postado em 22/12/2011 09:38
O Distrito Federal chega ao fim de 2011 com a menor taxa de desemprego de sua história. Em novembro, a taxa de desocupados medida pela Pesquisa Emprego e Desemprego ficou em 11,9%, a menor registrada desde 1992, primeiro ano em que o levantamento foi realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A proporção de desempregados em Brasília e suas regiões administrativas continua superior à média das sete regiões metropolitanas pesquisadas, que foi de 9,7% no mês passado. Mas está bem mais amena do que em anos anteriores, já que em muitos momentos ficou próxima do patamar dos 20%.
A boa notícia para o DF vem justamente em um momento em que a economia nacional enfrenta desaceleração na criação de empregos. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgados na terça-feira, revelam que o país gerou 42.735 postos de trabalho com carteira assinada no mês passado. O resultado é o pior para o período nos últimos três anos e representa um recuo de 69% frente às 139 mil vagas geradas em outubro. O Caged computa somente resultados do mercado formal, enquanto a PED pesquisa empregos com ou sem carteira assinada.
Os resultados positivos de novembro no DF foram sustentados principalmente pela administração pública, que abriu 9 mil postos de trabalho em novembro, e pelo setor de serviços, que criou 3 mil vagas. Indústria, construção civil e comércio tiveram recuo e fecharam, respectivamente, 4 mil, 3 mil e 4 mil postos de trabalho. Para o governador Agnelo Queiroz, o objetivo agora é reduzir ainda mais o desemprego. ;Para isso, estamos trabalhando com programas de qualificação de mão de obra, como o Qualificopa, e a implantação de políticas públicas para dar oportunidades aos jovens;, afirmou.
Para o sociólogo Daniel Biagioni, analista do Dieese, o crescimento da ocupação no setor público pode ser associado a um retorno à normalidade após um ano de transição, uma vez que novas gestões começaram nos governos federal e local. ;A gente vê o funcionalismo se ajustando;, afirma. Já o desempenho fraco do comércio tende a ser revertido nos próximos meses. ;Acreditamos que os empregadores esperaram para fazer as contratações de fim de ano. Em dezembro, esse dado vai ser positivo;, afirma o analista. O economista Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Companhia de Desenvolvimento do DF (Codeplan), ressalta que o emprego no DF ainda tem forte dependência da administração pública. ;Grande parte das ocupações está no setor, mas em longo prazo a tendência é de decréscimo;, aposta. O DF tem hoje cerca de 168 mil desempregados.
Perfil
A PED de novembro mostra que o perfil da população desempregada no Distrito Federal continua semelhante ao de anos anteriores. A maior parte dos desocupados é constituída de mulheres (57,9%), jovens de 16 a 24 anos (46,7%) e negros (73%), grupos historicamente vulneráveis. A professora Nagleyce Virgino da Silva, 26 anos, passou a integrar esse contingente neste fim de ano. Ela acabou de ser demitida da escola onde dava aula há três anos, em razão de uma política de corte de gastos.
A jovem, que é formada em pedagogia, foi ontem a uma Agência do Trabalhador dar entrada no seguro-desemprego. ;Agora, pretendo entregar currículos, pois lá em casa precisamos da minha renda e da do meu marido. Mas não sei como vai ser, pois no emprego antigo me deixavam levar minha filha. Em muitos aspectos, para o homem é mais fácil trabalhar do que para a mulher;, opina Nagleyce, que é mãe de Mel, 3 anos.
De acordo com a PED-DF, a taxa de desemprego entre mulheres em novembro deste ano foi de 14,2%, superior aos 9,7% registrados para o sexo masculino. Entre a população negra e não negra a diferença é menor, com índices de 12,4% e 10,9%, respectivamente.
Consumidor limpa nome
Nos últimos 10 dias, a Câmara dos Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF), que administra o balcão local do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), registrou um aumento de 12% no atendimento de pessoas buscando informações para pagar suas dívidas e sair do cadastro de inadimplentes. A entidade acredita que a elevação na quantidade de interessados em limpar o nome esteja relacionada à proximidade do Natal, já que nessa época muitos consumidores têm interesse em recuperar o crédito para poder fazer novas compras. A CDL-DF espera crescimento médio de 6,5% nas vendas relacionadas à festividade este ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Para chegar ao percentual, realizou pesquisa com 246 lojistas. Dos entrevistados, 60% apostam no cartão de crédito como a forma de pagamento a ser mais utilizada, contra 30% em dinheiro e apenas 10% com cheques. De acordo com a pesquisa, o tíquete médio dos presentes deve ficar em R$ 80. (MB)