Jornal Correio Braziliense

Cidades

Eleito cardeal, Dom João de Aviz é conhecido por criticas à corrupção


O arcebispo de Brasília de 2004 a 2010, dom João Braz de Aviz, foi o único brasileiro e latino-americano escolhido pelo papa Bento XVI para ser cardeal. O anúncio foi feito pelo sumo pontífice na manhã de ontem, no Varticano, durante a oração do Angelus. Além de dom Aviz, foram escolhidos 16 religiosos da Europa, três das Américas e dois da Ásia. A posse dos 22 futuros cardeais ocorrerá em 18 de fevereiro, durante um consistório. Todos eles trabalhavam em ministérios, em diversas partes do mundo, a serviço da Santa Sé ou em contato direto com os fiéis.

Atualmente, dom Aviz exerce o cargo de prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Com 64 anos, segundo a Arquidiocese de Brasília, ele pode ser eleito para o conclave secreto que, em caso de morte, escolherá o sucessor de Bento XVI. O ex-arcebispo de Brasília se unirá, no Colégio Cardinalístico, aos cardeais brasileiros dom Eugênio Sales, dom Evaristo Arns, dom José Falcão, dom Serafim Fernandes Araújo, dom Cláudio Hummes, dom Geraldo Majella Agnelo, dom Eusébio Sheid, dom Odílo Pedro Sherer e dom Raymundo Damasceno de Assis.

O representante da Arquidiocese de Brasília, padre André Lima, disse que a notícia foi recebida com festa pelos membros da igreja. ;Estamos muito contentes. Nós dois chegamos a nos falar ontem, por telefone, e ele comentou sobre os novos desafios, em acompanhar a vida religiosa em todo o mundo, e da responsabilidade de estar mais próximo das normativas que partem do papa;, afirmou.

Em toda a história, nove brasileiros chegaram à alta hierarquia da Igreja Católica. A idade de dom Aviz também fortalece a esperança dos católicos de um brasileiro assumir o Vaticano. Quem tem acima de 80 anos fica impedido de participar do processo de escolha do mandatário máximo da igreja.

Passado e presente
Catarinense, dom João Braz de Aviz entrou no seminário aos 11 anos. Comandou a arquidiocese da capital do país por quase sete anos, entre 2004 e 2011,quando foi convidado para morar no Vaticano e atuar como um dos principais assessores do papa. Quando foi chamado por Bento XVI, ele celebrou, emocionado, uma missa na Catedral Metropolitana de Brasília, com duração de duas horas, que reuniu cerca de 3,5 mil fiéis. Do lado de fora, um telão permitiu que centenas de pessoas acompanhassem a cerimônia de despedida de dom Aviz, que não escondeu a tristeza de deixar Brasília e a alegria de assumir um novo desafio na Santa Sé. Antes de chegar à capital federal, dom João de Aviz foi bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, onde recepcionou o papa João Paulo II, em 1994. Comandou a igreja de Ponta Grossa, no Paraná, e foi arcebispo da Arquidiocese de Maringá, no mesmo estado.

Política
Em sete anos na capital federal, o arcebispo não hesitou em se aproximar dos políticos.Em missa campal na Esplanada dos Ministérios, condenou com veemência a corrupção. Chegou a ser criticado por ;opinar demais; sobre as questões polêmicas da cidade, mas suas atitudes agradavam à maioria dos religiosos e a grande parte dos brasilienses. Em maio de 2010, conduziu o Congresso Eucarístico Nacional, um dos maiores eventos católicos já realizados no Brasil. Nos bastidores, há quem diga que a visibilidade conquistada no encontro influenciou no convite do santo padre.



Frases de dom João

;Penso que, às vezes, fui um pouco duro e explícito demais nas palavras, mas sempre com a preocupação em zelar pela cidade e não na intenção de separar os bons dos maus;
Ao fim da última missa à frente da Igreja de Brasília, em 14 de fevereiro de 2011

;A Ficha Limpa é uma lei vitoriosa. Ela nos ajudou a impedir que políticos corruptos nos governem;
Durante missa em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, em 12 de
outubro de 2010

;A gente está saindo de uma crise muito dura. Já pensou sermos comandados por alguém indicado pelo governo federal? Mas, estamos aqui, com um governador eleito pelo povo. Podemos sair de uma situação de crise para uma de esperança;
Durante missa de posse do governador Agnelo Queiroz, em 1; de janeiro de 2011