postado em 28/12/2011 07:09
Tarifa cara, atendimento ruim e poucos veículos nas ruas. Precisar de um táxi no Distrito Federal é sinônimo de aborrecimento para muita gente. A proporção de veículos por habitante é de um para cada grupo de 764 pessoas. Levantamento realizado pelo Correio em cinco capitais coloca Brasília em último lugar. No Rio de Janeiro, existe um permissionário para cada 196 (leia arte). Pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) aponta a necessidade de pelo menos 7 mil táxis em Brasília. Hoje, são 3,4 mil.Uma das consequências desse vácuo é a longa espera do passageiro. Mas não é a única. Por conta da falta de fiscalização, os taxistas disputam os pontos mais rentáveis. O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, por exemplo, é bastante concorrido, assim como o Congresso Nacional. Do total de permissionários, 600 ; ou 17,6% deles ; estão no terminal aeroviário. Já nas cidades ao redor do Plano Piloto, faltam profissionais. E a tradicional cena do usuário a acenar com a mão no meio da rua não existe em Brasília. Por aqui, o passageiro é refém das empresas de radiotáxi.
Para piorar a situação, o número de permissões no DF não avança desde 1979, quando a população era de 1,2 milhão de habitantes. Hoje, são 2,6 milhões de pessoas e nada mudou. A realização de um certame para aumentar a quantidade de taxistas ficou limitada às promessas dos políticos.
Sempre que se anuncia uma licitação, a categoria fecha as vias e faz protestos, e os governos recuam em detrimento dos interesses da população.
A última tentativa de promover uma nova concorrência pública ocorreu em 2010. A promessa era de 500 novas autorizações. Porém, o Tribunal de Contas do DF embargou o processo por conta de irregularidades. Ao assumir a Secretaria de Transportes em janeiro deste ano, o secretário José Walter Vazquez Filho anunciou, em entrevista ao Correio, que, em três meses, a licitação do transporte individual de passageiros seria feita. O ano chegou ao fim, mas a renovação ainda não ocorreu.
Licenças provisórias
A justificativa para o descumprimento do prazo é um estudo em andamento. Um grupo de trabalho do órgão levanta se há a necessidade da inclusão de novos profissionais nas ruas. ;Considerando a expansão da mobilidade urbana, temos que priorizar o transporte coletivo. O interesse do governo é colocar essas pessoas para rodar com responsabilidade social. Não podemos dar permissões demasiadas e congestionar o sistema;, afirmou o assessor de gabinete da pasta, Luiz Messina.
Ele reconhece que os taxistas dividem a cidade e querem ficar apenas em locais com maior lucratividade. ;Nós sabemos dessa concentração. Porém, não há muito o que fazer. Aqui, nós temos uma peculiaridade, a licença dá direito ao taxista de atuar em qualquer região administrativa. Não é como em outras localidades;, explicou Messina.
Com a chegada de eventos esportivos como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, existe a preocupação com o apagão de táxis no DF. Para isso, Messina afirma que estuda-se a concessão de licenças precárias para atender a demanda. ;A necessidade nessa época não será a mesma dos dias comuns. Estamos verificando a melhor solução. Uma das propostas é a licença provisória;, complementou.