o delegado-chefe da unidade policial, Silvério Moita, o inquérito será instaurado hoje. O envolvimento de outro carro, além de possíveis falhas mecânicas no veículo e problemas na pista, serão avaliados. ;Vamos esperar o resultado da perícia para termos um embasamento técnico;, informou. O Corpo de Bombeiros também abrirá uma sindicância interna.

Insegurança
Com o acidente do último sábado, sete pessoas morreram no Eixão em 2011. Atualmente, 24 pardais vigiam os 80 mil veículos que trafegam diariamente na via. Apesar da vigilância eletrônica, até maio, o DER não mantinha agentes ao longo da pista. Em junho, 60 começaram a atuar no local. O órgão espera convocar, por meio de cadastro de reserva, mais 60 servidores em 2012.

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