Roberta Machado
postado em 16/12/2011 08:00
Pacientes do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) receberam na manhã de ontem a visita da Rede Feminina de Combate ao Câncer, que distribuiu 300 cestas básicas natalinas, doces e brinquedos para as mulheres internadas e seus familiares. Em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a entidade, que completou 15 anos em outubro, aproveitou a proximidade do Natal para fazer a festa no ambulatório de mastologia. Além de elaborar constantes campanhas de conscientização e prevenção contra o câncer, a organização ajuda diariamente as portadoras de câncer do HBDF por meio de apoio emocional, orientação e assistência social.
A moradora de Brazlândia Regina Telma da Silva, 53 anos, aprovou a iniciativa e saiu satisfeita do hospital acompanhada pelo filho Raynne Guilherme, 15. Ela recebeu alimentos para a família e brinquedos para seus dois netos. Segundo Regina, que perdeu a mama direita há três anos para o câncer, os presentes chegaram em boa hora. ;Para mim é muito importante, porque ganho salário mínimo e pago aluguel. Essa cesta básica tem sido uma bênção na minha vida todos os meses;, elogiou.
Depois de deixar o emprego de salgadeira e confeiteira devido à doença, Regina depende de apoio para manter o tratamento. Além de se submeter a quimioterapia no Hospital de Base a cada três meses, precisa com frequência arrecadar dinheiro para comprar os medicamentos necessários. ;Este mês, não tem na farmácia de alto custo, e o remédio custa R$ 500. Estou fazendo uma vaquinha, mas até agora só consegui R$ 200;, lamentou.
A presidente da Rede Feminina, Maria Thereza Simões Falcão, conta que a entidade existe para ajudar mulheres como Regina, que precisam sustentar uma família, apesar das limitações da doença. Além da distribuição mensal de cestas básicas, a entidade está presente diariamente no HBDF, acompanhando o tratamento das pacientes. Segundo Maria Thereza, a comemoração apenas marcou um trabalho de longa data no hospital. ;Hoje é festivo, porque o Natal dá mais fé, esperança e confiança. Vamos oferecer essa festa para que levem para suas casas um momento mais alegre;, animou-se.
As beneficiadas ainda têm a oportunidade de aprender a fazer trabalhos manuais para aumentar a renda familiar, e recebem próteses provisórias, fabricadas com alpiste e gérmen de trigo. ;Os recursos da rede são pequenos, mas, com a força dos voluntários, nós temos condições de fazer um trabalho cada vez melhor. Se a sociedade de Brasília e o terceiro setor puderem nos ajudar, poderemos fazer muito mais;, ressaltou Maria Thereza, que também preside a Rede Feminina Nacional. Atualmente, a entidade conta com o apoio de 80 voluntários no DF, a maioria mulheres.
Palavra amiga
Há um ano, a governanta Ildeci Cordeiro Rodrigues, 58 anos, passou 36 dias internada até que os médicos decidiram fazer uma cirurgia para remover-lhe o útero e os ovários. Durante o procedimento, foi diagnosticado o câncer em fase de metástase, e em fevereiro teve início o tratamento. ;Foi um sofrimento muito grande, a gente nunca pensa que vai acontecer com a gente;, revelou a paciente.
Depois de seguidas quedas de imunidade e da perda de cabelo causadas pela quimioterapia, ela ressalta a importância do apoio da Rede Feminina: ;A ajuda das meninas é muito boa. As palavras delas fortificam muito, a gente sente um alívio ao escutar uma palavra amiga;. Comovida com histórias como essa, Tayhani Cachoeira, 22 anos, filha e neta de voluntárias da rede, resolveu ontem se juntar à equipe de apoiadores da entidade. ;Elas me conquistaram. É muito comovente ver a felicidade delas em receber uma coisa que para a gente é tão pouco, como uma cesta básica. É o melhor presente de Natal.;
A Rede Feminina de Combate ao Câncer ainda ajuda os pacientes a superar os momentos de dificuldade financeira por meio de esclarecimentos sobre os direitos de quem se encontra nessa situação, como aposentadoria integral, saque do FGTS e restituição de impostos. O baiano Sérgio de Jesus Barros, 22 anos, foi ontem ao hospital buscar a cesta básica da irmã, Zildete Rosa de Barros, 34. Ele contou que veio de Macaúbas (BA) há 10 meses apenas para ajudar no tratamento dela. Sem emprego e dependendo de bicos, Sérgio se orienta pelas dicas da entidade. ;Não tem como trabalhar fichado com esse tratamento. Agora, nos informaram para correr atrás do benefício no INSS, e já recebemos o segundo mês do salário mínimo. Graças a Deus estamos conseguindo levar a vida;, contou.
Projeto nacional
A história da Rede Feminina de Combate ao Câncer teve início em 1946, em São Paulo. Ao longo dos anos seguintes, a fundadora da entidade, Carmem Annes Dias Prudente, incentivou a abertura de iniciativas semelhantes em várias unidades da Federação. Hoje, a entidade conta com uma série de fundações regionais independentes pelo país, coordenadas pela Rede Feminina Nacional, fundada em 1978.
Como ajudar
Para ser um voluntário ou contribuir com a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília, procure a entidade pelo telefone 3364-5467, ou no Hospital de Base (3315-1221). Conheça mais sobre o trabalho da rede no site www.redefemininadebrasilia.com.br.
Saiba mais
Combate à doença
O câncer de mama é a doença que mais causa morte entre as mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer. A incidência é maior entre mulheres com mais de 35 anos ; para cada grupo com mais de 100 pacientes do sexo feminino, há apenas um homem. Os fatores que podem causar o câncer de mama são obesidade, uso de terapia hormonal, características genéticos, estresse, gravidez tardia ou ausência de filhos. A melhor forma de detecção do câncer de mama é a mamografia, exame que pode antecipar o diagnóstico. Porém, a doença muitas vezes só é notada depois que surge um dos sintomas: nódulos na axila, vermelhidão com calor local, aspecto poroso da pele e mamilos com secreção de sangue, coceira ou inversão. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura.