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Cinco rodovias que cortam a capital registram aumento de 21,5% em mortes

Levantamento parcial do Detran revela aumento de 21,5% na quantidade de mortes nas cinco rodovias que cortam o DF

postado em 07/01/2012 08:17
Acidente fatal na BR-020, em dezembro: em 2011, 96 morreram nas rodovias federais que cortam o DF
Apesar de o Distrito Federal ter registrado queda de 3,9% no número de acidentes fatais em 2011, a redução não foi capaz de salvar mais vidas. No ano passado, 461 pessoas morreram no trânsito, o mesmo número observado em 2010. Segundo levantamento preliminar do Departamento de Trânsito (Detran), ao qual o Correio teve acesso com exclusividade, houve aumento de 21,5% no total de mortes nas cinco rodovias federais que cortam a capital. No ano passado, 96 pessoas não resistiram aos ferimentos provocados por colisões ocorridas nessas estradas, contra 79 em 2010.

Os óbitos e as ocorrências fatais tiveram redução nas vias urbanas e nas rodovias distritais. Em 2012, o tráfego no DF fez três vítimas, duas em pistas sob a responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal (PRF) (leia Memória). O chefe de fiscalização do 1; Distrito da PRF, inspetor Carlos Dantas, afirmou que o órgão ainda não fechou o levantamento próprio de acidentes e de mortes ocorridos em 2011. Por isso, não quis comentar os dados.

O pai do estudante Herisson Neves, 16 anos, morreu na BR-020, em 6 de dezembro do ano passado. Jairton Antônio de Carvalho, 45, era operador de máquinas do Hospital Regional de Planaltina e voltava para casa, em Sobradinho, quando perdeu o controle do Marea que dirigia e colidiu com uma árvore, no Km 10. O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) comprovou que ele não passou mal. A perícia técnica ainda não foi concluída.

A morte de Jairton desestruturou a vida de Herisson. Ele fazia tudo ao lado do pai. Recebia conselhos e caronas. ;Essa falta eu vou sentir para sempre;, diz. Depois do acidente, o estudante passou a ter medo do trânsito. Recentemente, pegou a estrada para ir até a Bahia. Uma tia assumiu a direção do veículo. ;Eu fui e voltei com o coração na mão. Sentia sempre apreensão;, conta.

Balanço
Os dados parciais dão conta de que 131 acidentes fatais ocorreram em vias urbanas do DF ao longo de 2011, uma redução de 10,3% em relação ao ano anterior. Neles, 139 pessoas morreram, 10 a menos do que em 2010. Edson Wagner Barroso, chefe de gabinete do Detran, aponta que, no ano passado, o DF conseguiu a menor relação de acidentes fatais para cada 10 mil carros. ;A ONU recomenda três acidentes para cada 10 mil carros. Em 2011, chegamos à média de 3,5 acidentes para cada 10 mil veículos. A média nacional é duas vezes maior;, explica.

Já nas rodovias distritais, supervisionadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), houve 199 colisões fatais, número 5,2% menor do que o total de 2010. A variação das mortes foi menor, de 3%, sendo 266 vidas perdidas em 2011.

Para o superintendente de Trânsito do DER, Murilo de Melo Santos, diversos fatores contribuíram para a melhora nas estatísticas. Ele cita a contratação de 55 agentes e a colocação de radares eletrônicos em pontos críticos. ;Na DF-001, por exemplo, colocamos mais pardais e melhoramos a sinalização entre os Km 82 e 90, a ;curva da morte;;, revela. Segundo ele, antes disso, quatro mortes ocorreram no local. Após a intervenção, uma.

Santos afirma ainda que está para ser assinado um novo contrato para melhorar a sinalização de todas as DFs. O acerto com a empresa de controladores de velocidade está fechado. Dentro de 90 dias, os pontos onde há mais acidentes deverão receber mais 100 aparelhos. Hoje, as rodovias são monitoradas por 350 radares.

A Estrada Parque Taguatinga (EPTG) será um desses locais. A expectativa dos órgãos é de que a Operação Funil, que reúne esforços do Detran, das polícias Civil e Militar, do DER, do Corpo de Bombeiros e da PRF, ajude a coibir excessos e poupar vítimas. Desde dezembro, os órgãos têm feito operações em conjunto.

Vítimas em 2012


1; de janeiro
O médico Vitor Hugo Morato, 30 anos, morreu na EPTG. Por volta das 7h, perdeu o controle do carro, um Corolla, devido à pista molhada. Ao sair do carro para colocar o triângulo de sinalização, ele foi atingido por um Gol, que também rodou na pista.

Às 2h35, o auxiliar de produção Paulo Henrique Santos Medeiros, 26 anos, caiu da moto que pilotava, na BR-251, próximo a São Sebastião. Logo após a queda, ele foi atropelado por outro veículo não identificado. O motorista não parou para prestar socorro.

5 de janeiro
Marcelo Pereira de Souza morreu atropelado na BR-060, próximo a Samambaia, por volta de 23h30. Segundo a polícia, o motorista de um Gol preto não viu quando ele atravessou a rodovia, por conta da pouca iluminação, e não teve tempo de frear.

Colaborou Flávia Maia

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