postado em 08/01/2012 08:05
A empregada doméstica de 19 anos que abandonou o filho recém-nascido na 403 Norte se apresentou à polícia. Arrependida, ela afirmou aos investigadores da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte) que engravidou depois de sofrer um estupro, em Cavalcante (GO), onde morava antes de se mudar para Brasília. Por vergonha, ela teria escondido a gravidez dos parentes, dos amigos e dos patrões. O bebê continuava internado até a tarde de ontem e, segundo informações da unidade policial, a intenção da mãe é entregá-lo para a adoção. Ela vai responder a processo por abandono de recém-nascido em liberdade.A criança foi encontrada por um morador de rua no estacionamento de um supermercado, na madrugada da última sexta-feira, na 403 Norte. Ele estava dentro de uma mochila, enrolado em toalha. Depois de passar o dia em dúvida sobre o que fazer, a mulher decidiu procurar a Polícia Civil e explicar como chegou ao extremo de abandonar o filho. Ao delegado adjunto da 2; DP, Vicente Paranahiba, a mulher afirmou que não registrou a ocorrência do abuso sexual. Passou dois meses na cidade goiana até seguir para o DF.
A acusada conseguiu emprego no apartamento de um casal na Asa Norte. Mudou-se para o local com dois meses de gravidez e passou a trabalhar normalmente. Pouco antes do Natal, segundo o delegado, os patrões viajaram e ela ficou sozinha no imóvel. No último dia 26, começou a sentir as contrações. E realizou o próprio parto. ;Ela disse que passou mal, teve o bebê sozinha e cortou o cordão umbilical com uma faca que havia esquentado antes do parto;, descreveu Vicente. A primeira alimentação do filho foi um mingau feito com aveia.
Ao se recuperar, a mulher teria ido ao comércio das imediações para comprar leite e fraldas, além de lavar os lençóis da cama onde deu à luz. O delegado afirmou que a mãe cuidou do filho durante 10 dias. Segundo ele, a mulher tentou contar toda a história para um familiar, mas não conseguiu contato. Como sabia que os patrões chegariam de viagem na sexta-feira, abandonou o bebê na véspera. No entanto, segundo Vicente, ela se arrependeu de ter largado o filho e voltou ao estacionamento do supermercado.
Quando se aproximou do local, um morador de rua e os donos de um restaurante nas proximidades haviam encontrado o bebê. Com medo das consequências, a empregada doméstica desistiu de reaver o filho. ;Ela tinha amor pela criança, mas achava que as pessoas não iriam aceitar a situação por ela ser mãe solteira;, explicou o delegado.
Punição
O bebê continuava internado em observação no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) até a tarde de ontem. Depois que tiver alta médica, o menino ficará sob a responsabilidade do Conselho Tutelar de Brasília e da Vara da Infância e da Juventude. Procurados pela reportagem, a mãe e os patrões dela não quiseram dar entrevistas.
Além da empregada doméstica, os policiais ouviram as versões dos empregadores e do morador de rua que achou o menino. O delegado Vicente afirmou que os depoimentos coincidiram e a história tem coerência. A mãe responderá em liberdade pelo crime de abandono, com pena que varia entre seis meses e dois anos de prisão.
Os vestígios de que a empregada doméstica ganhou o bebê sozinha no apartamento serão analisados pela Polícia Civil. Segundo Vicente, marcas de sangue encontradas no colchão passarão por perícia. Amanhã, a mãe ainda deve ser submetida a exames no Instituto de Medicina Legal (IML). A previsão é de que o inquérito seja concluído até o fim da semana.
Transplantada passa bem
A menina de um ano e oito meses que passou por um transplante de coração na última sexta-feira continua internada na UTI cardiopediátrica. De acordo com o último boletim divulgado pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (IC-DF), o estado de saúde dela é estável e, até o momento, se recupera bem. A garota, que não teve o nome identificado a pedido da família, ficou mais de seis meses internada por sofrer graves problemas cardíacos. A doença que ela tinha é conhecida por cardiomiopatia dilatada, que compromete o ventrículo esquerdo do coração. Por causa disso, antes da cirurgia, o órgão estava três vezes maior do que o tamanho normal e não bombeava mais sangue para o corpo. A doença se agravou há 40 dias, quando a menina entrou na fila de espera por um transplante. O doador era do Rio de Janeiro, tinha 1 ano e nove meses e sofria de hemofilia.