Antonio Temóteo
postado em 23/12/2011 08:17
O impasse em torno da greve dos metroviários pode prejudicar ainda mais os 160 mil usuários do sistema de transporte público. O Correio teve acesso a uma conversa na rede social Facebook entre supostos servidores da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF). Na página da internet, são discutidas sugestões de como seria possível parar os trens da empresa. Durante o diálogo, 13 pessoas debateram sobre a possibilidade de colocar em circulação até 29 trens para sobrecarregar a capacidade energética de operação das linhas e, dessa forma, paralisar os vagões nas vias. Procurada pela reportagem, a direção da companhia se mostrou preocupada e considerou a atitude como uma tentativa de sabotagem. Os dirigentes confirmaram que os nomes nos perfis da rede social são de empregados da empresa.
A conversa teve início às 13h47 da última quarta-feira, quando um piloto do Metrô postou no próprio perfil que possui no Facebook a primeira sugestão para paralisar o sistema de transporte. ;Caros amigos P.I.s conversando com uma galera, tivemos a ideia de colocar alguns trens a mais na via. Quem sabe se colocarmos 28 ou 29 trens na via, vocês sabem o que aconteceria né. A via não vai suportar e aí, sim seria uma ;paralisação; total e amparada totalmente pela lei. O que vocês acham? (se alguém tiver mais ideias acho que está na hora de conversarmos sobre isso);, argumentou o suposto piloto.
Ao todo, foram trocadas 99 mensagens entre 10 pilotos, dois agentes de estação e um controlador de operações. Além de sugerirem uma pane no serviço, foi proposta a liberação das catracas para a livre circulação de passageiros. Os supostos servidores também ofenderam os dirigentes da empresa. Um dos possíveis agentes de estação que participou do debate e faria parte do Sindicato dos Metroviários disse que repassaria a idéia para Anderson de Oliveira e Anderson Costa. Os dois são assessores de comunicação da categoria e estariam na assembléia dos servidores que ocorreu na noite da última quarta-feira, na Estação Praça do Relógio.
Desordem
Procurado pela reportagem, o diretor de Operação e Manutenção do Metrô, Fernando Sollero, avaliou que o diálogo entre os supostos servidores ;denota uma tentativa de sabotagem; contra a companhia. Segundo Sollero, protocolos de segurança e controle operacional seriam desrespeitados se o plano dos supostos empregados fosse colocado em prática. Ele explicou que seria necessário invadir o Centro de Controle Operacional (CCO), localizado na sede do Metrô em Águas Claras, para colocar 29 trens nos trilhos.
Atualmente, o sistema de transporte suporta rodar com até 24 trens. Com mais cinco, a capacidade energética de operação do Metrô seria sobrecarregada e os trens parariam de circular na via. Com os vagões lotados, passageiros poderiam entrar em pânico, passar mal e querer descer dos veículos no meio dos trilhos. ;O Metrô vai se preocupar ainda mais com a segurança. Vamos reforçar no CCO e no edifício sede de Águas Claras. O Departamento Jurídico da empresa vai analisar a questão e estudar quais medidas podem ser tomadas;, completou Sollero.
Defesa
O Correio também procurou o coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários, Israel Almeida Pereira. Segundo ele, a informação de tentativa de sabotagem não procede e o comando de greve cumprirá a decisão judicial que determina o fornecimento de 30% no serviço. ;Não cabe ao sindicato nem aos trabalhadores colocar trens na via. Essa é uma decisão da empresa;, explicou.