postado em 05/01/2012 08:05
Há seis meses interditado para reforma, o Catetinho, uma das primeiras construções da cidade, ficará fechado até abril. O governo havia prometido devolver o espaço em 10 de novembro, quando o prédio completou 55 anos. A licitação da obra, entretanto, só foi aberta em outubro e o prazo, adiado. O restauro deu os primeiros passos em dezembro. A empresa contratada instalou uma pequena marcenaria no local e iniciou os trabalhos de desmontagem do Palácio de Tábuas, título dado ao local na década de 1950. A primeira residência oficial do presidente da República em Brasília (veja Para saber mais) passa pela segunda restauração de sua história.
De acordo com o arquiteto da Diretoria de Preservação da Secretaria de Cultura e autor do projeto de reforma, Jonatas Nunes, a licitação precisou passar por várias áreas da pasta, o que impossibilitou o cumprimento do prazo estipulado inicialmente. O grupo que elaborou o projeto enviou o documento para a Procuradoria-Geral do DF, mas teve que reformulá-lo depois. ;Não haveria tempo. Só agora saiu a ordem de serviço;, afirma. O conjunto de reformas e revitalizações será dividido em duas fases. Primeiramente, a construção principal receberá atenção e, em seguida, o restante do complexo.
O orçamento do serviço é estimado em R$ 753 mil. Mais da metade desse valor será usado no processo de restauro do palácio e do anexo. ;O prédio ficou muito tempo sem manutenção. Estamos fazendo mudanças, como a inclusão de três rampas de acesso a cadeirantes. São 120 dias de obra, mas vai depender do andamento dela, principalmente agora que estamos em período chuvoso;, avalia Nunes. Os profissionais responsáveis higienizaram e transportaram as peças do acervo para a sede da Secretaria de Cultura. São móveis, utensílios domésticos e roupas do ex-presidente e da esposa, Sarah Kubitschek.
Um dos trabalhos mais importantes, no caso do Palácio de Tábuas, é o cuidado com as aroeiras, as perobas, os jatobás e os pinhos usados na construção. ;Nós fizemos uma parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Eles identificaram o tipo e a procedência das madeiras da edificação. Muitas delas estão apodrecidas por conta das chuvas. Precisamos também fazer uma descupinização de todo o terreno. A única parte que não vamos mexer é a portaria, porque é uma construção recente;, detalha o arquiteto. Os focos de cupins estão no bosque, nos forros e tetos do palácio.
Neste momento, o foco é a retirada da tinta. São cinco camadas do lado externo e três nas paredes de dentro. As esquadrias também estão sendo removidas. Além do monumento tombado em 1959 a pedido de JK, a reforma se estende à área dos banheiros públicos, da lanchonete e do bosque, que inspirou a composição de Sinfonia da Alvorada, por Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O terreno tem 40 mil metros quadrados.
Mais verba
Depois de pronto, o Catetinho pode receber outras melhorias. Esta semana, o Ministério da Cultura anunciou o repasse de R$ 2,8 milhões ao governo local. O montante tem como destino os seguintes museus, além do Catetinho: da Cidade, do Memorial dos Povos Indígenas, de Arte de Brasília, Nacional da República, Vivo da Memória Candanga e o do Espaço Cultural 508 Sul. Um dos principais motivos para o investimento no setor é o fato de Brasília ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. A verba deve garantir a modernização dos espaços e incluirá a compra de equipamentos multimídia e audiovisuais. Também estão previstos investimentos em segurança e na qualificação dos funcionários e renovação das exposições.
A intenção é oferecer boas opções ao turista que visitará a capital. De acordo com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), são 3.117 espaços no país e a média anual de visitação está em 25 mil pessoas por unidade. No ano passado, o Catetinho teve 8.480 visitas agendadas entre 21 de janeiro e 30 de junho ; último mês em que esteve aberto. A administração do museu não tem o controle da quantidade de visitas individuais.