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Falhas na drenagem e sinalização são principais problemas da EPTG

Entre os problemas apontados por especialistas sobre a pista estão falhas no sistema de drenagem pluvial e falta de sinalização. Motorista rodou o carro no mesmo lugar onde médico morreu no primeiro dia do ano. GDF promete obras esse mês

postado em 03/01/2012 06:30
Motorista perdeu o controle do carro perto da Faculdade Unieuro. Chovia no momento do acidente, que não teve gravidade
O ano começa com velhos problemas na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Falhas no sistema de drenagem e falta de sinalização são apontadas por especialistas como armadilhas na via que custou R$ 306 milhões aos cofres públicos e foi entregue inacabada à população em 2010. Na manhã do primeiro dia de 2012, o médico Vitor Hugo Moura, 30 anos, morreu ao passar pela pista molhada, a caminho de outra jornada de trabalho, no Plano Piloto. Outro carro rodou no mesmo local e acertou o de Vitor. Ontem, uma motorista perdeu o controle no mesmo lugar. O Correio flagrou o acidente.

O ponto da via onde o médico perdeu a vida na manhã do dia 1;, em frente à Faculdade Unieuro, ainda conserva vestígios do trágico acidente que envolveu o carro dele, um Corolla, e um Gol. Durante a chuva que caiu pela manhã de ontem, o outro incidente naquele ponto ocorreu com a administradora Meirili Sampaio, 34 anos. Ela seguia para o trabalho, por volta das 8h40, quando perdeu o controle do veículo ; uma Tucson. Após rodar na pista, o carro parou no canteiro central da via. ;Isso nunca tinha acontecido comigo. Foi tudo muito rápido. Por sorte, eu não bati no poste. A pista tinha poucos carros e, quando os motoristas viram o que estava acontecendo, pararam no canto e esperaram para checar se estava tudo bem;, contou. O carro teve um pneu estourado e a suspensão quebrada.

O médico Vitor Hugo não teve a mesma sorte. Ele ficou atravessado na beira da pista, a cerca de 250 metros da poça d;água que pode ter ocasionado a derrapagem. O jovem, que nasceu em Paracatu (MG), saiu do carro, colocou o triângulo a alguns metros da batida e ligou para a namorada. Pouco depois, o condutor do Gol, no mesmo movimento, acertou Vitor Hugo, que não resistiu.

Segundo o Departamento de Trânsito (Detran), em 2010, a via teve 14 acidentes com mortes, enquanto até setembro de 2011 o número chegou 12 fatalidades. No último fim de semana, o Corpo de Bombeiros registrou 31 colisões entre carros, 31 com motos, 33 atropelamentos, 27 capotagens em todo o Distrito Federal. Duas pessoas perderam a vida no período analisado.

Se nada for feito, os acidentes na EPTG continuarão acontecendo, garantem os especialistas. Dickran Berberian, professor de engenharia civil da Universidade de Brasília e especialista em patologia de estruturas, é categórico: ;As pessoas vão continuar rodando na pista. Não existe um sistema de drenagem adequado. No período de seca, os caminhões que passam por ali soltam óleo pela fumaça. A substância é insolúvel na água. Quando começa a chover, ele fica em cima da água, causando o fenômeno da aquaplanagem;, explica. Entre as falhas apontadas na pista, ele diz que a EPTG não recebeu plantio de grama para segurar a terra e impedir que ela feche os dutos da rede pluvial.

Perigo
Artur Morais, pesquisador de trânsito da Universidade de Brasília (UnB), alerta que, em caso de chuva, qualquer pista se torna mais perigosa. Mas em uma situação como a da EPTG, o risco é potencializado. ;Falta muito para finalizar , como a contenção da terra dos canteiros e dos viadutos. Quando chove, a lama vai para a pista. Independentemente da estrutura da via, a chuva aumenta os perigos. A cada item que falta na EPTG, esse risco aumenta. Como entregam uma pista sem estar concluída?;, questiona o pesquisador. Morais defende que a sinalização adequada é primoridal para a segurança de uma pista.

Para o superintendente de engenharia do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Roberto Leda, os brasilienses podem ter esperanças de que os transtornos sejam logo resolvidos. ;A drenagem é uma das etapas que licitamos e está em fase de assinatura de contrato. Os pontos mais sérios devem ser resolvidos antes, como tirar o meio-fio para a água sair da pista. Este mês ainda, a obra deve ser iniciada;, afirma. Além disso, ele garante que na primeira estiagem a pintura dos trechos restantes deve ser concluída. O serviço do plantio de grama também está em andamento. Roberto Leda estima que estes reparos devem custar em torno de R$ 4 milhões aos cofres públicos. Pela EPTG, trafegam diariamente 140 mil veículos.

Previsão
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em dezembro, os níveis de chuva acumulada chegaram a 321 milímetros. Normalmente, a quantidade estimada para o fim de ano é de 246 milímetros. Entre as 9h do dia 1; e as 9h de ontem, os meteorologistas calcularam 14,7 milímetros de chuva em Brasília. Segundo os especialistas, a média ainda é normal para o mês de janeiro.

O que falta

; Pintura das faixas de rolamento
; Colocação de placas de sinalização vertical
; Finalização do sistema de drenagem
; Grama nas margens para evitar erosão
; Proteção dos taludes, a inclinação na superfície lateral do aterro que dá acesso à via

Números da via


A EPTG tem 12,7km de extensão
16 passarelas para pedestres
6 pontos de radares, dos dois lados da pista, totalizando 12
140 mil veículos passam diariamente por lá, em período de férias o fluxo cai para aproximadamente 90 mil

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