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Crimes considerados graves são os que mais crescem na cidade

Levantamento da Polícia Civil aponta que a quantidade de homicídio, sequestro relâmpago e latrocínio cresceu nos últimos dois anos. Apesar de ainda em teste, programa pioneiro no Brasil deve agilizar a troca de informações sobre ocorrências fechadas e em andamento

Roberta Machado
postado em 30/11/2011 08:17

Dados da Polícia Civil do Distrito Federal revelam que, entre os crimes que mais cresceram nos primeiros 11 meses do ano, em comparação ao mesmo período de 2010, estão três considerados graves. A quantidade de latrocínios (roubos com morte) subiu de 39 para 52 ; um aumento de 33,3% ;, enquanto o de homicídios, de 611 para 674 (10,3%). O total de roubo com restrição a liberdade da vítima (sequestro relâmpago) saltou de 520 para 615 casos. Também está em ascensão o tráfico de drogas envolvendo crianças e adolescentes (veja arte).

O diretor-geral da Polícia Civil, Onofre Moraes, afirmou que, diante das estatísticas, apertará o cerco contra os bandidos. ;Os crimes, principalmente os fenômenos, como o sequestro relâmpago, e os mais violentos não são mais preocupação apenas das delegacias das áreas, mas da instituição. Nós vamos unir todas as forças para combatê-los;, garantiu. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou, por meio da assessoria de imprensa, que não teve acesso ao levantamento e, por isso, não se pronunciou.


O levantamento comprova o cenário de insegurança na capital federal. Aponta que o sequestro relâmpago apavora a população. Em 2011, 97 pessoas acabaram rendidas por criminosos apenas no Plano Piloto, sendo que 37 casos se concentraram na Asa Norte. Os índices apontam que dois ataques ocorreram na Universidade de Brasília (UnB) e outros dois, na comercial da 409 Norte. Mas há casos em vários pontos da área central. Uma aposentada de 69 anos, por exemplo, foi sequestrada às 19h, na 106 Norte, depois de estacionar o veículo embaixo de um dos blocos. Foi rendida por dois bandidos, um deles armado. Foi deixada na BR-040. O crime aconteceu em 24 de outubro.

Já o Paranoá detém o maior número de registros relativos a homicídios. Houve 114 nos dois últimos anos. O ranking é seguido por Santa Maria, onde 96 pessoas foram assassinadas no período. Logo abaixo está o P Norte, em Ceilândia, local de 87 homicídios. Assim como o sequestro relâmpago, as mortes são registradas com maior frequência a partir das 18h e antes da meia-noite, aos sábados e domingos. ;Isso ocorre muito aos finais de semana, porque temos poucos policiais nas ruas, não posso omitir. Não podemos mais continuar somente com um trabalho de segunda a sexta. Vamos ter polícia também aos sábados e domingos;, revelou Onofre de Moraes.

A quantidade de latrocínios também é preocupante. Na noite da última segunda-feira, um escrivão da Polícia Civil de 39 anos quase entrou para as estatísticas do crime. Ele levou dois tiros na Área Especial 12, no Núcleo Bandeirante, após uma tentativa de roubo. O policial foi levado para o Hospital de Base de Brasília (HBB) e passa bem. Segundo o delegado-chefe da 11; DP, Sandro Erlon Orlando, ele aguardava uma amiga em um carro estacionado próximo a um prédio, quando foi surpreendido por três assaltantes armados. Houve troca de tiros, e o escrivão acabou atingido no braço esquerdo e no peito. Um dos bandidos também ficou ferido.

Vigilância eletrônica
Um dos pontos vulneráveis no Plano Piloto é a Universidade de Brasília (UnB), alvo dos mais diversos crimes. Segundo os responsáveis pela segurança da instituição, foram instaladas há 3 meses câmeras de segurança nos locais mais visados no câmpus da Asa Norte. ;A nossa segurança é patrimonial, não temos poder de polícia. Temos servidores e contratos com duas empresas terceirizadas, mas eles são somente como porteiros e vigias;, afirmou o professor Davi Diniz, chefe de gabinete da reitoria da UnB. ;Mas, devido à demanda, temos tentado dar um treinamento melhor a eles para que respondam a situações de violência. Não há como considerar o problema de segurança da UnB como algo que possa se resolver sem o poder público;, concluiu.

O aluno de agronomia da UnB Diego Felipe Alves, 23 anos, se sente inseguro no câmpus. ;Ouvimos sempre falar de roubo de carro, sequestro, estupro. É complicado, porque ainda tem aluno que fica dormindo ou namorando no carro. Isso é perigoso;, alertou. Para evitar problemas, ele e a irmã, a estudante do 1; semestre de ciências sociais Natália Assunção, 19 anos, param o carro em áreas mais movimentadas.

Moradores da Asa Norte também reclamam da insegurança no bairro. O autônomo Mário Rodrigues, 53 anos, vive na 409. Ele aponta que a presença constante de usuários de drogas na quadra. Segundo Mário, mesmo com a instalação das câmeras de segurança, presentes no prédio há um ano, pequenos crimes continuam a ocorrer na vizinhança. Ele ressalta que parte da insegurança da área vem do movimento da comercial vizinha. ;É carro demais na quadra, e quase sempre os motoristas voltam bêbados e falando alto. Isso chama a atenção, e polícia aqui é muito raro;, reclamou.

Mais luz
Ao todo, mais de 50 mil estudantes, funcionários e usuários da universidade frequentam dia e noite o câmpus da Asa Norte, construído em um espaço de cerca de 500 mil metros quadrados. Os gestores da instituição, que não é cercada por grades, tentam frear a insegurança do local, com, por exemplo, a melhoria da iluminação pública.

Colaborou Antonio Temoteo

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