Cidades

Buriti abre procedimento para apurar como João Dias entrou no prédio

postado em 08/12/2011 08:10

Fora de cena desde a queda de Orlando Silva do Ministério do Esporte, o pivô do escândalo responsável pela baixa na Esplanada dos Ministérios, voltou a aparecer. Durante um acesso de fúria, o policial militar João Dias Ferreira tentou invadir a Secretaria de Governo, xingou servidores do GDF e agrediu funcionários do Palácio do Buriti. Ele foi contido pela segurança interna do prédio e levado para a 5; Delegacia de Polícia (Setor Bancário Norte), onde prestou depoimento por mais de cinco horas. Liberado pela Polícia Civil após pagamento de fiança, João Dias foi levado pela Polícia Militar para a Corregedoria da instituição.

Passava das 15h de ontem quando João Dias chegou ao Palácio do Buriti, onde, além do gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT), funcionam algumas secretarias, como a de Governo. O PM entrou pelo anexo do prédio sem ser notado e seguiu para o gabinete de Paulo Tadeu, que fica a alguns metros da sala do governador, no primeiro andar do edifício. Ao chegar à antessala do secretário de Governo, que estava em reunião na Residência Oficial de Águas Claras, João Dias pediu para ser atendido pelo titular da pasta. Impedido de adentrar no gabinete, o policial militar partiu para a agressão, segundo relato de duas assessoras que trabalham com Paulo Tadeu. Xingou a subsecretária Paula Batista de Araújo e empurrou e deu um tapa em Niedja Taboada.

O policial prestou depoimento por mais de cinco horas na 5º DP. Ele pagou fiança de R$ 2mil e foi encaminhado ao IML para exame de corpo de delito

João Dias carregava um pacote de dinheiro, que jogou em cima da mesa das assessoras do secretário. Dentro do embrulho, havia R$ 159 mil, incluindo moedas, que foram arremessadas pelo PM.

Dedo quebrado
Os seguranças foram chamados para conter João Dias. O policial militar, campeão em artes marciais, quebrou o dedo de um sargento. Detido pela polícia interna do Palácio do Buriti, o PM foi levado para prestar depoimento na 5; DP, onde ficou sob custódia até o fechamento desta edição. Em nota divulgada na noite de ontem, a Polícia Civil informou que, após depoimentos dos envolvidos e encaminhamento das vítimas ao Instituto Médico Legal, todos seriam liberados. João Dias, porém, após pagar fiança de R$ 2 mil, foi levado ao Instituto de Medicina Legal e conduzido pela Polícia Militar ;para a adoção das providências administrativas cabíveis, em razão da sua condição de militar;.

O policial militar agressor foi autuado pelos crimes de injúria de cunho racial, lesão corporal e vias de fato no interior do Palácio do Buriti, que é considerada uma área de segurança. Ao sair da 5; DP, a subsecretária Paula Batista confirmou o teor do depoimento dado ao delegado Marcelo de Paula Araújo: ;Fui agredida. Ele bateu na gente, nos empurrou. É um louco que deveria estar preso;.

Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação do GDF descreveu o episódio. ;A equipe de segurança do Palácio do Buriti teve que retirar do prédio na tarde de hoje o policial militar João Dias após ele agredir duas servidoras da Secretaria de Estado de Governo. João Dias teve que ser contido pelos seguranças já que apresentava comportamento agressivo e foi encaminhado à Polícia Civil, que tomará as medidas legais pertinentes ao caso;. Ainda em comunicado, o governo local disse que a segurança do Palácio do Buriti abriu procedimento para apurar como se deu o acesso de João Dias ao prédio. A nota informa ainda: ;O Governo do Distrito Federal também vai apurar com que objetivos escusos o policial apareceu nesta tarde de forma despropositada no Palácio do Buriti;.

O advogado de João Dias, André Cardoso, declarou, na porta da delegacia, que seu cliente havia recebido ;inúmeras propostas; e que o dinheiro levado ontem à sede do Executivo tinha sido entregue por agentes do GDF. ;Ele só recebeu esse dinheiro para configurar um flagrante. Foi uma espécie de cala-boca;, disse o defensor do PM. Em depoimento, segundo apurou o Correio, o policial militar disse que foi procurado por um delegado da Polícia Civil, um coronel da PM, além das duas servidoras do GDF.

Quem também apareceu na 5; DP foi a deputada distrital Celina Leão (PSD). ;Vim para poder ter acesso às informações oficiais e saber o que está acontecendo no DF. A polícia apura os fatos de hoje (ontem). Mas algo ocorreu para chegar a esse ponto e é isso que quero saber;, declarou a deputada de oposição. O coronel Jahir Lobo Rodrigues, do Departamento de Controle e Correição da Polícia Militar, também esteve na delegacia para acompanhar o caso .


Nota do GDF

A Secretaria de Comunicação Social do DF divulgou um comunicado sobre o ocorrido na tarde de ontem. Leia a íntegra da nota:
;A equipe de segurança do Palácio do Buriti teve que retirar do prédio, na tarde de hoje, o policial militar João Dias após ele agredir duas servidoras da Secretaria de Estado de Governo. João Dias teve que ser contido pelos seguranças, já que apresentava comportamento agressivo, e foi encaminhado à Polícia Civil, que tomará as medidas legais pertinentes ao caso.


Quanto ao secretário de Governo, Paulo Tadeu, ele não se encontrava no Palácio durante o episódio. O secretário e outras autoridades do GDF participavam de reunião com os governadores do Centro-Oeste na Residência Oficial de Águas Claras.


A segurança do Palácio do Buriti abriu procedimento para apurar como se deu o acesso de João Dias ao prédio. O Governo do Distrito Federal também vai apurar com que objetivos escusos o policial apareceu nesta tarde, de forma despropositada, no Palácio do Buriti.;

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