Antonio Temóteo
postado em 14/12/2011 07:50
No segundo dia de paralisação dos metroviários, os mais de 160 mil usuários encontraram estações lotadas, viajaram espremidos nos trens e muitos chegaram atrasados ao trabalho. Mesmo quem estava acostumado a usar o sistema fora dos horários de pico, entre as 9h e as 17h, encontrou dificuldades para se deslocar. Apenas oito trens circularam durante os períodos de maior movimentação de pessoas ; em dias normais, são 24 ; e, no restante do dia, só quatro rodaram. Nenhuma negociação entre os metroviários e a direção da companhia ocorreu ontem. Uma reunião entre as partes foi marcada para ocorrer na sala de audiências do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), às 10h15 de sexta-feira.
Na estação da Praça do Relógio, a espera por um trem chegou a superar os 20 minutos. Normalmente, esse intervalo varia entre três e sete minutos. Apenas 30% dos trabalhadores estão em atividade. Até o fechamento desta edição, a Justiça não havia se manifestado sobre o pedido da Companhia do Metropolitano em considerar o movimento ilegal. Os grevistas pedem melhores condições de trabalho e realização de concurso público e alegam que recebem benefícios inferiores aos recebidos por outros servidores do governo local. A empresa diz que vem cumprindo todos os acordos estabelecidos com os trabalhadores.
Paciência
A estudante Kessya Milena Viana Pereira, 18 anos, mora em Águas Claras e diariamente usa o sistema para ir até a Praça do Relógio, em Taguatinga, e de lá seguir ao colégio. Além de conhecer os horários de chegada e saída dos trens da estação, sabe exatamente o tempo que espera para entrar em um vagão. ;Eu espero no máximo 15 minutos e hoje passou dos 40. Essa é uma situação muito desagradável. Ou você gasta mais para ir em um ônibus lotado, ou espera muito, perde a hora e vai em uma lata de sardinha;, completou.
A servidora pública Izabel Landim, 57 anos, também se atrasou para chegar ao trabalho. Todos os dias, ela caminha 20 minutos da Colônia Agrícola Samambaia até a estação Praça do Relógio e vai de metrô à Rodoviária do Plano Piloto. Em seguida, pega um ônibus para a Esplanada dos Ministérios e entra no serviço pontualmente às 9h30. Segundo Izabel, os usuários estão no meio de um conflito entre governo e servidores. ;A população é sempre prejudicada. Hoje vou me atrasar bastante para o trabalho e essa situação é o caos;, avaliou.
Eu acho...
;Essa greve atrasa a vida de muita gente. Quem depende dessa condução está desamparado. Ontem (segunda-feira), esperei uma hora aqui na Praça do Relógio para ir até a Rodoviária do Plano Piloto. Não posso usar ônibus porque estão caindo aos pedaços e sempre estão lotados. É uma vergonha para a cidade que vai receber jogos da Copa do Mundo de futebol conviver com esses problemas. Alguém precisa resolver isso.;
Renata Lima, 22 anos, vendedora, moradora do Paranoá
;Essa greve é uma falta de respeito com a população. O governo não se planeja e deixa de negociar com os trabalhadores. Falta interesse e sempre tem greve. Estou esperando há mais de 30 minutos por um trem e não consigo ir trabalhar. Quando cheguei, passou um lotado e não consegui entrar. Se eu perder o emprego, vou ser amparado por quem? É uma vergonha. Precisam fazer alguma coisa porque o metrô é essencial na vida de muita gente.;
Lindemberg da Silva Crispim, 25 anos, sapateiro, morador de Taguatinga Norte