postado em 16/12/2011 07:20
Há 50 anos, surgia no papel uma instituição de ensino superior com propostas modernas e autônomas, além de idealizada para pensar a economia, a cultura e a sociedade brasileira de uma forma diferente. Em 15 de dezembro de 1961, o então presidente da República, João Goulart, assinou a Lei n; 3.998, que criava a Fundação Universidade de Brasília. Meio século depois, chegou o momento de rever a trajetória da UnB e imaginar o futuro. Uma solenidade no Memorial Darcy Ribeiro realizada na manhã de ontem marcou o início das comemorações programadas pela Comissão UnB 50 anos. Servidores terceirizados aproveitaram o evento para protestar por melhores condições de trabalho.
Participaram da cerimônia membros da comunidade acadêmica, assim como ex-professores, ex-alunos e ex-servidores, partes da história da instituição. O reitor, José Geraldo de Sousa Junior, ressaltou a importância da data para o futuro da Universidade de Brasília. ;Não podemos deixar de lembrar a criação da lei, que tem um significado bastante especial. Ela projetou a concepção de uma universidade singular, com compromisso não só acadêmico, mas voltada para a cultura, o conhecimento, e ainda solucionar os problemas da nossa sociedade;, disse. ;Também temos pela frente o desafio de cumprir o nosso papel social e já fazemos isso com a presença de câmpus em outras cidades do DF.;
Durante o evento, a Comissão UnB 50 anos homenageou o ex-presidente João Goulart. A filha dele, a historiadora Denize Fontella Goulart, 53 anos, veio do Rio de Janeiro para receber os agradecimentos em nome do pai. ;É uma honra participar desse evento e relembrar a importância do meu pai para a universidade e falar do período político que ele viveu;, disse. Denize se emocionou com a homenagem e sugeriu que esse é o momento para resgatar a memória do ex-presidente e discutir a importância da educação no Brasil. A filha de Denize e neta de Jango, Isabela Goulart, também esteve presente.
O professor de microbiologia Isaac Roitman, 72 anos, também participou da solenidade. Mesmo após a aposentadoria, ele nunca se desligou das atividades acadêmicas. Ele faz parte do Conselho Editorial da revista Darcy, produzida na instituição. Amigo de Darcy Ribeiro, Roitman foi convidado a integrar o corpo de docentes da UnB em 1972, quando morava no Rio de Janeiro. ;À época, a universidade passava por uma restruturação, e eu aceitei o convite. Mas somente em 1974 eu me transferi em definitivo;, contou. ;Presenciei altos e baixos, a invasão, as iniciativas para nos contrapor à ditadura militar. Agora, chegou o momento de celebrar as coisas boas, analisar os erros e completar o sonho inicial de Darcy e de Anísio (Teixeira);, avaliou.
A comissão elabora a agenda das comemorações, que seguem até o fim de 2012. Apesar de as datas não estarem definidas, haverá exposições fotográficas, reedições de livros, homenagens e o retorno do Festival Latino-americano de Arte e Cultura.
Protestos
Funcionários terceirizados da UnB aproveitaram a solenidade para protestar. Servidores da limpeza alegam que a empresa não pagou o tíquete-alimentação aos trabalhadores em dezembro. O empregado Francisco Targino indicou outras irregularidades. ;Há denúncias no Ministério Público, porque algumas pessoas estão cobrindo férias de outros trabalhadores e até agora não receberam o salário;, denunciou.
O decano de Administração da UnB, Eduardo Raupp, informou que a universidade repassou em dia o pagamento às firmas. Segundo ele, a instituição tem tomado medidas para evitar essas situações. ;Usamos mecanismos administrativos, como multas e notificações. O benefício sairá amanhã (hoje) e a decana de Gestão de Pessoas conversará com os manifestantes para ouvir as outras reivindicações.;
Pioneirismo
A assinatura da Lei n; 3.998 foi o primeiro passo para a materialização do sonho do antropólogo Darcy Ribeiro. Ao lado do educador Anísio Teixeira, Darcy idealizou a Universidade de Brasília e tornou-se o primeiro reitor da instituição.