Cidades

Capital federal deve passar dos 310 mil servidores públicos em uma década

postado em 29/12/2011 10:30
Romper a barreira dos 310 mil servidores. Essa é a perspectiva para Brasília em 2022, a capital do funcionalismo público, onde cada vez mais pessoas trabalharão para o governo federal ou local. O número representa um crescimento de 10% sobre a atual quantidade de encarregados por dar andamento às tarefas do Estado ;282 mil. Especialistas imaginam que as áreas mais demandadas serão as que devem oferecer também um número maior de vagas até lá, como saúde, transporte, educação e segurança pública. Novos cargos ligados à tecnologia também ganharão espaço, como forma de atender às necessidades de um mundo cada vez mais conectado.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT), José Eudes Oliveira da Costa, a vocação política da cidade continuará impedindo que outros ramos da economia ganhem destaque maior do que o funcionalismo público. A divisão atual da renda dos moradores do DF também não deve se alterar. Hoje, metade de todo o dinheiro pago em salários vai para a conta bancária desses servidores.

Exatamente do mesmo tamanho, a outra parte dos rendimentos mensais é repartida entre todos os demais contracheques. São funcionários do setor privado, autônomos e empresários, responsáveis por 78% da mão de obra em atividade na capital do país. ;Não vamos de repente passar a abrigar megaindústrias. Brasília foi construída para ser a capital e será preciso aumentar o número de trabalhadores nos quadros do poder, uma vez que a população cresce a cada dia. As cidades precisam se reorganizar, principalmente diante desse inchaço e, assim, conseguir oferecer os serviços básicos;, argumenta José Eudes.

Transferências

Para o presidente da CUT no DF, descentralizar algumas diretorias, como se cogitou fazer este ano no Banco do Brasil ao encaminhá-las de Brasília para São Paulo, também não será uma opção viável no futuro. ;É muito difícil imaginar que sejam feitas transferências. Esse é o centro das decisões, não tem cabimento migrar para outros lugares. Além de ser muito pouco provável, seria um equívoco;, avalia José Eudes. Apesar de mudanças entre unidades da Federação estarem praticamente descartadas, o que reforça o posicionamento tomado pela equipe da presidente Dilma Rousseff este ano, a reorganização do trabalho dos funcionários públicos deve incluir o afastamento do Plano Piloto.

Isso significa que as regiões administrativas se tornarão a válvula de escape para um centro movimentado, de difícil trânsito e de espaço limitado. Reorganizar o local de trabalho, além de ser uma tarefa necessária, permitirá que os servidores possam morar mais perto do serviço, uma vez que os preços exorbitantes da moradia nas áreas mais nobres têm afastado a população para as extremidades do Distrito Federal.

O professor de ciências contábeis da Upis ; Faculdades Integradas Daniel Isaías de Carvalho ressalta que, antes dessas modificações, no entanto, será preciso que o governo tente reorganizar os gastos. ;Principalmente no âmbito local, a situação é muito sensível. O GDF gasta grande parcela do orçamento com a folha de pessoal e está muito perto do limite prudencial.

Isso significa que, antes de abrir concursos, terá de fazer reformas profundas;, comenta. Para isso, será necessário enxugar despesas. ;Não adianta planejar o que quer que seja, principalmente contratações, se isso não estiver acompanhado de medidas de enxugamento do custo da máquina hoje;, acredita.

Concurseiros

Mesmo que 2011 não tenha sido fácil para os concurseiros e as promessas de crescimento no número de vagas dos órgãos públicos ainda se apresente como um projeto a longo prazo, lento e gradual, quem sonha com a estabilidade ou em receber altos salários continua fiel aos livros. Os amigos Diego Luis, 28 anos, Carlos Eduardo Muller, 31, e Dyego Agnum, 28, fazem parte do universo de pessoas focadas em conquistar uma vaga no governo.

Embora os sonhos que envolvem a conquista sejam diferentes, todos eles têm um ponto em comum: querem trabalhar como policiais. Diego Luis já passou em um concurso há seis anos e é servidor. ;Faço cursinho ainda hoje porque busco realização pessoal e profissional. Quero um salário mais alto e trabalhar com segurança pública. Meu objetivo, em 10 anos, é estar no Senado. Imagino que será uma baita transformação. Vou mudar tudo, o carro, a casa, o status social;, prevê.

Carlos Eduardo estuda há quatro anos. ;Para mim, não serve outra coisa, além de ser policial. Devo ter visto muito filme quando criança, eu só quero ser policial. O salário, no meu caso, nem é decisivo. Mesmo assim, pretendo estar estabilizado em 2022;, comenta. Dyego Magnum tem a mesma filosofia, só que dois anos a menos de estudo como concurseiro. ;Tenho parentes na área, sei que é isso o que quero. Com certeza, haverá sempre vagas nessa área, porque é essencial;, defende.

;;Não vamos de repente passar a abrigar megaindústrias. Brasília foi construída para ser a capital e será preciso aumentar o número de trabalhadores nos quadros do poder, uma vez que a população cresce a cada dia;, José Eudes Oliveira da Costa, presidente da CUT no DF

;; Principalmente no âmbito local, a situação é muito sensível. O GDF gasta grande parcela do orçamento com a folha de pessoal e está muito perto do limite prudencial. Isso significa que, antes de abrir novos concursos, terá de fazer reformas profundas;;, Daniel Isaías de Carvalho, professor de ciências contábeis da Upis

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