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Casal aluga sala de cinema para celebrar o matrimônio

Na telona, uma obra baseada na história dos dois, que se beijaram pela primeira vez durante a exibição de um filme. Nas poltronas, 200 convidados. Em vez de arroz, os espectadores jogarão pipoca sobre os pombinhos

postado em 27/12/2011 07:25
Os noivos no palco da cerimônia: é a primeira vez que haverá um matrimônio no local
A plateia ouvirá o aviso para fazer silêncio e desligar os celulares quando as luzes se apagarem. Na tela, uma história de amor será contada, com direito a pipoca e refrigerante para os espectadores. O filme é baseado na realidade. Durará apenas 15 minutos, no máximo. Deve fazer boa parte do público chorar. Nas poltronas, estarão os pais dos artistas principais do vídeo, logo na primeira fila. As estrelas da obra, em carne e osso, estarão bem em frente à tela. Ela, vestida de noiva, pronta para dizer sim. Ele, ansioso pelo final feliz.

O servidor público Lucas Beserra e Silva, 20 anos, e a publicitária Aline de Andrade Ferreira, 19, vão se casar em uma sala de cinema, no ParkShopping, em 8 de janeiro. O espaço foi alugado por R$ 2,5 mil, mesmo valor cobrado para reservar o lugar para aniversários e confraternizações. É a primeira vez que alguém se casa ali. Um juiz de paz celebrará a união, às 10h. O casal escolheu o local inusitado para a cerimônia porque o primeiro beijo dos dois ocorreu durante a exibição de uma comédia romântica.

Lucas e Aline se conheceram na escola, sete anos atrás. Mas namoram há apenas um. Os dois vivem em Santa Maria, na casa dos pais. A história do casal lembra as vistas em telas de cinema, cujo título costuma levar a palavra amor. A moça gostava do rapaz desde o começo. Mas tinha medo de se declarar. ;Eu pensava que ele jamais ia gostar de mim desse jeito. Era só um amigo. Mesmo assim, nunca parei de pensar nele;, ela diz. ;Quando eu a vi pela primeira vez, senti algo diferente. Ela era tudo que eu sempre esperei. Lembrei-me de uma música que diz ;aquilo era quase o amor;, ele diz.

Demorou muito até que os dois tivessem coragem de tentar a aproximação. ;Todo mundo via que a gente se gostava, que já rolava alguma coisa. Menos a gente;, lembrou o noivo. Certo dia, Lucas tomou a decisão. Convidou Aline para ver um filme. Ela aceitou. Depois disso, nunca mais se deixaram. Nos primeiros meses, os dois iam ao cinema pelo menos três vezes por semana. ;Era nosso único programa, o que dava para fazer;, afirmou Aline.

O pedido

Em março, Lucas pediu Aline em casamento, em um almoço com a família dos dois. Nesse momento, a noiva começou a pensar em algo diferente para a cerimônia. ;Queria uma festa com a nossa cara. Não somos tradicionais. Ainda temos nosso primeiro ingresso de cinema guardado. A ideia inicial era a de casar em um teatro. Mas, logo depois, mudamos para cinema;, explicou Aline.

A publicitária fez todo o projeto dos convites, nos quais parentes e amigos são chamados a assistir a um filme romântico. O curta, elaborado por uma produtora, a Coletivo Capital, tem título: De janeiro a janeiro. O convite individual é em formato de claquete, placa usada em sets de filmagens, que indica o início da gravação. Ela criou também um cartaz, no modelo do pôsteres de filmes famosos.

;Valeu a pena passar noites em claro recortando, colando, fazendo os envelopes, quase morrer de raiva com os lacinhos, a mão quase cair escrevendo o nome de cada um no convite. Valeu a pena mesmo porque vi que todos gostaram e que ficou do jeito que eu queria;, relatou Aline. Lucas ajudou em cada detalhe. É um noivo interessado pelos preparativos da festa. Toda a organização do casamento pode ser acompanhada no www.casandonocinema.blogspot.com.

Grande dia
Os convidados receberam também vales-combos. Eles dão direito a uma pipoca e a um refrigerante cada. A festa terá bolo e doces. Deve durar das 10h às 13h. Por volta de 200 devem comparecer. A capacidade da sala é para 262 pessoas. Para garantir a ausência de penetras, haverá cerimonial, controlando a entrada.

Apesar da pouca idade, o casal sabe o que quer. Os noivos estão decididos a se esforçar para levar uma vida a dois no apartamento escolhido, em Samambaia. ;Chamam a gente de loucos por querermos nos casar. Dizem que podíamos esperar mais um pouco. Eu sei disso, mas o importante é a certeza, a dedicação. No fim, todos respeitaram a nossa vontade;, disse Aline. Haverá poucos itens tradicionais na cerimônia. Depois que os dois disserem sim, em lugar de arroz sobre o casal, os convidados deverão jogar pipoca. No fim, as luzes se acenderão. O maior desafio começa agora. Lucas e Aline assumem o compromisso de protagonizar a vida real, o filme de amor mais visto de todos os tempos.

A noiva fez o projeto do convite coletivo (acima) e do individual. Amigos e parentes receberam ainda vales-combos, que dão direito a pipoca e refrigerante

Tradicional
Jogar arroz sobre quem se casa é um costume antigo. Simboliza fartura, vida, fertilidade e abundância. Há relatos de que a tradição tenha começado na China. Um homem rico e poderoso teria ordenado que o casamento de sua filha fosse cheio desses grãos, para demonstrar a prosperidade.

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