Cidades

Novacap identifica 12 pontos de alagamentos. Maioria fica na Asa Norte

postado em 30/11/2011 08:22
Bueiro com lixo no Setor Terminal Norte, onde na segunda-feira um alagamento deixou motoristas ilhados
As fortes chuvas no Distrito Federal deixam à mostra velhos e conhecidos problemas no escoamento da água. Com o passar dos anos e o crescimento das cidades, o sistema de drenagem das galerias pluviais tornou-se insuficiente. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) identificou pelo menos 12 pontos de alagamento em Brasília e nas regiões administrativas. Além disso, o lixo depositado nas ruas provoca entupimentos nos bueiros e atrapalha a vazão da água.

As quadras 202, 402, 209, 210, 211 e 212 Norte, além da via que passa em frente ao Setor Terminal Norte (STN), foram consideradas críticas pela Novacap. Na Asa Sul, a 601, a 602 e a 614 também apresentam problemas durante as chuvas. Além delas, técnicos do órgão identificaram pontos de alagamento na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), próximo à entrada de Vicente Pires, no Guará e no Varjão. Na última segunda-feira, o temporal pegou os brasilienses de surpresa e expôs a vulnerabilidade dessas áreas. Na 716 Norte, na via em frente ao STN, a água subiu até a metade de pelo menos oito carros e deixou ilhados motoristas e passageiros durante uma hora e meia. Essa situação se repetiu em algumas tesourinhas.

Há anos o mecânico Ivon Amaral, 51, morador da 209 Norte, assiste de perto aos problemas trazidos pelas fortes chuvas. ;Essa situação ocorre do mesmo jeito há bastante tempo. Costumo andar pela Asa Norte e não vemos equipes nas ruas trabalhando para desentupir bueiros, por exemplo. Eles continuam sujos do mesmo jeito;, alertou. Ivon também reclama da sujeira nas tesourinhas, apontada por ele como uma das principais causas de alagamentos, e das passagens subterrâneas.

O professor Ricardo Tim, 50 anos, mora na 202 Norte há 20 anos e confirmou que basta uma chuva para a rua da comercial alagar. Ele se lembrou de um vídeo postado na internet há dois anos, no qual um jovem nadava em um rio formado pela chuva na tesourinha e na comercial. ;Aquele episódio foi gravado aqui na nossa quadra. Todo o escoamento da Esplanada e daquela área central vem para cá. A água só para na L2;, contou. Para o professor, essa situação ocorre devido a uma série de fatores. ;Falta consciência da população para não jogar lixo na rua e deixar os bueiros entupirem, mas é preciso também uma estratégia urbanística para o governo limpar a cidade antes de o período chuvoso começar;, sugeriu.

Sujeira
Na tarde de ontem, o Correio percorreu as principais áreas apontadas como críticas pela Novacap. Após os alagamentos, sobrou sujeira e lama. Na via em frente ao Setor Terminal Norte e na 211/212 Norte, a equipe observou lixo nas grades de alguns bueiros. Por meio da assessoria de imprensa, a Administração de Brasília informou que funcionários da Novacap e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) mantêm limpas essas bocas de lobo. O órgão afirmou que tem monitorado a situação, mas o problema é a falta de vazão da água da chuva.

Para solucionar as questões emergenciais, o diretor de Urbanização da Novacap, Erinaldo Sales, explicou que o GDF liberou R$ 50 milhões para a recuperação de viadutos e obras viárias. Com o recurso, a Novacap vai melhorar o sistema de drenagem de Águas Claras e Vicente Pires, complementar a rede do Condomínio Sol Nascente e aplicar o restante do recurso nas equipes que fazem a manutenção das vias, como as do programa tapa-buracos. Quanto à recuperação e ampliação do sistema de drenagem, o diretor informou que em até 15 dias será publicado o edital de licitação para o projeto Águas do DF. ;Com a impermeabilização do solo, as redes ficaram pequenas para esse volume de água;, explicou. Serão investidos R$ 360 milhões no Plano Piloto e em Taguatinga e as obras devem durar dois anos. ;Enquanto isso, vamos manter equipes próximas a pontos críticos para casos de emergência;, adiantou Erinaldo.

Palavra de especialista

Agravantes
;O problema é que em alguns lugares o sistema de drenagem é antigo e tornou-se insuficiente. O projeto da rede deve prever um alagamento em determinado lugar a cada cinco ou 10 anos. Mas se a situação se repete a cada ano significa que aquele projeto já não serve mais. Em 2011, choveu mais do que o previsto em outubro. A Novacap tem monitorado esses alagamentos, mas é preciso um projeto complexo para corrigir essas questões.;

Sérgio Kóide, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação