Flávia Maia
postado em 27/12/2011 07:00
O acidente ocorrido na manhã de ontem no Eixão reforçou a discussão sobre a segurança na rodovia e quais as melhores medidas a serem tomadas para que a via não seja palco de tantas tragédias. Somente este ano, oito pessoas morreram na pista. O número, embora inferior a 2010, quando houve nove vítimas, preocupa a população e os órgãos responsáveis pelo trânsito. Para tentar resolver a questão, um pacote de soluções foi lançado pelo Governo do Distrito Federal na última quarta-feira. E as medidas, segundo especialistas, são bastante positivas.
Entre as principais determinações do GDF estão o aumento de pardais, a instalação de câmeras para monitorar o tráfego e o policiamento ao longo da pista e nas passagens subterrâneas, que serão revitalizadas. As soluções apontadas pelo governo agradam à população e a especialistas, que, acreditam, vão contribuir para que o motorista respeite o limite de velocidade da via, de 80km/h.
Até 31 de dezembro, os oito novos pardais começarão a funcionar no Eixão, totalizando 31 ao longo dos 13,5km da via. As quatro patrulhas do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do DF ficarão o dia todo vigiando a pista e, nos horários de pico, outras duas equipes farão o reforço. ;A ideia de intensificar a fiscalização a esse ponto não é exagerada. A presença do agente inibe o motorista de pisar no acelerador;, defende o professor de Engenharia de Tráfego da Universidade de Brasília (UnB), Paulo César Marques da Silva.
Uma das quatro câmeras está instalada em período de testes e, até 28 de fevereiro, as demais começarão a funcionar. De acordo com o superintendente de trânsito do DER, Murilo de Melo Santos, as câmeras ajudarão na gestão do tráfego. Com as imagens, o órgão poderá monitorar engarrafamentos, acidentes e o fluxo. ;Desde que os agentes começaram a fiscalização, a velocidade dos motoristas na via já diminuiu muito. Essas novas medidas devem deixar o trânsito no Eixão melhor. Agora, temos que ter consciência de que, em 90% dos acidentes, a falha é humana;, analisa o superintendente.
Concurso
A melhoria das passagens subterrâneas é uma das ações que o governo deve priorizar. Com medo de atravessar por baixo por causa da sujeira e da falta de segurança, pedestres se arriscam e cruzam o Eixão entre carros em alta velocidade. Para tentar resolver de vez o drama dos túneis, o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), seção DF, abriu um concurso para que arquitetos de todo o país apresentem soluções. ;A gente quer Brasília preservada, porém, preservar não significa congelar, mas, sim, crescer com a magnitude do projeto original. Por isso, estamos discutindo as mudanças que melhorem o Eixão e a cidade;, afirmou Paulo Henrique Paranhos, presidente do IAB-DF.
A aposentada Marta Bernardete Fernandes da Silva, 59 anos, concorda que os pedestres precisam de um espaço adequado para a travessia porque acabam sendo as maiores vítimas do trânsito. ;Ninguém passa por aquelas passagens porque ela são inseguras e fedidas. Os motoristas precisam respeitar a faixa e os pedestres tem que ter o seu espaço revitalizado;, reclama.
Limite de 60km/h
A única crítica dos especialistas às medidas de curto prazo anunciadas pelo governo é a manutenção da velocidade da via em 80km/h. De acordo com eles, o Eixão precisa ser encarado como via urbana e não como rodovia. Assim, se o limite fosse reduzido para 60km/h, o tempo de travessia dos 13,5km aumentaria apenas em 3,5 minutos, o que não prejudicaria o fluxo. E a fatalidade dos atropelamentos diminuiria. Segundo Artur Morais, doutorando em políticas públicas de transportes pela Universidade de Brasília (UnB), se uma pessoa é atropelada a 32km/h, tem 5% de chance de óbito. Se a velocidade dobrar, a porcentagem sobe para 65%. ;A 80km/h é difícil a pessoa não morrer.;
Via perigosa
Número de mortes no Eixão nos últimos 10 anos
2002 - 14
2003 - 13
2004 - 9
2005 - 12
2006 - 14
2007 - 14
2008 - 7
2009 - 5
2010 - 9
2011 - 8
Menos mortes no Natal
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou queda no número de acidentes com morte nas rodovias que cortam o DF durante o Natal. Entre 23 e 25 de dezembro deste ano, foram dois óbitos, contra cinco registrados no mesmo período de 2010. Nos dois dias que antecederam o Natal, a PRF contabilizou ainda 43 acidentes, com 35 pessoas feridas. Em comparação a 2010, as ocorrências tiveram acréscimo de 2%. Já o número de feridos caiu 25% ; foram 47 no ano passado. Fora do período considerado, no último dia 20, duas batidas na BR-040, em Luziânia (GO), mataram cinco pessoas e deixaram 11 feridas. Para tentar conter os acidentes causados pela irresponsabilidade, a PRF, o Detran e a Polícia Militar têm feito operações de fiscalização. Entre as medidas, estão blitzes para barrar motoristas alcoolizados. Entre os dias 23 e 26, o Detran flagrou 10 condutores sob o efeito de bebida.