postado em 16/12/2011 09:00
Na sexta audiência de instrução do triplo homicídio conhecido como Caso Villela, oito pessoas prestaram depoimento. Entre elas, falou o perito criminal e ex-diretor do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo Osvaldo Negrini. Ele foi contratado pela defesa de Adriana Villela, acusada pela polícia de mandar matar os pais, José Guilherme e Maria Carvalho Villela, e a empregada Francisca Nascimento da Silva, em 28 de agosto de 2009. O especialista rebateu o laudo do papiloscopista Rodrigo Menezes de Barros, do Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil.No documento, Barros disse ter encontrado uma impressão palmar de Adriana em uma porta de madeira. Ele constatou que o fragmento foi produzido entre três e nove dias antes dos assassinatos e não em 13 de agosto, quando a arquiteta disse ter visitado os pais pela última vez. Entretanto, Negrini afirmou que o laudo é inconclusivo e com grande margem de erro, sem validade para fim judicial. Para fazer um exame de datação, o perito criminal afirma ser necessária uma amostra especial do fragmento, levando em consideração a exposição a componentes químicos e outras variantes. ;Não é possível fazer datação de impressão digital;, disse Negrini.
No parecer elaborado pelo especialista, ele descreveu o laudo como ;uma peça que procura ocultar uma clara tentativa de induzir a Justiça ao erro por um documento pseudocientífico;, conforme leitura do promotor do Tribunal do Júri de Brasília, Maurício Miranda, durante a audiência.
Depoimentos
Além de Negrini, foram ouvidas outras sete testemunhas, sendo duas delas arroladas pela defesa de Francisco Mairlon Aguiar, também acusado no processo com o ex-porteiro Leonardo Campos Alves e o sobrinho dele, Paulo Cardoso Santana. Dois amigos da família de Adriana Villela depuseram pela manhã e disseram que a arquiteta não era apegada a dinheiro. ;Mãe e filha tinham divergências de conceitos sociais, mas nada que levasse a um ato grave. Maria era elegante e Adriana, mais despojada. Era mais uma questão de estilo;, defendeu a amiga íntima de Maria Villela, Rosa Masuah.
Pela manhã, a última a prestar informações sobre o caso foi a ex-empregada da família Guiomar Barbosa, 73 anos. Ela também disse ter presenciado algumas discussões entre mãe e filha, mas relatou que, depois das brigas, Adriana costumava ligar para Maria e pedir desculpas.
O último a ser ouvido foi o delegado André Victor do Espírito Santo, ex-chefe do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC). Ele trabalhou com a delegada Martha Vargas, ex-titular da 1; DP, afastada do cargo sob suspeita de plantar uma chave do apartamento dos Villelas na casa de inocentes.
André Victor defendeu o trabalho de Martha Vargas e disse acreditar na inocência de Adriana. O ex-chefe do DPC revelou que uma papiloscopista em estágio probatório admitiu ter trocado impressões colhidas na cena do crime. Segundo ele, uma digital de Adriana, supostamente encontrada na porta de madeira do apartamento, na verdade estaria na entrada da portaria, que é de vidro. ;É provável que ela tenha errado outras;, sugeriu. A sétima audiência de instrução será realizada amanhã, a partir das 9h.