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Superação da cota máxima de água faz CEB abrir as comportas do Lago Paranoá

postado em 06/12/2011 07:43
O nível da água do Lago Paranoá superou a cota máxima prevista, o que obrigou a Companhia Energética de Brasília (CEB) a abrir as comportas da barragem. A ação aconteceu há dois dias e termina hoje. A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) estabeleceu o limite de 1.000,80 metros em relação ao nível do mar, patamar atingido por volta do meio-dia de domingo. O volume de precipitações na capital contribuiu para a cheia no espelho d;água. Nos cinco primeiros dias de dezembro, choveu 28% do total esperado para o mês. Caíram 70,8mm dos 246mm previstos.

A CEB Geração, responsável pelo controle do volume hídrico do reservatório, abriu 5cm de cada uma das três comportas da barragem (leia arte). Assim, o leito do Rio Paranoá recebe, desde então, 3 metros cúbicos de água por segundo, considerada uma vazão pequena. As comunidades ribeirinhas, além da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, foram avisadas antes da liberação do fluxo. Quando as comportas se abrem, as áreas próximas habitadas passam a ser consideradas como de risco, por causa das chances maiores de alagamento. O fluxo de água deve elevar em cerca de 30cm o nível do Rio Paranoá. A expectativa é de que o reservatório baixe o nível para 1.000,75 metros em relação ao nível do mar. Depois disso, o rio voltará a ser completamente represado.

Os estudantes Germano (E) e Jorge aproveitaram os píeres quase submersos e a profundidade maior para mergulhar no lago

Segundo Manuel Clementino Barros Neto, diretor da CEB Geração, o procedimento de abertura é considerado normal durante a estação chuvosa. Todos os dias, um técnico da empresa faz a medição da altura da água com a ajuda de uma régua instalada às margens da barragem. ;Faz parte da rotina da usina manejar as cotas. É uma maneira de preservar os usos múltiplos do lago;, afirma. O Lago Paranoá é utilizado na geração de energia e como espaço de lazer. Há perspectivas de captação da água para o consumo humano.

Esta foi a primeira vez, desde a chegada da temporada de precipitações, no fim de setembro, que as portas da represa são abertas. Em novembro, a CEB registrou uma quantidade extraordinária de chuvas, quase 50% a mais do que no mesmo mês do ano anterior. A meteorologista Maria das Dores de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), informou que, no mês passado, caíram 333mm de água, enquanto, em 2010, o registro permaneceu na média de 231mm.

Porém, a especialista descarta mudanças climáticas no Distrito Federal. ;Acontece de, às vezes, chover mais. Não há nada de anormal;, garante. Nos próximos dois meses, a barragem deve ser aberta outras vezes, uma vez que, historicamente, o pico das precipitações no DF acontece entre dezembro e janeiro.

Alagamento
Não é preciso muito para perceber o reforço das chuvas na quantidade de água do Lago Paranoá. Em diversos pontos, a cheia é bastante visível. A Península dos Ministros, na QL 12 do Lago Sul, por exemplo, praticamente perdeu a pista de corrida e a ciclovia, localizadas a poucos metros do espelho d;água. O alagamento impede a prática de exercícios no local.

Apesar disso, há sempre quem não se incomode com a oscilação do nível do lago. Os estudantes Germano Luiz Ferraz e Jorge Fernandes, ambos de 16 anos, saíram da escola, na Asa Sul, e foram ao local dar um mergulho. Mesmo com os píeres quase submersos e a profundidade maior, eles não desistiram de pular na água e treinar saltos. Germano diz que sempre que pode vai ao local, mas há muito tempo não via o lugar tão invadido pela água. ;Para mim, não faz tanta diferença, porque estou acostumado. Mas quem não sabe nadar direito tem que ter mais cuidado;, afirma.

No domingo, o Calçadão da Asa Norte, perto da Ponte do Braguetto, não era o lugar mais aconselhado para dar um passeio ou pescar. Ontem, no entanto, o reservatório havia baixado de nível e pescadores voltaram à região. O comerciante Jânio Santiago, 39 anos, retomou o hobby preferido no fim da manhã, mesmo com o tempo fechado e a ameaça de chuva. Para ele, quanto mais baixo o lago, melhor. ;Assim, fica muito mais difícil de pegar os peixes. Todas as segundas-feiras, estou aqui e, recentemente, essa é a maior cheia que vi no lago. Espero que baixe ainda mais o nível;, contou.

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