Cidades

Nada de festa. O ano-novo é sinônimo de trabalho para muita gente

postado em 31/12/2011 08:00
O capitão Renato Freitas:
Enquanto boa parte dos brasilienses estiver comemorando a chegada de 2012 ao lado de amigos e familiares, quem exerce profissões nas quais o trabalho não pode parar permanecerá na ativa. Para esses, não importa se é Natal ou ano-novo, é sempre hora de servir à população. Quando a festa na Esplanada dos Ministérios alcançar o auge, à meia-noite, homens do Corpo de Bombeiros estarão em alerta. A equipe de resgate aéreo, cujo batalhão fica atrás do Palácio do Buriti, é responsável por socorrer, em helicóptero, vítimas de acidentes graves. Atua ainda em buscas, quando alguém se perde em cachoeiras ou matas fechadas, por exemplo.

O capitão Renato Freitas, 34 anos, comandará a equipe de plantão dos bombeiros na base de resgate aéreo, das 8h de hoje às 8h de 1; de janeiro de 2012. ;Já aconteceu de a equipe estar voando sobre a Esplanada, no momento da queima dos fogos, a caminho do Hospital de Base, com alguém em estado grave. É comum na nossa profissão;, conta. Em datas como o réveillon, acidentes automobilísticos costumam aumentar, devido ao consumo exagerado de bebida alcoólica.

A equipe desse setor dos bombeiros é pequena, o que faz a escala se repetir algumas vezes. Sendo assim, trabalhar em feriados e fins de semana é parte da rotina desses militares. São oito homens de plantão, todos os dias. Sempre é hora de salvar vidas. ;A gente gosta de ficar com a família. Aproveitamos as horas livres sempre ao lado da mulher, dos filhos. Mas escolhemos uma profissão que exige essa disponibilidade;, destaca Freitas, bombeiro há mais de 14 anos.

Jordano Pereira Araújo, 39 anos, médico e primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros, atua durante a corporação há dois anos. Vai passar a virada ao lado de Freitas e outros seis colegas, à espera de chamados. Antes de ser bombeiro, o médico trabalhava no Hospital Regional do Gama (HRG). ;Lá, cheguei a atender 14 baleados na virada. Nós vivemos o outro lado da festa.;

O médico tem uma visão positiva sobre essa forma de entrar em um novo ano. ;A energia é sempre boa, porque estamos salvando alguém, ajudando as pessoas. Pior é ter de dar plantão no Natal. Tenho filho pequeno, e ficar longe dele não é fácil.; Em temporada natalina, as famílias de quem está de plantão costumam visitar os parentes no serviço. Cada um leva um prato especial, e a ceia é feita no quartel. ;Mas se tiver chamado todos saem correndo. Estamos sempre em alerta;, afirma.

Bem-servidos
O movimento em restaurantes e boates também será intenso. São necessários garçons, recepcionistas, entre muitos outros funcionários, a fim de garantir uma virada de ano animada para os clientes. Na churrascaria Buffalo Bio, na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), 90 pessoas estarão de plantão hoje à noite. São 80 contratados da casa e 10 temporários para servir aos convidados. A expectativa é receber 350 pagantes. O ingresso individual custa R$ 200. Inclui comida e bebidas com ou sem álcool liberadas. Haverá show de música sertaneja e queima de fogos.

Apesar de todos os atrativos, é o esforço de cada um que pode assegurar a qualidade da festa. A recepcionista Tatiane Brod, 18 anos, sabe disso. Sente-se útil e diz gostar da profissão. ;É a primeira vez que passo a virada de ano trabalhando. Sou do Paraná e gostaria de ter ido para minha terra, ficar com meus pais. Mas vou me divertir no trabalho também. Somos como uma família. Além disso, no dia seguinte, tem a festa só para funcionários na churrascaria;, explica a moça.

O garçom Juliano Brufati, 19 anos, passou os dois últimos anos a serviço da churrascaria. Ele também é paranaense, de São João. ;Quando a gente sai de casa para fazer a vida, faz uma escolha. Não pode reclamar de ter trabalho;, resume. ;Em lugar de gastar dinheiro, a gente ganha. É melhor;, acrescenta outro garçom, Nilson Soluszynski, da mesma idade de Brufati e igualmente paranaense, de Quedas do Iguaçu.

Direto da portaria
A maioria dos moradores do Bloco H da 214 Norte passará a madrugada do primeiro dia do ano de maneira confortável. Seus lares estarão mais seguros graças à atenção do porteiro Antônio Guilhermino, 31 anos, nesse posto há três. A casa dele fica distante dali, em Planaltina. Para o porteiro, a virada será solitária. Ele estará atento ao movimento no prédio, até a manhã do dia 1;. ;Meu plantão é sempre à noite. Então, estou acostumado;, relata.

Guilhermino não pôde viajar com a mulher e os três filhos. Está sozinho em pleno fim de ano. Mas sente-se consolado pelo espetáculo da queima de fogos na Esplanada, mesmo visto de longe. ;Aqui da portaria, eu consigo ver os fogos da Esplanada e os do Lago Paranoá também. Isso alegra um pouco o plantão.;

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