Cidades

Com 1 ano e 3 meses, EPTG apresenta uma série de falhas estruturais

Adriana Bernardes
postado em 05/01/2012 06:23
Inaugurada há um ano e três meses, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) coleciona mortes e problemas estruturais, como falhas no sistema de drenagem da água pluvial, deterioração e sinalização precária. Mesmo com pouco tempo de uso, a pista necessita de reparos, iguais aos feitos na faixa exclusiva para ônibus. Os acessos ao Guará, a Vicente Pires e a Taguatinga confundem os motoristas e aumentam as chances de acidentes e de congestionamentos. Nos primeiros quatro dias do ano, houve quatro colisões, uma fatal. Ontem, houve mais uma. Uma moto e um Citr;en bateram logo após a saída do Guará. O Corpo de Bombeiros socorreu o motociclista.

Em vários pontos ao longo dos 12,7km da via, há estreitamento da pista sem aviso prévio ao condutor, que corre o risco de bater nas cabeceiras dos viadutos e das pontes. Os taludes de elevados ou de barrancos ao longo da estrada até agora estão sem vegetação. Com a terra nua e o tempo chuvoso, os sinais de erosão ficam evidentes em vários pontos. Se o deslizamento de terras não compromete a estrutura de imediato, enche o asfalto de lama e cascalho, deixando a pista escorregadia e elevando o risco de acidentes.

Barranco de terra exposto nas margens da pista próximo a Águas Claras

Diante do determinação do governador Agnelo Queiroz, em face do grande número de colisões e de falhas na EPTG, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) deu início ontem a uma série de ações a fim de diminuir os transtornos de quem trafega e circula pela via. O diretor-geral do órgão, Fauzi Nacfur Junior, admitiu, no entanto, que as medidas são paliativas. ;Estamos abrindo, à mão, valas para a água empossada escoar e, amanhã (hoje), para esse mesmo trabalho, vamos contar com uma retroescavadeira. Além disso, estamos colocando tachas, tachões e outras sinalizações na pista. Tudo isso ajudará, por enquanto.;

Segundo Fauzi, apenas o consórcio que executou a obra e os responsáveis pelo projeto podem resolver de forma definitiva os problemas apresentados na rodovia. ;As intervenções definitivas estão a cargo dessas empresas.;

Ontem, às 17h, os envolvidos na construção da via se reuniram para traçar um plano de atuação. Representantes do GDF, do DER e das empreiteiras anunciaram 10 medidas emergenciais na EPTG (leia quadro). Haverá ainda algumas vistorias na estrada e um relatório deverá ser apresentado em até 10 dias.

Vigilância eletrônica
Outra estratégia do DER para minimizar os riscos na EPTG consiste na instalação de mais pardais ao longo da via. ;Temos 15 pontos de fiscalização, mas vamos aumentar esse número para 50. Esse trabalho também começou e, acredito, em um mês todos estarão funcionando;, previu. Segundo Fauzi, muitas colisões na EPTG ocorrem por excesso de velocidade. Ele cita também a falta de escoamento de água e a ausência de sinalização adequada. ;Nós não nos isentamos da culpa, mas o usuário também abusa. Muito gente passa ali a 120km por hora;, acrescentou.

Embora reconheça as falhas na sinalização horizontal da EPTG, o diretor-geral do DER afirma que o período de chuvas no DF atrasou a pintura da faixa de rolamento. ;Não para de chover dois dias em Brasília. Por isso, não podemos aplicar a tinta no piso molhado. Vamos ter que esperar o tempo melhorar para iniciar os trabalhos;, esclareceu.

A primeira etapa da ETPG, chamada de Linha Verde, custou
R$ 306 milhões. Teve início em 2009, com previsão de entrega no aniversário da cidade, em 21 de abril de 2010. Não ficou pronta no prazo. Acabou liberada para o tráfego, sem alarde, no fim de outubro de 2010. Desde então, as falhas ficam mais evidentes para os usuários da via, construída com a finalidade de melhorar o percurso até o Plano Piloto. Morador de Taguatinga, Élcio Rodrigues, 43 anos, diz que a pista é perigosa, especialmente à noite. ;Não tem sinalização. É um absurdo, uma falta de respeito com a gente. Vai me dizer que mais de um ano depois o governo não teve tempo para pintar a faixa no chão?;, questiona.

Quem segue do Plano Piloto com destino a Taguatinga sabe bem disso. Assim que o condutor sai da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig) e entra na EPTG, se depara com o alargamento da pista e nenhuma pintura no asfalto indica as faixas de rolamento. Um pouco mais à frente, há um estreitamento, para, logo depois, se alargar de novo.

Muitos detalhes previstos no projeto inicial ainda não foram executados por completo, como a instalação da grama no canteiro central e de redes pluviais. Para que tudo fique pronto, o DER avalia ter de empenhar algo em torno de R$ 7 milhões. O diretor-geral do órgão salienta que as obras de drenagem estavam emperradas por conta de uma licitação contestada pela Justiça, mas foram retomadas. Ele estima que as intervenções comecem em fevereiro.


As promessas

1 ; Aumento no número de pardais, de 15 para 50;

2 ; Presença de quatro viaturas, 24 horas por dia, até a conclusão das obras de sinalização e drenagem;

3 ; Instalação de painéis luminosos, com mensagens educativas e indicativo de velocidade;

4 ; Conclusão de sinalização vertical e horizontal;

5 ; Término do plantio da grama;

6 ; Instalação de barreiras plásticas nos encabeçamentos dos viadutos;

7 ; Instalação de guard rail em até um mês;

8 ; Realização de campanhas educativas periódicas;

9 ; Drenagem definitiva, com a abertura de valas e bocas-de-lobo;

10 ; Vistoria por parte de técnicos do GDF e representantes das empreiteiras para pontuar os problemas e indicar as soluções necessárias. O relatório será apresentado em 10 dias.

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