Cidades

Pacientes aguardam angustiados pela cirurgia para colocar marcapasso

postado em 08/12/2011 09:14
Pelo menos 11 pacientes com problemas cardíacos graves aguardam angustiados pela cirurgia de colocação de marcapasso no Hospital de Base do Distrito Federal. Um deles espera há mais de 15 dias. O contrato de fornecimento de um dos modelos do equipamento está vencido e a Secretaria de Saúde tem feito compras emergenciais, incapazes de suprir a demanda da rede. Somente o HBDF realiza entre 40 e 50 cirurgias por mês. A Coordenação de Cardiologia da secretaria garante que todos os pacientes estão sendo encaminhados para o Instituto de Cardiologia do DF e que, em uma semana, não haverá mais espera. A aposentada Nerci Alves Mendes de Souza, 71 anos, aguarda desde 21 de novembro pela cirurgia que poderá harmonizar seu ritmo cardíaco, hoje em 46 batidas por minuto, quando o normal varia entre 60 e 100bpm. O sobrinho dela, o eletricista Domingos Alves Mendes, 41 anos, passa as noites dormindo em uma cadeira no hospital. %u201CMinha tia está largada no corredor. Não nos deram qualquer previsão para ela ser operada%u201D, reclama. Nas muitas horas que fica no hospital, Domingos conheceu vários outros familiares de pacientes, alguns em estado bastante grave. A mãe da agente de segurança Cléa Borges de Lima, 32 anos, aguarda por um procedimento mais simples, a troca de bateria do marca-passo. Aos 84 anos, a paciente está há quatro dias no hospital. A estadia só contribuiu para complicar a situação dela. De acordo com Cléa, a idosa piorou muito de saúde e está com problemas para comer, andar e falar. %u201CÉ um grande descaso. Aqui dentro, perdi a conta de quantas vezes fui à diretoria para pedir explicações e só levei porta na cara%u201D, comenta. Cléa Borges (C) e familiares de outros pacientes: longa espera A coordenadora de Cardiologia da Secretaria de Saúde, Edna Oliveira, diz que houve um problema de importação com um dos modelos de marca-passo e, em função de critérios e protocolos estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e pelo Ministério da Saúde para a compra do dispositivo, o processo é mais difícil. Mas, garante a cardiologista, todos os pacientes que precisam implantar o marcapasso do modelo câmara dupla estão sendo encaminhados ao Instituto de Cardiologia do DF. %u201CNa semana passada, foram 12 pacientes para lá. O ICDF não tem como absorver a toda a demanda, por isso a demora. Mas acredito que dentro de uma semana todos os pacientes terão sido operados%u201D, projeta. O pai de Célia Dornelas, 39 anos, o aposentado João Igídio Lourenço, 70 anos, está com um marca-passo externo provisório há mais de uma semana. Se o aparelho for desligado, ele morre. Na noite de terça-feira, seu quadro se agravou e ele chegou a ir para o centro cirúrgico para ser operado às pressas, mas o uso de medicamentos conseguiu evitar a intervenção. Célia reveza com os irmãos a vigília pelo pai. Todos eles moram em Luziânia e ela falta ao trabalho quando é sua vez. %u201CNinguém dá informação. Dizem que os pacientes estão sendo transferidos, mas continua todo mundo aqui. É um desespero%u201D, desabafa.

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